Qual o tamanho da Arca de Noé em Campos de Futebol?

A Bíblia Hebraica reconta a estória da Arca de Noé, na qual um idoso profeta recebe ordens de Deus para construir um barco através do qual ele salvaria casais de todos os animais terrestres e todas as aves da fauna planetária de uma catástrofe global.

Construindo a Arca (Pregação de Noé Desdenhada), por Harry Anderson

Lendo a estória, imediatamente imagina-se que se trataria de um barco de proporções gigantescas, considerando que nele deveriam caber casais de todos os animais terrestres e todas as aves da fauna do planeta Terra.

A título de ilustração, e em homenagem ao festivo período de Copa do Mundo no qual entramos, perguntamos: Quantos campos de futebol caberiam dentro da Arca de Nóe?

O texto, canônico para as fés judaicas, cristãs, e islâmicas, afirma que a Arca de Noé Continuar lendo

Spencer Kimball: Por que Pompéia foi destruída?

Pompéia foi uma próspera cidade na Antigüidade dentro do Império Romano. Devido à terrível explosão do vulcão Vesúvio, a cidade se tornou em ruínas e milhares de seus habitantes morreram em instantes, queimados pelas ondas piroclásticas ou por toneladas de cinzas vulcânicas¹.

Ruínas do Foro de Pompéia, com Templo de Júpiter ao fundo e, atrás deste, o Monte Vesúvio. (Foto: Marcello Jun)

Ruínas do Foro (praça central) de Pompéia, com o Templo de Júpiter em primeiro plano e, ao fundo, o Monte Vesúvio. (Foto: Vozes Mórmons, Direitos Reservados)

O presidente da Igreja SUD, Spencer W. Kimball, em seu livro O Milagre do Perdão², ofereceu sua opinião profética sobre o porquê teria ocorrido aquele desastre natural, definindo-o como vontade divina³: Continuar lendo

Pessach — A Páscoa Judaica

Hoje comemora-se o Pessach ou, como é popularmente conhecido, a Páscoa Judaica.

Tocando um shofar, feito de chifre de carneiro, anuncia-se o sacrifício de pessach

Tocando um shofar, feito de chifre de carneiro, anuncia-se o sacrifício de Pessach

O Pessach (do hebraico פֶּסַח significando “passagem”; das raízes de passar através ou passar por sobre”) é um feriado religioso judaico que comemora o conto do Exodo Israelita presentemente narrado na Bíblia Hebraica (ou, como é conhecido entre Cristãos, o Velho Testamento), especialmente no Livro de Exodo. Comemorado no décimo-quinto dia do mês de Nisan (que neste ano de 2014 é hoje), este festival milenar celebra a estória do profeta Moisés libertando o povo Hebreu de sua escravidão no Egito e une milhares de judeus religiosa e culturalmente até hoje. Ademais, o impacto religioso e cultural desta festa pode ser sentido, profundamente, tanto no Cristianismo como no Mormonismo moderno.

Portanto, mesmo que não celebremos hoje o Pessach com uma ceia especial (chamada de Seder) ou os 7 dias de festividades (conhecidos como as festas de pães ázimos ou Chag Matzot), devemos revisitar suas origens, seus significados, e celebrar seus impactos residuais em nossas próprias religiões e culturas.

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As Diferentes Vozes Nas Escrituras (Parte II)

Conforme comentamos na primeira parte da série, ao incorporar o mundo feminino e priorizar seu ministério nos excluídos, Jesus resgatava sentimentos e práticas que existiam no judaísmo, mas que ainda sim causavam escândalo para muitos: “(…) chegaram seus discípulos e admiravam-se que falasse com uma mulher”[1], no contexto do diálogo com a samaritana; “por que come vosso mestre com publicanos e pecadores?”[2], perguntou um grupo de fariseus, em um tom crítico à baixa reputação dos que compartilhavam a mesa com o Salvador.

Jesus Healing BeggerAs palavras do Homem de Nazaré davam esperança e direção às pessoas, em especial, das camadas mais humildes. Quando compreendemos que foram os famintos, simples e doentes a maior parte dos pioneiros do movimento que se tornaria o cristianismo, fica mais fácil entendermos a aspereza com que a voz de Jesus se direcionava aos ricos e poderosos.
Aos que tinham bens, Jesus mandava que repartisse. Se é dos pobres o Reino de Deus [3]; para os ricos o acesso a ele é tão difícil quanto um camelo entrar no buraco de uma agulha [4]. Os lírios do campo eram mais interessantes que Salomão e sua riqueza [5].

Em uma sociedade que interpretava doenças muitas vezes como impureza, fruto do pecado ou ação de demônios, Jesus oferecia cura. Como profeta, curandeiro e exorcista, ele ganhava visibilidade. Seu projeto do Reino de Deus consistia em uma inversão de papéis, na qual os rejeitados de sua época se elevariam em detrimento dos ricos e poderosos, que teriam grandes dificuldades de pertencer a esse grupo. Todo esse radicalismo o colocou em rota de colisão com o Império, levando-o à crucificação. Continuar lendo

As Diferentes Vozes Nas Escrituras (parte I)

Era um domingo de Nisã, entre o final da década de 20 e início da de 30 do primeiro século. Segundo o texto lucano, algumas mulheres e pelo menos um dos apóstolos haviam visitado o túmulo de Jesus, e o encontram vazio. De acordo com o relato bíblico, a história de que a tumba estava vazia se espalhou, de modo que, no mesmo dia, já era possível encontrar várias pessoas comentando o evento.

O terceiro evangelho fala de dois discípulos que conversavam sobre o Salvador enquanto caminhavam em direção a Emaús. Como de apenas um foi citado o nome, Cléofas, presume-se, pelo costume da época, que o outro fosse uma mulher. [1] Jesus ressuscitado pôs-se a caminhar com o casal; este, embora conhecesse pessoalmente Jesus, não reconheceu o Mestre.

Aproximando-se do povoado para onde iam, Jesus simulou que ia mais adiante. Eles, porém, insistiram, dizendo: “Permanece conosco, pois cai a tarde e o dia já declina. Entrou então para ficar com eles. E, uma vez à mesa com eles, tomou o pão(…)Então seus olhos se abriram e o reconheceram”. [2]

Com base nos três relatos de páscoa que aparecem como pano de fundo do Evangelho de João, costumamos dizer que o ministério do Salvador foi de três anos. O movimento iniciado por ele teve como palco inicialmente a Galileia, região rural onde cresceu. Como um camponês, Jesus nos transporta aos ambientes bucólicos através de suas parábolas ao mencionar aves do céu, a figueira, as ovelhas e seu pastor, o peixe, o mar, o pescador.

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El, Jeová e Elohim

Uma informação e uma provocação

Na Bíblia hebraica, o nome Elohim ocorre 2570 vezes, enquanto YHWH (“Jeová”) aparece em 6823 vezes. Já o termo El aparece apenas 238 vezes. No entanto, o uso desses termos é muita vezes combinado, sugerindo a identidade única de Jeová e Elohim. Isso evidentemente passa despercebido a leitores de traduções para o português ou outras línguas ocidentais, uma vez que essas traduções acabam por uniformizar os nomes e esconder o uso dos nomes originais.

Tetragrammaton (YHWH) escrito em alfabeto paleo-hebraico no pergaminho 8HevXII, datado do primeiro século EC

Observemos esta passagem de Deuteronômio, de acordo com a tradução de Ferreira de Almeida: Continuar lendo