Harold Lee: Mórmons Não Devem Questionar

O Profeta Harold B. Lee, Presidente da Igreja SUD na década de 1970, ensinou que membros da Igreja não devem pensar por si mesmos ou ter suas próprias opiniões.

Harold Bingham Lee, Presidente d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias entre 1972 e 1973, Conselheiro na Primeira Presidência entre 1970 e 1972, e Apóstolo entre 1941 e 1970.

A atual liderança da Igreja amplamente endossa esse ensinamento de Lee, a julgar pela sua inclusão em seu manual oficial curricular. Para Lee, e por extensão para a Igreja do século 21, membros não precisam ler ou pensar em nada exceto “ouvir e obedecer”. Inclusive, membros sequer precisam ler as escrituras, desde que ouçam e obedeçam:

“Que hoje seja o dia em que meditemos com seriedade e lembremos o que o Senhor já nos disse. Seu profeta está na Terra na atualidade, e se desejarmos conhecer a última revelação concedida ao povo, basta-nos ler os discursos da última conferência geral e examinar com cuidado principalmente o que a Primeira Presidência disse. (…) Neles veremos as últimas e melhores palavras concedidas por nosso Pai Celestial. Não precisamos depender apenas do que está nas obras-padrão da Igreja. Além do que as escrituras nos disseram, temos o que os profetas estão nos dizendo aqui e agora. E se quisermos ser salvos no monte Sião quando os perigos nos sobrevierem, precisamos ouvir e obedecer.

Membros não precisam nem ler ou estudar o que os profetas do passado disseram ou pregaram:

“Muitas vezes, quando nossos irmãos falam com autoridade, alguns os desafiam, dizendo: “Mas onde posso encontrar por escrito algo dito por uma autoridade que fundamente isso”? Somos tentados a dizer: “Vá ler o discurso do líder atual da Igreja sobre esse assunto e você encontrará toda a autoridade que procura, pois esta é a maneira do Senhor. Seu profeta está aqui, e as revelações são tão necessárias e evidentes quanto foram em qualquer época e dispensação do evangelho na Terra”.”

Membros não podem ter suas próprias opiniões “polític[a]s ou sociais”, pois sua “única segurança” é “dar ouvidos” ao  que lhes comendam as “autoridades” da Igreja:

A única segurança que temos como membros da Igreja é proceder exatamente como o Senhor orientou a Igreja no dia em que ela foi organizada. Precisamos aprender a dar ouvidos às palavras e mandamentos que o Senhor nos dá por intermédio de Seu profeta, “à medida que ele os receber, andando em toda santidade diante de mim; (…) como de minha própria boca, com toda paciência e fé”. (D&C 21:4–5) Algumas coisas exigirão paciência e fé. Talvez nem tudo o que provenha das autoridades da Igreja seja de seu inteiro agrado. Pode ser que vá de encontro a seus pontos de vista políticos ou sociais. Algumas coisas talvez interfiram em sua vida social. Mas se vocês ouvirem tais palavras como se saíssem da boca do próprio Senhor, com paciência e fé, a promessa é que “as portas do inferno não prevalecerão contra vós; sim, e o Senhor Deus afastará de vós os poderes das trevas e fará tremerem os céus para o vosso bem e para a glória de seu nome”. (D&C 21:6)”

Se, por acaso, membros tiverem ideias, opiniões, dúvidas, ponderações éticas, ou questionamentos morais do que o “Presidente da Igreja” lhe ordena, membros devem ignorar tais considerações e simplesmente “s[eguir] as instruções” dele:

Sigam as instruções do Presidente da Igreja. Se porventura houver alguma divergência, não desviem o olhar do presidente caso desejem andar na luz.”

Lee, e por extensão a Igreja atual, até orienta que é imperativo “seguir [os] líderes” da Igreja e quaisquer sugestões ou ideias ou mesmo fatos que divirjam do que eles dizem são, por definição, e sem qualquer análise racional ou consideração de mérito, propostos por “astutos manipuladores” que querem “aliciar adeptos” por “motivos… perversos”:

“Se nosso povo quiser ser guiado em segurança nestes tempos [conturbados] de ilusórios e falsos rumores, deve seguir seus líderes e buscar a orientação do Espírito do Senhor a fim de não se tornar vítima de astutos manipuladores que, com grande habilidade, tentam atrair atenção para si e aliciar adeptos para suas próprias idéias e motivos por vezes perversos.”

Ironicamente, esse ensinamento, proposto por Lee e a atual liderança da Igreja, é diametricamente oposto ao ensinamento do Profeta Joseph Smith que alertou que um membro que assim pensa “não deveria reivindicar um posto entre os seres inteligentes” e líderes que assim pregam “têm, em seus corações, o desejo de fazer o mal eles mesmos”.

Contudo, de acordo com os profetas atuais, deveríamos ignorar o que o Profeta Joseph Smith ensinou, não?

13 comentários sobre “Harold Lee: Mórmons Não Devem Questionar

  1. Não concordo que os membros não devam questionar, ou mesmo pensar. Sou um cidadão livre em ações e pensamentos, tendo em vista que a salvação é individual e que o homem pagará por seus próprios pecados, então quero sempre ter a liberdade de pensar,questionar e agir, segundo os ditames de minha própria consciência. Claro que tenho que impor limites a esses pensamentos e questionamentos e ter o cuidado de não agir negativamente ou mesmo desrespeitosamente.

  2. Se temos um profeta, e ele recebe revelações. Porque não deveriamos segui-lo? O povo do antigo testamento poderia questionar Moisés quando descia do monte? A menos que este profeta não seja verdadeiro?

    • A diferenca e que Moises recebia de fato revelacoes e os lideres atuais ate agora nao produziram nem sequer uma revelacao ou profecia, de fato eles nem afirmam terem recebido revelacoes.

      • Discordo, recentemente um apostolo deu um discurso onde falou sobre o futuro do Brasil e afirmou ser uma profecia e que vai se cumprir. (Mas precisa assistir as conferências da igreja para manter-se informado)

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