Popularidade Mórmon

Muitos dos comentários que nós recebemos no nosso site, e nas nossas páginas em mídias sociais, não são muito educados ou inteligentes.

Crassos erros de gramática e raciocínio lógico à parte, incluindo alguns desvios em honestidade intelectual,  a segunda queixa mais comum que recebemos é que estaríamos a procura de popularidade, ou no vernáculo popular, “chamar atenção”. Ou, como diria essa brilhante senhora, queremos “IBOP” (sic).

Aí nos deparamos nas mídias sociais com chamadas para artigos assim:
“A Poderosa História do Homem que Chorou na Conferência”

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Não temos nada contra homens que choram. Não temos nada contra pessoas que choram na Conferência (confessamos que dois de nós choramos durante a nossa cobertura da Conferência da semana passada, também. Um durante o discurso do Uchtdorf, outro durante um dos hinos!). Não temos nada contra pessoas que se emocionam em serviços religiosos, ou mesmo assistindo filmes ou peças e lendo romances.

Não obstante, não se pode furtar o questionamento intelectual. Como esperar que membros da Igreja discutam sua fé e suas expressões religiosas de maneira articulada e inteligente quando um artigo em um site popular valoriza o sensacionalismo barato e emotivo?

O senhor em questão ficou emocionado durante um serviço religioso, especialmente durante a cantoria. Considerando a natureza episódica, especial, global, e televisiva do evento, emocionar-se não é uma reação incomum. Certamente para esse senhor, tratou-se de um momento emotivo. Mas não incomum, não inesperado, e certamente não “especial”. Considerando ainda que ele tem o triste e infeliz fardo de estar sofrendo com, e ver sofrer, a sua esposa lidando com demência senil, nada mais natural que o pobre coitado sinta-se ainda mais vulnerável a sucumbir a suas emoções.

Ficamos felizes por ele que tenha saído dessa experiência mais feliz, mais alentado, e mais confortado. Esperamos que ele tenha a sorte de guardar essa sensação positiva por meses e anos adiante, que lhe sirva de consolo nos tempos atribulados que lhes aguardam. Dito isso, qual o benefício positivo intelectual, teológico, espiritual, ou moral em se discutir seu episódio e como isso traria algum crescimento espiritual ou intelectual aos membros da Igreja?

Isso, na verdade, não passa de fofoca barata. Fofoca emotiva. O que se chama no meio digital de click bait, ou uma chamada desenhada para gerar clicks, ou acessos, e aumentar o tráfego para o seu site. Dar valor excessivo para algo que não tem nenhum valor coletivo (além do valor pessoal para aquela pessoa diretamente envolvida no ocorrido) .

Certamente, o site em questão é muito mais popular que o nosso. E popularidade tem seus méritos. Mas trata-se de conteúdo que agrega? Pode-se até discutir que religiosidade e espiritualidade não necessariamente precisam estimular intelectualmente (embora, nós acreditamos que seja importante). Porém, fofocas emotivas agregam espiritualmente? Como saber que o senhor chorou cantando numa Conferência, e que sua esposa sofre de demência senil, motivaria alguém a ser mais ético, mais justo, mais moral, mais honesto, ou mais dedicado à família ou à fé?

Propomos que é justamente esse tipo de emotividade barata e simplista que dificulta para muitos membros da Igreja fazer escolhas morais e éticas mais complexas (como, por exemplo, escolher entre obediência cega e não discriminar ou ser preconceituoso). E ainda, propomos que essa infantilização religiosa dificulta para muitos membros conceber o hábito de ler, estudar, e confrontar fatos históricos e posições divergentes como uma busca pessoal intelectualmente válida e louvável.


É interessante notar que o artigo é inteiramente copiado de um site americano e sequer constitui conteúdo original. Sem especificações de autorização para reprodução, a falta de originalidade constitui em plágio, que é uma grave ofensa ética e moral.

10 comentários sobre “Popularidade Mórmon

  1. Parabéns, pela primeira vez, concordei em gênero, número e grau com os editores do Vozes Mormons.
    Mas devo reconhecer que o sensacionalismo é uma fraqueza humana, tem muito a ver com a vaidade.

