Ensinamentos de Joseph Smith sobre Sacerdócio, Templo e Mulheres

Bênção por imposição de mãos. Mulheres Mórmons. História mórmon.

Mulheres encenam bênção por imposição de mãos, como realizada por pioneiras mórmons (Imagem: ordainwomen.org)

Com os dois últimos ensaios histórico-apologéticos publicados em seu site oficial, a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias resolveu abordar duas preocupações relativas à mulher: a deidade feminina representada pela Mãe Celestial e a intricada relação das mulheres com o sacerdócio.

O ensaio intitulado “Ensinamentos de Joseph Smith sobre Sacerdócio, Templo e Mulheres” pretende responder “questões acerca da posição das mulheres na Igreja” dado o fato de que “só os homens são ordenados para ofícios do sacerdócio”. A iniciativa é louvável em si e torço para que tais ensaios sejam mais amplamente divulgados. Há, no entanto, sérias limitações no novo texto oficial da Igreja. Continuar lendo

Louisa Barnes Pratt: Unção

Louisa Barnes Pratt ca 1855

Retrato de Louisa Barnes Pratt (1802-1880)

Missionária em uma época em que mulheres mórmons não serviam missões, Louisa Barnes Pratt viveu na Polinésia Francesa entre 1848 e 1850, junto com seu marido Addison. Suas memórias sobre a vida no Pacífico incluem interessantes relatos a respeito da imposição de mãos e outros rituais de cura utilizados por mulheres mórmons. Falando sobre os polinésios, afirmou:

Eles têm grande fé nas ordenanças do Evangelho tais como batismo e imposição de mãos para recuperar a saúde do doente. Eu trouxe comigo uma garrafa de óleo consagrado que foi abençoado pelo irmão Brigham Young e outras autoridades, antes da minha saída de Salt Lake. As mulheres tiveram grande fé no óleo quando lhes disse de onde o havia trazido e por quem havia sido abençoado. Elas frequentemente trazem suas crianças até mim quando estão doentes para eu ungi-las, dar óleo internamente e impôr minhas mãos sobre elas em nome do Senhor; se eu lhes dissesse que ficariam bem logo, pareciam não ter dúvida disso, e assim era de acordo com sua fé.


Referência

Smart, Donna Toland,  The History of Louisa Barnes Pratt. Logan: Utah State University, 1998, p. 128.

Imposição de mãos (femininas)

Imagem: ordainwoen.org

Imagem: ordainwomen.org

Mulheres sud não são mais vistas administrando bênçãos de conforto e saúde por imposição de mãos.  A prática incentivada por Joseph Smith e levada para as Montanhas Rochosas pelas mulheres mórmons, foi defendida e  promovida pela Sociedade de Socorro no final do século XIX, sobrevivendo com respaldo oficial a primeira metade do século XX.

Para Joseph Smith, mulheres poderiam impor as mãos sobre qualquer doente, homem ou mulher. Para aqueles que criticaram a prática, afirmou que havia tanto pecado na imposição de mãos por mulheres quanto em umedecer o rosto de um doente. Presidida por Emma Smith, a Sociedade de Socorro estabelecida em 1842, em Nauvoo, abraçou com devoção a prática. Continuar lendo

Autonomia da Sociedade de Socorro – parte 2

eliza2Investidura e Imposição de Mãos

Toda mulher que houvesse recebido sua investidura no templo estaria qualificada para dar bênçãos por imposição de mãos a uma pessoa enferma. Essa foi a afirmação de Eliza R. Snow, quando presidente da Sociedade de Socorro. O trecho abaixo é de uma seção de perguntas e respostas no jornal The Woman’s Exponent (O Expoente da Mulher), de 15 de setembro de 1884 (página 61).

“É necessário as irmãs serem designadas para oficiar nas sagradas ordenanças de lavar, ungir e impor as mãos ao administrar aos doentes?”

Certamente não. Toda e qualquer irmã que honra sua santa investidura não apenas tem o direito, mas deveria sentir como um dever, sempre que chamada para administrar a nossas irmãs nessas ordenanças que Deus graciosamente confiou às Suas filhas, assim como aos Seus filhos; e testificamos que quando administradas e recebidas em fé e humildade são acompanhadas de grande poder.

Na medida em que Deus, nosso Pai, essas sagradas ordenanças e as confiou aos Seus Santos, não é apenas nosso privilégio mas nosso dever imperioso aplicá-las para o alívio do sofrimento humano. Achamos que podemos seguramente dizer que milhares podem testificar que Deus sancionou a administração dessas ordenanças por nossas irmãs com a manifestação de Sua presença curadora.

A prática de mulheres mórmons imporem as mãos sobre enfermos surgiu com a própria formação da Sociedade de Socorro, antes do desenvolvimento da investidura, e foi defendida publicamente por Joseph Smith.

Leia a primeira parte desta série: Juízas em Israel.

A Sociedade de Socorro e o Sacerdócio

Em 1842, a organização da Sociedade Feminina de Socorro de Nauvoo fazia parte do complexo quebra-cabeças teológico e organizacional desenvolvido por Joseph Smith em seus últimos anos de vida.

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Emma Smith

Muito mais do que uma sociedade dedicada à caridade, as atas da Sociedade de Socorro nos mostram que ela foi criada para ser uma organização sacerdotal que prepararia as mulheres para exercer dons espirituais e autoridade divina. Continuar lendo

Sacerdotisas

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(…) o homem que honra seu sacerdócio [his priesthood], a mulher que honra seu sacerdócio [her priesthood], receberão uma herança eterna no reino de Deus. (Brigham Young, Journal of Discourses 17:119)

Santos dos últimos dias estão acostumados a pensar o sacerdócio como sendo algo exclusivo para os homens. Muitas vezes até ouvimos a palavra “sacerdócio” para designar coletivamente os homens membros da Igreja sud. A citação acima de Brigham Young, porém, nos faz questionar nossa compreensão do que é o sacerdócio e de como ele pertence a homens e mulheres. E olha que Brigham não era exatamente um feminista.

O uso do sacerdócio por parte das mulheres é um dos temas mais fascinantes – e, mais do que nunca, atuais! – da história mórmon. As percepções que herdamos – ou “tradições dos homens”, literalmente – , porém, bloqueiam nosso entendimento; ou ainda, nos fazem ver o passado mórmon a partir das doutrinas e práticas da Igreja sud no presente. Continuar lendo