
Moudi Sbeity e Derek Kitchen, 1 dos 3 casais co-autores do processo contra a Emenda Constitucional apoiada pela Igreja SUD, escrita por legisladores e confirmada por eleitores Mórmons.
A Corte Federal do Décimo Tribunal de Recursos iniciará procedimentos de argumentação nesta Quinta-feira no processo movido contra o Estado de Utah por discriminação contra homossexuais.
A Igreja SUD já sofreu um revéz em sua campanha legal contra famílias LGBT em junho do ano passado ao ter todos os seus esforços para proibir a legalização do casamento gay na Califórnia derrubados pela Suprema Corte. Agora o estado em questão é o próprio estado-sede da Igreja Mórmon. Entenda o caso atual.
Em 2004, os eleitores do Estado de Utah votaram, com o apoio público da Igreja SUD, pela Emenda Constitucional [Estadual] #3 com 66% dos votos, que proibia reconhecimento legal de quaisquer casamentos ou uniões civis além da definida por lei como entre um homem e uma mulher.
Em Março de 2013, 3 casais homossexuais entraram com um processo em tribunal federal para obter julgamento de inconstitucionalidade desta emenda da constituição estadual. Em 20 de dezembro de 2013, o Juíz Federal Robert J. Shelby emitiu julgamento em favor das partes queixosas, argumentando que proibições de casamentos homossexuais são “irracionais” e que violam “direitos fundamentais” de homossexuais e, na prática, legalizando o casamento homossexual em Utah.
Enquanto a Igreja SUD imediatamente se pronunciava contra a decisão judicial, centenas de casais no estado entraram com a papelada e se casaram, até que a Suprema Corte Federal decretou, a pedido da promotoria pública do estado de Utah em 16 de janeiro de 2014 que a legalização de casamentos homossexuais deveria ser suspensa até que houvesse oportunidade para as partes acionadas (i.e., o Estado de Utah) tivessem a oportunidade de recurso legal. Até a suspenção entrar em efeito, mais de 1 000 casais homoafetivos já haviam contraído matrimônios legais e registrados em cartório, muitos mudando de sobrenomes, registrando-se para benefícios legais (como planos de saúde) e abrindo processos de adoções legais de crianças já informalmente adotadas.

@JSethAnderson escreve de cartório em Salt Lake: Eu e meu novo marido. Meus bisavós Mórmons polígamos ficariam tão orgulhosos!
Começando hoje, o painel de juízes do Décimo Tribunal de Recursos ouvirá testemunhos e argumentos contra e a favor da proibição a casamentos homossexuais atualmente escrita na Constituição do Estado de Utah. O mais provável é que os argumentos apresentados sejam, em grosso modo, os mesmos que foram elaborados frente ao juíz federal de Utah no ano passado.
Os 3 casais de Utah argumentam que a proibição contra casamentos homossexuais de Utah fere seus direitos civis classificando-os como cidadãos de segunda categoria. Como argumentou um de seus advogados:
Ela lhes indica, assim como indica a todo mundo, que seus relacionamentos não são tão reais, valiosos, ou importantes como os de casais heterossexuais; que eles não são dignos de reconhecimento; e que eles não são, e nem podem ser, famílias de verdade.
Além disso, seus advogados argumentaram que tais restrições ou proibições eram tão imorais e inconstitucionais como as proibições contra casamentos interraciais (que a Igreja SUD também apoiou em meados do século XX), e que proibir casamentos homossexuais em nada altera ou protege os casamentos heterossexuais, servindo apenas para “estigmatizar e ferir casais homossexuais e seus filhos”.
A promotoria pública de Utah já se pronunciou prometendo levar o caso até a Suprema Corte Federal caso percam novamente nesta instância. Ela argumenta que o Estado mantêm interesse em defender esta lei homofóbica pelo medo público de que casamentos homossexuais, se legalizados, reduziriam taxas de natalidade, encorajariam decisões “egoístas” entre casais e exporiam mais crianças a crescerem “sem pais ou sem mães”.
Pais e mães são diferentes, não intercambiáveis, e a diversidade de ter tanto uma mãe como um pai é o ambiente ideal para educação de crianças.
Ironicamente, em nenhum momento se discutiu se o ideal não seria um pai e muitas mães.
Numa manobra surpreendente e de última hora, a promotoria de Utah enviou uma nota ao Tribunal de Recursos abandonando o uso de um suposto “estudo científico” do sociologista Mark Regnerus que fora amplamente citado por sua argumentação diante do juíz federal no ano passado. O “estudo”, usado e citado pela Igreja e suas autoridades gerais, já foi descreditado e denunciado por toda comunidade acadêmica por seu uso amplamente desonesto dos dados para forçar a conclusão de que filhos criados por pais homossexuais apresentam deficiências psico-emocionais quando comparados com pais heterossexuais. O periódico onde o estudo fora publicado encomendou uma auditoria independente, que concluiu que os dados do estudo não sustentam sua conclusão e que o autor mentiu liberal e deliberadamente em seu relatório! O “estudo”, e o próprio Regnerus em si, foram estrelas durante este processo no ano passado (e outros similares) e estavam incluídos nos autos para o presente processo, mas com a crescente conscientização pública de sua falta de integridade e relevância, a promotoria de Utah optou por argumentar diante dos juízes sem o que muitos percebiam (inclusive a liderança SUD) como seu melhor argumento.