    Certa vez fiquei indignado por um fato ocorrido demonstrando justamente esta fraqueza, quando uma família muito atrasada para uma transmissão da dedicação do templo, demonstraram grande aflição e sofrimento e quase não puderem mais entrar…

    Qual o problema então?

    O problema é que o líder resolveu fazer o sensacionalismo encima disso, uma história muito pobre e o discurso foi “esta é uma família de grande DEDICAÇÃO”.
    …talvez não haja nada de ofensivo nisso, a menos que estejam presentes outra dezena de membros que chegaram no horário porque planejaram a reverência, e outros que trabalharam duro com grande sacrifício de tempo e recursos próprios servindo por anos sem receber jamais um elogio, ou mesmo um formal, verbal e coletivo, reconhecimento pela ” verdadeira DEDICAÇÃO”.
    Faltou um pouco de sensibilidade para com o OFF temporal e pessoal.

    Bem sei que a mão direita não deve saber o que a mão esquerda está fazendo em termos de caridade e serviço, mas elas são pessoas…e pessoas precisam ser motivadas. No efêmero conclusivo posso dizer que a agressão pode vir de qualquer lado, de lá e também daqui.

    Mas eu concordo que o sensacionalismo pode ser “BARATO” se não ENRIQUECE nada, seja verbal ou digital.

  2. Geralmente eu leio quase todos os artigos e comento alguns poucos. Tanto quando sou a favor do artigo, e também quando discordo.
    Esse é um dos que eu discordo, e antes que a page me pergunte o por que eu estou discordando vou argumentar da maneira mais clara possível.
    O post original em português foi traduzido por um homem chamado Esdras Kutomi que deu total autonomia aos donos do post em inglês.
    Essa é uma função desse rapaz que sim, traduz artigos do inglês para português devido a falta de acesso a muitos leitores em português. Aqui nesse blog o mesmo acontece. Diversas citações são traduzidas para ajudar-nos a ver de maneira mais clara o que apóstolos e profetas falaram em livros que não temos acesso em português.
    Porém na minha visão o ponto que agravou, foi o post ter citado “grave ofensa ética” do autor da tradução dizendo que ele plagiou o artigo. Mas ao ler esse artigo vemos ofensa direta aos responsáveis pela tradução do mesmo (por exemplo, lê-se duas vezes a palavra “fofoca” de maneira ofensiva e agressiva, diga-se de passagem).
    Minha pergunta é: vocês conhecem o coração e intenção dos autores? Será que o objetivo era fofocar e usar de “emotividade barata”, para ganhar popularidade? Se dizes que sim, acabei de perceber que vocês usam exatamente o mesmo argumentos de todos os membro que não gostam dos artigos aqui postados. Por fim, entramos em um ciclo sem fim de críticas, intolerância e cegueira.

    • Não estamos julgando as “intenções” do tradutor daquele artigo. (Note, por favor, que ele não é o autor do artigo) As “intenções” e o “coração” do publicador do artigo é inteiramente indisponível e inacessível para qualquer outra além dele mesmo, e inteiramente irrelevante para nós.

      Estamos julgando o resultado do artigo. O seu produto final.

      Copiar artigos e republicá-los, ou copiá-los e traduzi-los para publicação, sem expressa autorização prévia do autor original (ou detentor dos direitos autorais) é grave ofensa ética e moral. Nós nos posicionamentos inequivocadamente contra o ato criminoso e repreensível do plágio.

      Se o tradutor em questão obteve tal autorização prévia, não o indicou no artigo. Ninguém é obrigado a adivinhar que ele não cumpriu essa importante obrigação mínima (da mesma maneira como ninguém pode ser capaz de julgar “intenções”). Se ele o fez, e no-lo provar que fez, publicaremos uma nota imediata explicando o mal entendido. Contudo, se não o fez, como parece não ter feito (é prática comum entre os que se preocupam em tomar esse cuidado ético preocupar-se em tomar o cuidado de deixar claro que o fazem), permanece o nosso repúdio a essa prática desonesta.

