Muitas vezes escutei na Igreja a metáfora das escrituras como armas. Nunca simpatizei muito com a ideia, mas tampouco havia sentido tão fortemente seu aspecto negativo até ouví-la umas quatro vezes seguidas na mesma aula da Escola Dominical.

Fotografia de http://www.flickr.com/photos/rsplatpc/
Apesar de narrativas sangrentas ou metáforas que evocam imagens bélicas, as escrituras em si não apresentam tal metáfora de serem armas. Armas são feitas para ferir alguém ou destruir algo ou, no mínimo, ameaçar que alguém será ferido ou algo será destruído, ainda que em defesa própria. Fica difícil pensar nas escrituras como tendo semelhante propósito.
Mas é claro que qualquer objeto que não tenha sido originalmente projetado para ferir poderá ser assim usado, como um tijolo ou uma garrafa. Talvez seja justamente esse o maior problema de nossa relação com as escrituras: parece que nem sempre as usamos com a finalidade para a qual foram pensadas. Não é raro que em nossas reuniões sud, ao invés de aplicarmos “todas as escrituras a nós, para nosso proveito e instrução“, tentemos nos projetar como os heróis, enquanto qualquer chamado ao arrependimento cabe aos outros.
Ao invés de pensar nas escrituras como armas, gostaria de propôr algumas outras alternativas, mais positivas:
– ferramentas – coisas que servem para construir e consertar;
– oráculos – funcionam como portais para a revelação;
– pratos – nos oferecem diferentes nutrientes e sabores; nos alimentam espiritualmente.
Mais alguma sugestão?
Bússolas – Que nos orientam qual direção seguir;
É uma bela imagem, Paulo.
Eu conheço muitas escrituras na biblia onde o Senhro diz -“Minha espada…blablabla” e por ai vai. A maioria, coloca a “espada” com instrumento de justiça ou vingança.
Porém, encontrei algumas que colocam como algo que nos ajuda como essa.
Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; (Efesios)
Imagino que em alguns momentos, foi usado de forma “metafórica” a palavra (arma) no sentido de que estamos em uma constante “luta” contra o “inimigo” da retidão.
As escrituras descrevem, exporadicamente esta batalha entre o bem e o mal.
Que foi transferida do mundo anterior para este novo mundo.
Porém, acredito que seja uma “batalha” mais espiritual e política do que física.
A final, que mal permanente uma “espada” pode causar? (Após, Yeshua o Cristo, ter vencido a morte?) 🙂
Como ele mesmo disse:
-“Não temei aquele que pode fazer mal a teu corpo, mas temei, aquele que pode jogar tua alma em um sofrimento sem fim.” (nao lembro a escritura) mas esta na biblia.
As escrituras, para mim, são apenas relatos de experiênicas passadas, que nos mostram como agir no futuro para que o mal não se repita.
A “armadura de Deus” e a “espada” com certeza são precedentes para a metáfora das armas, embora tenha minhas dúvidas, Heber, que seja empregada com isso em mente, dada a pobreza de conhecimento sobre as escrituras.
Minha impressão negativa sobre o uso de “armas” como referência às escrituras tem a ver com o uso superficial que é feito – na minha opinião – delas nas aulas da Igreja. Como nos projetamos nos heróis, o outro (seja o não-membro, membro inativo ou sem recomendação para o templo, etc) torna-se alvo. A lógica parece ser de que o mal está no outro e não dentro de mim.