Como responderá o Tribunal de Recursos é, neste momento, uma incógnita. Relatos preliminares sugerem que os juízes foram firmes e inquisitivos durante os argumentos orais de hoje, mas nada disso se pode traduzir em previsão informada. Não obstante, em sua opinião judicial e decisão de dezembro de 2013, o juíz de Utah delineou de maneira clara e lógico o que provavelmente norteará as decisões do Tribunal de Recursos:
O suposto direito para casamento homossexual que o Estado afirma que os queixosos estão buscando é simplesmente o mesmo direito do qual gozam indivíduos heterossexuais: o direito de firmar compromisso público para formar um relacionamento exclusive e criar uma família com um parceiro com quem a pessoa compartilha elo emocional íntimo e sustentador… Tanto os casamentos heterossexual como o homossexual são, portanto, apenas manifestações de um mesmo direito — o direito de casar-se — aplicados a pessoas de diferentes identidades sexuais… Enquanto se presumia que uma pessoa só poderia compartilhar de um elo emocional íntimo e construir família com pessoa do sexo oposto, a realização que esta presunção é falsa não altera o direito propriamente dito. Muda, apenas, o resultado com o qual esta corte aplica os fatos diante de si a este direito básico. Aplicando-o à parte queixante, esta corte julga que a Constituição [Federal] protege seus direitos a casamento com pessoas do mesmo sexo, da mesma maneira que ela protege indivíduos heterossexuais de casamento com pessoas do sexo oposto… O Estado não apresentou nenhuma evidência que o número de casais de sexo oposto que escolhem casar-se entre si será de qualquer maneira afetado pela habilidade de casais do mesmo sexo de se casarem. Na verdade, desafia à razão concluir que permitir casais homossexuais de se casarem reduzirá o exemplo que casais heterossexuais dão para os seus ainda solteiros.
A Igreja SUD não arrefeceu em sua oposição política aos direitos civis plenos de homossexuais, a julgar pelos comentários na Conferência Geral deste fim de semana. Após o desastre de relações públicas que foi sua vitória em 2008 a levou a tentar suavizar sua postura com a comunidade LGTB, seus líderes indicaram indiretamente que esta cruzada ainda não havia terminado para ela após a derrota judicial de 2013. Como reagirá a Igreja caso seja forçada a confrontar uma derrota ainda maior em seu próprio quintal?
UPDATE: Para leituras adicionais, alguns estudos científicos e artigos elaborando na questão de crianças em famílias homoafetivas. E uma mudança na política oficial da Igreja SUD para discriminar contra crianças em famílias homoafetivas e as reações de milhares de membros à essa discriminação oficial.
Acredito que o estado por ser laico deve tomar uma postura onde possa governar para todos. Não vejo um motivo para se proibir uniões entre pessoas do mesmo sexo, perante a lei civil. Acredito na liberdade religiosa de cada grupos, crenças e indivíduos. Porém, penso que a religião em nada deva interferir nos interesses da sociedade como um todo. Por um simples motivo muito básico. – “Nos foi dado a liberdade de escolher seguir ou não uma crença.”
Se as religiões começarem a decidir o que é melhor para todos, então logo todos irão decidir o que é melhor para as religiões. Acho que o casamento civil não deve levar em consideração quaisquer formas de atributos, como e tinia, crença religiosa, aparências, etc. Todo ser da sociedade é livre para agir da forma que bem quiser contanto que não se levante contra as leis da constituição, etc. Vemos problemas, em famílias de pais heterossexuais da mesma formas que vemos em quaisquer outros tipos de famílias. As crianças que foram rejeitadas por estes pais? Elas não tem o direito de serem amadas e cuidadas? Acha que uma criança vai virar homossexual simplesmente porque tem um amigo ou um adulto que ame que seja? Veja, bem não confundam homossexualidade com loucura – conheço muitas pessoas homossexuais que são super equilibradas e bem resolvidas na vida muito mais do que muitos heterossexuais que conheço. Logo, não faz sentido algum atribuir coisas ruins a uma pessoa por causa de sua sexualidade. Eu apoio que cada religião tenha sua liberdade e praticas protegidas (internamente) ou para quem pergunte a respeito. Mas, não apoio a religião no governo. Em nada, isso vai interferir na vida de uma pessoa.
Somos seres humanos todos, homossexuais, heterossexuais. Eu sou casado, e pai de família, e tenho parentes que tem outras opções diferentes das minhas eu os amo da mesma forma. Posso conviver em um mundo onde nem todos irão fazer as coisas do jeito que eu faço…
Bom vejo que esse assunto vem se estendendo a muito vejo eu, mas sim vou deixar mais uma vez meu comentário para que seja visto de uma perspectiva bem melhor no sentido de que possamos levarmos a um bom entendimento; vejo que é claro tem que sim haver uma regulamentação com relação a união civil entre duas pessoas do mesmo sexo, mas o que não pode haver e nem haverá é o casamento de homossexual dentro das paredes de a igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias, e isso é a pura verdade sem dúvida, mas sim se me perguntarem se sou a favor do direito de união civil entre dois homens ou duas mulheres, bom é claro que em termos de contrato de bens de patrimônio e aplicações sem dúvida sou a favor, mas deixo bem claro na forma da lei do estado de direito e não na forma religiosa, pois isso é impossível é claro.
Impossível?
Curiosamente, isso é o que diziam sobre os Negros receberem o Sacerdócio e entrarem no Templo até há 40 anos atrás…