      Quando você escreve que “[a]qui nesse blog o mesmo acontece”, você verá que em todas tais ocasiões em que traduzimos artigos, nós publicamos nota esclarecendo autorização expressa do autor e/ou do detentor dos direitos autorais. Inclusive, nós arquivamos todas essas autorizações por escrito especificamente para poder demonstrá-las se necessário. Nós temos um artigo traduzido há meses pronto para publicação, e que ainda não o fizemos apesar da expressa autorização do autor em si, apenas porque não conseguimos autorização da CNN. Ética com relação à propriedade intelectual é um assunto sério.

      Com relação a citações de textos, nós seguimos estritamente as regras acadêmicas e jornalísticas para citações amplamente estabelecidas nas respectivas comunidades profissionais. Asseguramo-lhe, copiar e colar ou traduzir e colar artigos inteiros é considerado anti-ético por todas as classes profissionais.

      Agradecemo-lhe pela audiência, por seu comentário, e pela oportunidade de esclarecer melhor esse assunto. Talvez ele devesse ter sido melhor explicado no artigo em si.

      • Vou fazer a mesma coisa que o Associação Brasileira de Estudos Mórmons – ABEM faz.

        Dando enfase no:

        Artigo original escrito por Aleah Ingram em LDSDaily.com e traduzido para o mormonsud.net.
        (Visited 8.608 times, 14 visits today)

        Amigos, eu li o artigo no primeiro dia. Li em português e depois fui nos créditos ler em inglês. Peguem todos os postes feito pelo Esdras e verá que todos tem créditos. Concluo que as informações postadas aqui são falsas e também ofensivas.

        Vocês sempre usam excelentes argumentos, mas também é necessário reconhecer quando erra. Pois afinal de conta, contra fatos não há argumentos.

        Eu sinceramente espero que isso seja na devida proporção retratada. Pois o post tem sim e sempre teve créditos.

        Lembre-se da verdade que sempre é pregada nesse blog. Não é isso que vocês tanto prezam? Pois bem, usem dessa vem também!

        Abraços e obrigado.

    • É inteiramente possível que não tenhamos explicado a questão com simplicidade e clareza suficiente, portanto retoma-lo-emos de maneira mais direta.

      Onde está escrito no trecho citado que o tradutor e republicador do artigo original solicitou e recebeu autorização do autor e/ou detentor dos direitos autorais do artigo original?

      Artigo original escrito por Aleah Ingram em LDSDaily.com e traduzido para o mormonsud.net.

      Citar a autora do artigo ou o site onde foi originalmente publicado não é o mesmo que receber autorização para reproduzí-lo.

      Consideremos o exemplo que já citamos acima. A CNN publicou um artigo escrito por um acadêmico mórmon. Nós pedimos por email autorização para este acadêmico e para a CNN para traduzi-lo e reproduzi-lo aqui. O acadêmico nos escreveu com sua autorização e nós traduzimos o artigo. A CNN, que detém os direitos autorais do artigo, não nos respondeu os vários emails solicitadores. Conclusão? Não publicamos o artigo.

      Consideremos outro exemplo do nosso site. O jornalista mórmon Robert Kirby publicou este artigo. Nós lhe pedimos por email autorização para traduzi-lo e reproduzi-lo, e recebemos sua autorização por escrito via email. Conclusão? Publicamos o artigo.

      Nós absolutamente concordamos que “contra fatos não há argumentos”, e é um fato que em nenhum momento acusamos o artigo brasileiro de não “t[er] créditos”. Contudo, o fato é que “ter créditos” não é sinônimo com “deter autorização ou permissão”.

      Nós absolutamente concordamos que “é necessário reconhecer quando erra” (sic). Se o tradutor e republicador do artigo obteve autorização e permissão explícita para traduzir e reproduzir o artigo, que no-lo mostre, então. Não hesitaremos um minuto para publicar uma retratação formal aqui. Contudo, o “fato” é que em nenhum momento ele deixou claro e explícito, ou mesmo sugestivo e implícito, que o obtivera. Portanto, a única conclusão racional e lógica diante dos fatos conhecidos é concluir tratar-se de um plágio.

      Sim, a “verdade… sempre é pregada nesse blog”, pois “é isso que [nós] tanto prezam[os]”.

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