Manuscritos do Mar Morto Digitalizados e Online

Os famosos pergaminhos conhecidos como Manuscritos do Mar Morto estão sendo digitalizados e publicados online para estudo e apreciação de todos, fornecendo uma excelente ferramenta para acadêmicos, e incentivo a estudos para leigos e interessados.

Pergaminho encontrado nas cavernas de Qumran

Pergaminho encontrado nas cavernas de Qumran (Foto por Matson Photo Service – American Colony Jerusalem – Library of Congress)

Os Manuscritos do Mar Morto são uma coleção de 981 textos diferentes descobertos entre 1946 e 1956 em onze cavernas nas imediações do antigo assentamento em Khirbet Qumran, na Cisjordânia. As cavernas estão localizadas cerca de dois quilômetros da costa noroeste do Mar Morto, donde  derivaram seu nome.

O consenso acadêmico é que a produção dos pergaminhos encontrados nas cavernas de Qumran datam de entre os últimos três séculos AEC e o século I EC. Os textos são de grande importância histórica, religiosa e linguística, porque incluem os mais antigos manuscritos sobreviventes conhecidos das obras mais tarde incluídas na Bíblia Hebraica, juntamente com manuscritos deuterocanônicos e extrabíblicos  que preservam evidências da diversidade de pensamento religioso no final da época do Judaísmo conhecido como “Segundo Templo”.

A maioria dos textos está escrita em hebraico, com alguns em aramaico (e em diferentes dialetos regionais, incluindo o Nabataeano), e alguns em grego koiné.

Os pergaminhos têm sido tradicionalmente identificado com a antiga seita judaica conhecida como os Essênios, embora algumas interpretações recentes desafiem esta associação exclusiva e argumentem que os pergaminhos também foram escritos por sacerdotes em Jerusalém, zadoquitas ou outros grupos judeus desconhecidos. De todos os manuscritos descobertos já identificados, 40% deles são cópias de textos das Escrituras Hebraicas, aproximadamente 30% deles são textos do Período do Segundo Templo, que em última análise, não foram canonizados na Bíblia Hebraica, como o Livro de Enoque, o Livro dos Jubileus, o Livro de Tobit, o livro da Sabedoria de Sirac, Salmos 152-155, etc., e os restantes 30% deles são manuscritos sectários de documentos anteriormente desconhecidos que lançam luz sobre as regras e crenças de um determinado grupo ou grupos dentro de um contexto maior e mais amplo do judaísmo na era do Império Romano, como a Regra da Comunidade, o Manuscrito da Guerra, o Pesher em Habaquque e a Regra da Bênção.

A Autoridade de Antiguidades de Israel (AAI) criou um laboratório, equipado com uma câmera sob medida, para digitalizar dezenas de milhares de fragmentos do Mar Morto e concluir o projeto da Biblioteca Digital Leon Levy de Manuscritos do Mar Morto.

Pesquisadores fotografaram cada fragmento 28 vezes em alta resolução, utilizando diferentes comprimentos de onda da luz, permitindo assim tornar fragmentos apagados ou queimados legíveis. O departamento de dicionário histórico da Academia da Língua Hebraica lê e reinterpreta estes textos e apresentam suas descobertas em uma conferência do Mar Morto realizada na academia.

Por exemplo, em uma passagem que descreve a Arca de Noé, a palavra outrora ilegível seguinte à “estatura da arca” agora pode ser lido como ne’esefet, ou “coligados”, e descreve o telhado pontiagudo da arca. Segundo o pesquisador Dr. Alexey Yuditsky, essa descoberta confirma outras fontes já conhecidas, como a Septuaginta e Maimônides, que haviam sugerido que a arca teria um telhado pontiagudo.

Além disso, depois de séculos de debate, os pesquisadores descobriram que o ptil que Judá presenteara à sua nora Tamar, para garantir o seu pagamento enquanto disfarçada de prostituta, tratava-se de um cinto.

Outras descobertas assumem importância historiográfica ainda mais relevante, indo além da mera curiosidade:

“Yuditsky e seu colega pesquisador Dr. Esther Haber decifraram um texto apocalíptico que retrata um herói mítico, Melquisedeque, triunfando sobre um inimigo, Belial, libertando “cativos”. O pesquisador Chanan Ariel argumenta que esses prisioneiros foram perdoados de seus pecados por causa da sabbatical- ou shmita, sugerindo que a dívida monetária poderia substituir o pecado. Essa visão é semelhante à da Igreja Católica medieval e seu uso das indulgências e antítese ao judaísmo, mas os pesquisadores não sabem se a prática como registrado no pergaminho foi a inspiração para a Igreja Católica.”

Os pesquisadores da AAI, mesmo após 70 anos de pesquisas, completaram análise e escaneamento de 80% dos pergaminhos e manuscritos, antecipando novas descobertas e elucidações para os textos remanescentes.

Explore imagens dos Manuscritos do Mar Morto aqui.

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