Gente invisível

O artista chinês Liu Bolin ficou mundialmente conhecido, graças às suas fotografias, como “o homem invisível”. Em sua arte, há uma constante crítica da sociedade chinesa, seu governo e as relações de consumo – uma sociedade onde pessoas se tornam invisíveis.

Um dos temas mais debatidos no Vozes Mórmons são as causas que levam as pessoas a não frequentarem mais as reuniões de domingo. Será que a “invisibilidade” é uma delas? Que são os homens e mulheres invisíveis na Igreja sud? E como podem voltar a ser vistos?

Escondendo-se na cidade No. 16 e No. 17 — Policial do Povo, 2006.  © Liu Bolin

Escondendo-se na cidade No. 16 e No. 17 — Policial do Povo, 2006. © Liu Bolin

19 comentários sobre “Gente invisível

  1. Os invisíveis da Igreja são aqueles que fogem ao padrão estabelecido como ideal. Para os jovens, são aqueles,sozinhos na Igreja, sem a família, com algum “desajuste”. São aqueles que questionam demais. São os que não foram para a missão, ou os que foram para a missão mas começam a demorar demais para casar. É a moça que prefere estudar e trabalhar ao invés de casar e se encher de filhos, é a mulher infeliz que resolve descasar. E o jovem ou a jovem que luta contra sua sexualidade. Os que não tem profissão definida e trocam de emprego constantemente, são os que questionam desmandos e se negam a puxar o saco dos lideres. Resumindo, todo aquele que fugir do rígido padrão universal de vida e conduta estabelecido pela Igreja. Uma destas situações já foi a minha, a de mulher agredida que decidiu descasar. Passei anos a fio sentada na sacramental a cada domingo, com meus filhos, invisível. Realmente não existíamos. Uma experiência profundamente dolorosa, mas que traz muito conhecimento a respeito de como as coisas realmente são na Igreja. Poucos sobrevivem.

    • Parabens por sua resposta, é exatamente visado desta forma… eu por exemplo, estava afastado da igreja pois minha avó teve câncer no pulmão e minha mãe deixou de trabalhar para cuidar dela, então eu tinha que trabalhar dobrado para sustentar a casa, não tinha tmepo para ir a igreja e muito menos recebi uma visita de membros para saber o que estava acontecendo; quando retornei a atividade na igreja os membros ficavam falando baixo sobre mim e nem falavam comigo, e quando decidi ir para a missão eles fizeram apostas para saber quanto tempo eu duraria na missão! isto me deixou bastante chateado, mais sabia que estava indo por amor a Deus e as outras pessoas, então só tampei os ouvidos para certos comentários e fui! ^^

  2. É amigos, de fato, essas coisas acontecem na Igreja de Cristo. Não podemos esquecer que o evangelho é perfeito, as pessoas não.
    Quero deixar uma reflexão às pessoas que identificaram e relataram os casos de pessoas invisíveis.
    “O que vocês fizeram ao detectarem essas pessoas invisíveis?”
    1) Apenas se indignaram e murmuraram atribuindo a culpa à liderança da ala.
    2) Buscaram deixar aquela pessoa menos invisível/solitária dando um pouco da sua atenção/amizade.

    Gostaria de ouvir também os sinceros relatos de como vocês ajudaram essas pessoas invisíveis.

    • Acho que não existe apenas uma única resposta certa para a pergunta da postagem. Rafael, para mim é meio óbvio que identificadas tais situações alguma atitude deva ser tomada à favor dessas pessoas. O item 2 que você descreveu é o mínimo a ser feito. Você levantou um excelente questionamento, porque não basta apontar problemas e não fazer algo para solucioná-los ou amenizá-los. Que legal o teu comentário, ele talvez seja um indicador de que você não fica de “braços cruzados” diante a situações como essas.

      • Obrigado Graciela,

        Realmente o problema muda de forma quando olhamos ele por “outro prisma”, quando lembramos que podemos ser parte da solução do problema.
        Porém alguma coisa “nos cega” e nos tira a sensibilidade de percebermos isso.
        Aqui mesmo neste post o autor termina fazendo duas pergunta: “Que são os homens e mulheres invisíveis na Igreja sud?” e “E como podem voltar a ser vistos?”
        Mas, se você perceber, até agora ninguém respondeu a essa última pergunta, se limitaram apenas em responder a primeira.
        Será que esse post não seria mais proveitoso se nos debruçássemos na segunda pergunta em vez da primeira?

      • Rafael, sinceramente, na ala onde frequento, percebo muito mais indiferença com os membros os quais mencionei do que com os rapazes e moças solteiros com mais de 30 anos e mulheres e homens separados/divorciados ou mães solteiras. Não mesmo, esta civilidade realmente existe. Em relação a segunda pergunta, eu acho que uma solução seria que essas pessoas que sofrem qualquer tipo de discriminação encontrem uma forma e forças de se imporem de alguma maneira. De modo que se mostrem tão dignos quanto essas outras que as oprimem. Acontece que normalmente ocorre o oposto. Elas se deprimem, se chateiam, começam a diminuir a frequência muitas vezes e não tomam o seu próprio espaço por direito. Outra solução seria questionarem-se o porquê de estar ali. Questionarem será que a opinião dessas pessoas que se julgam melhores sem ser realmente faz diferença? E não ligar, deixar que percebam o que quiserem do jeito que quiserem. O tempo revela tudo, mas ainda aposto na primeira opção. Quem muito se abaixa o “fundo” mostra. E como tem gente que gosta de se aproveitar da humildade de outros para se sentirem melhor ou diminuir o outro para poder se equiparar. Eu por exemplo, adoro dar corda para esse tipo de gente e deixar que se enforquem sozinhas. Isso também é caridade da minha parte porque só escuto e dou risada por dentro sem refutar ou ofender ninguém. Para voltarem a ser vistos primeiro devem desejar isso e sem medo, sem vergonha de suas condições. Sem vergonha de ser uma mãe solteira, sem o peso de ser separada(o), porque essas coisas acontecem e são normais e naturais. Deve haver um monte de mulheres amargas por terem um casamento infeliz, mas preferem uma vida infeliz casadas a se separar devido a vergonha do que os outros vão achar. Então, encontram prazer em oprimir outras por conta da própria incapacidade. Confrontar diretamente também por que não? Claro, de forma sutil e com todo o amor do mundo, e nem estou sendo irônica. Tipo deixar o opressor sem chão, sem saída, sem resposta, fazendo com que sinta toda a sua culpa e se arrependa. Bom, acho que há várias soluções, basta querer.

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