A verdade o que é?
É começo e fim
Para ela limites não há;
Pois que tudo se acabe, a terra e o céu,
Sempre resta a verdade que é luz para mim,
Dom supremo da vida será! Hinos SUD n.171
A verdade absoluta estaria circunscrita em percepções pessoais, opiniões e afirmações baseadas em sentimentos pessoais ou algo além?
Certa vez ouvi de um historiador dizer o seguinte ao explicar sobre as duas versões de um acontecimento: John gostava muito de Linda; se conheceram no colégio onde tinham muitos amigos em comum, saíam juntos e como toda estória de amor tinham traçado seus rumos como casal e seu amor de um para o outro era muito intenso. John e Linda se casaram, passaram anos juntos viajando, fazendo planos, trabalhando e acima de tudo eram felizes e se amavam.
Linda descobriu em um exame de rotina que tinha uma rara doença degenerativa e que eventualmente a levou a falecer. John ficou consternado, não podia crer que o amor de sua vida, com quem tinha feito tantos planos poderia sair de sua vida de uma maneira tão rápida. John amava linda. Ela era sua base, seu porto seguro, sua razão de viver.John se tornou amargurado, triste, entrou em depressão, comia muito pouco.Não demorou muito tempo, cerca de um ano depois, John veio a falecer.
Neste ponto podemos desfechar esta estória de duas formas, dependendo de como queiramos manter a imagem de John e Linda.
John e Linda se amavam muito, eram felizes e John ao perder sua amada, não suportou ficar separado da sua companheira eterna, perdeu sua motivação para viver, se enfraqueceu e foi encontrar sua amada do outro lado do véu.
John não suportava a perda da companheira, em questão de dias, começou a beber, fumar como forma de anestesiar seu corpo e sua mente da falta de Linda. As quantidades de substâncias nocivas em seu corpo eram demasiadas a ponto de debilitar seu corpo e eventualmente suas funções vitais e seu corpo não suportou e John faleceu.
A minha pergunta seria, estas duas formas de terminar a estória do John e Linda não estariam corretas? Será que a primeira não estaria distorcendo a verdade? Minha resposta seria não. Agora o curioso é que nem todas as pessoas se contentam com o primeiro final, querem ir mais a fundo e saber informações mais precisas e até técnicas para explicar os fatos, enquanto que para outras se satisfazem com o primeiro final e está muito bom para elas.
Sinto que eventualmente na Igreja Mórmon temos esta tendência de tomar muito ao pé da letra muitos dos ensinamentos, nos alienando do mundo a nossa volta ou ainda beirando ao fanatismo religioso.
“E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada.” Tiago 1:5.
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Jeremias 17:9.
A primeira citação de escritura é muito conhecida, já a segunda nem tanto, creio que podemos encontrar um meio termo entre buscar sabedoria ou uma resposta de Deus ao mesmo tempo em que não confiarmos completamente em nosso coração, para tanto além das orações sinceras é necessário buscar o conhecimento mais amplo:
“…sim, nos melhores livros buscai palavras de sabedoria; procurai conhecimento, sim, pelo estudo e também pela fé” D&C 109:7
Pessoas diferentes têm expectativas diferentes e não há nada de errado com isso. O importante é que sejamos sensíveis o suficiente para perceber essas sutilezas e quando ouvirmos ou lermos algo que para nós sintamos uma indicação que parece ser a resposta mais acertada, ou a verdade absoluta, tenhamos em mente que pode existir mais versões sobre o mesmo princípio e que sejamos tolerantes o bastante para aceitar que cada indivíduo tem as suas razões para acreditar de uma maneira ou outra.
A palavras que buscamos aqui são inclusão, aceitação e tolerância. Todos queremos nos sentir incluídos em um meio, queremos ser aceitos, só precisamos ter cuidado para neste processo não perdermos nossas identidades, nossa cultura, nossas tradições. Para isso precisamos ser tolerantes e navegar neste mar de diversidade utilizando os mapas e manuais que nos foram dados apenas para nos ajudar a chegar em nosso destino final sem perder nossas essências e sem deixar nossos irmãos para trás, pois estaríamos cegos por objetivos que nos foram impostos como único caminho para se chegar.
Gosto muito dos artigos do Flauber, pena que ele não tem postado mais nada recentemente.
Nós também gostávamos muito, e concordamos que é uma pena. O Flauber pediu resignação da Igreja SUD e, com isso, decidiu abandonar o Mormonismo por completo.
Sentimos falta de sua voz aqui, mas assim é a vida…
“O Flauber pediu resignação da Igreja SUD e, com isso, decidiu abandonar o Mormonismo por completo”
Pena que muitos que também pedem resignação e que dizem odiar o mormonismo não o deixam sempre estão buscando algo sobre ele.Se eu deixasse o mormonismo eu o esqueceria por completo como fez o Flauber e não iria querer saber nem bem nem mal.
Pelo que o Autor citou:
“Sinto que eventualmente na Igreja Mórmon temos esta tendência de tomar muito ao pé da letra muitos dos ensinamentos, nos alienando do mundo a nossa volta ou ainda beirando ao fanatismo religioso.”
Ele tem um mundo muito pequeno – Não é só na Igreja que isso acontece.
Pelo teor depressivo do texto, o mesmo deveria procurar ajuda psicológica e, amigos.
Sua sensibilidade é apreciável, mas não dá pra colocar o ônus em apenas uma unidade, ou instituição.
A coisa mais surpreendente nos ensinamentos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, é o apoio da Família, lá se fortalece. Agora se a Família não busca essa maturidade, não é culpa da Igreja, se um “líder” ou pessoa, usa de ignorância, uma palavra, gesto, e faz alguém se resignar – lhe falta o apoio primário sua Família (em especial sua Mãe!)
Espero que o Autor, se fortaleça e saia dessa depressão.
Abraços
O que fez o flauber abandonar o mormonismo? Ele parecia que tinha certeza de sua fé. Se for algo muito particular, não precisa responder. Obrigado.
Amo o Vózes, talvez esteja sendo repetitiva. Tenho preferência por alguns temas e o texto acima é um dos mais maravilhosos que já li aqui. Com certeza, entrou para a lista de preferidos. Flauber Barros exprime exatamente o que penso, bem como outras publicações. Quando faço essas leituras sinto algo imensamente bom e a minha esperança se renova ainda mais. Pena que esse colaborador não mais escreva, mas o Vózes segue firme. É o que muitos aqui esperam. Parabéns novamente. Quanto aos dois “diferentes” finais é relativo a escolha de um ou outro. Depende de contexto, intencionalidade, interlocutor, o que pra mim é sempre muito importante. Certa vez, li aqui mesmo de alguém que disse que a forma com que nos expressamos, as palavras que escolhemos dizem muito do que somos… Concordo plenamente, bom mas daí acho que já comecei a fugir do assunto… Pessoalmente, me contentaria com o primeiro final por ser mais leve, mais romantiquinho…rsrs OBRIGADA!