Templo de Xangai, Um Elefante Branco?

Elefantes brancos fazem parte da realidade política brasileira. São aquelas obras faraônicas ou intermináveis como a BR-230, conhecida como Rodovia Transamazônica desde a década de 1970, que prometia ligar a Paraíba ao Amazonas, ou estádios de futebol construídos na Copa do Mundo como o Mané Garrincha em Brasília, que trazem um prejuízo de milhões para o governo federal, tendo esse sido o mais caro de todos. Porém, o presidente Russell M. Nelson anunciou algo que talvez fará da rodovia inacabada ou do estádio com pouco uso muito mais úteis.

Xangai

Nessa última Conferência Geral tivemos algumas novidades como a nova logomarca. Mas os anúncios dos templos foram o que chamaram mais a atenção. Depois dos templos de Roma – a cidade da “Igreja do Diabo” – e do Rio de Janeiro – “a cidade do pecado” (se bem que Las Vegas tem um desde 1989) -, foram anunciados os templos de Dubai, nos Emirados Árabes, e Xangai, na China. O templo na riquíssima cidade contará com apenas uma estaca para atender. Estranho, uma vez que reza a lenda mórmon que um local precisa merecer o templo com frequência, dizimistas, etc. Por mais de 10 anos Recife atendeu toda a região do nordeste e norte do país. Isso num país onde a Igreja Mórmon já tinha um número muito elevado de membros em seus relatórios. Mas o pior vem por aí.

Foi anunciado um templo num país ditatorial de regime socialista, onde A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias não está entre as aceitas pelo Estado. Não há um censo para saber a quantidade de membros no país. O que se estima são 10 mil membros, porém são apenas estimativas. A título de comparação, na Índia há 4 estacas e 3 distritos e seu templo foi anunciado em 2018. Parece que o país que trouxe ao mundo a pandemia do coronavírus será presenteado com um “pedacinho do céu na Terra”.

O jornal The Salt Lake Tribune publicou uma matéria afirmando que o governo chinês sequer sabia da existência do projeto do templo e que não é tão simples sua autorização. A reportagem afirmou:

Poucos dias depois das observações de Nelson, o Departamento Municipal de Assuntos Étnicos e Religiosos de Xangai disse duas vezes em seu site que não sabia nada sobre um “templo mórmon” sendo construído na cidade de mais de 24 milhões de pessoas.

Em resposta a uma pergunta feita no Weibo (o Twitter da China), a agência escreveu primeiro: “Os estrangeiros não podem estabelecer organizações religiosas ou áreas de atividade religiosa dentro das fronteiras da China” e “as notícias de que a Igreja Mórmon Americana anunciou que está construindo um templo veio apenas do lado americano.”

Esta segunda afirmação acrescentou: “ilusões, não baseadas na realidade”, de acordo com uma tradução independente.

Nenhuma declaração, no entanto, indica que o templo não pode ou não será construído. A confusao do templo foi mencionada na minuta da [revista] Foreign Policy de 22 de abril. Por seu lado, a igreja se recusou a comentar as declarações da agência de Xangai.

Há uma dificuldade muito grande de negociar com o governo chinês, mesmo com a promessa de Nelson de que não haverá missionários e o turismo SUD para o templo não acontecerá normalmente.

Será esse templo um novo elefante branco? Há quem acuse a Igreja de lavagem de dinheiro. Enfim, espero que caso conclua esse templo, se Nelson ainda estiver vivo, e estiver presente na dedicação, não ouça ainda que em mandarim um sonoro “Fora Nelson”.

11 comentários sobre “Templo de Xangai, Um Elefante Branco?

  1. O que mais gostei de saber foi sobre um templo em Dubai. Eu imaginaria alguma construção no Líbano, na Turquia ou até no Egito, mas nos Emirados… não tinha lido o anúncio, então foi uma grata surpresa. Quanto a esse da China, outro impacto! Vamos ver no que vai dar.

  2. Csro editor,

    Faço questão de guardar estes comentarios sobre o templo de Xangai. Espero que ainda estejas vivo para ver a obra do Senhor sendo realizada nestes últimos dias.

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