Igreja Explica Discriminação Contra Negros

Do túnel do tempo, um vídeo extraído de um documentário de 1973 sobre A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias explica porque negros eram discriminados pela Igreja.

Wendell Ashton dando discurso na Conferência Geral de abril de 1971

A porção central do clipe mostra o Diretor de Relações Públicas da Igreja SUD, e irmão mais velho do Apóstolo Marvin Ashton, Wendell Jeremy Ashton, oferecendo a explicação oficial em nome da Igreja:

O vídeo começa mostrando que a Igreja aceitava polinésios de “pele escura” sem quaisquer discriminações dentro da “igreja mórmon”. Então, o narrador anuncia a premissa central do clipe:

“Mas algumas pessoas de pele negra não conseguem atingir status pleno na igreja mórmon.”

Corta para o Diretor de Relações Públicas da Igreja SUD Wendell Ashton:

“Neste dia, como nos tempos antigos, há alguns a quem não tem sido dado o privilégio, neste momento, de portar o sacerdócio da Igreja. Entre aqueles que não têm este privilégio estão os de ascendência negra africana.”

O narrador explica que todos os membros da Igreja à partir dos 12 anos de idade são ordenados ao sacerdócio e, portanto, podem “avançar para posições de liderança religiosa mais elevadas”, exceto “mulheres e os assim chamados negros”.

Por que negros são excluídos do sacerdócio? Voltamos ao Diretor Ashton:

“Eu acho que talvez possa melhor responder a essa pergunta com esta declaração emitida pela Primeira Presidência da Igreja em 15 de dezembro de 1969. E cito: ‘Desde o início desta dispensação, Joseph Smith e todos os presidentes sucessivos da igreja têm ensinado que os negros, enquanto filhos espirituais de um Pai comum, e descendentes de nossos pais terrenos Adão e Eva, ainda não deveriam receber o sacerdócio por razões que nós acreditamos que são conhecidas por Deus, mas que Ele não fez totalmente conhecido para o homem’.”

Infelizmente para o Diretor Ashton, e para a Igreja, historiadores descobriram que Joseph Smith havia autorizado a ordenação de negros, que a prática de discriminar contra negros iniciou-se com Brigham Young quando ele instituiu a legalização de escravidão negra em Utah, e os Profetas e Apóstolos no século 19 (e na primeira metado do século 20) sabiam muito bem o porquê:

O Presidente Brigham Young afirmou que era uma maldição contra uma raça inferior e merecedora de ser escravizada.

O Presidente John Taylor afirmou que era uma mera restrição aos “representante[s] na Terra” do “Diabo”.

O Presidente dos Setenta B H Roberts ensinou que era porque o negro “é obviamente inferior ao branco”.

O Profeta Joseph F. Smith ensinou que fora porque os negros eram amaldiçoados por Deus.

O Profeta Joseph Fielding Smith ensinou que era porque os negros haviam sido aliados de Satanás na vida pré-mortal.

Alguns membros da Igreja insistem até hoje, como a Autoridade Geral Alexander Morrison, que a Igreja nunca fora racista ou nunca discriminara contra negros. Além do documento histórico, temos comprovação em vídeo. A motivação era bem mais sútil em 1973 do que com Young, Taylor, Roberts, F. Smith ou Fielding Smith, mas a discriminação contra negros nessa época é simplesmente inegável.

O jornalista encerra o clipe explicando que a Igreja já havia abandonado poligamia por causa de pressão social e política externa, e que ela poderia vir a fazer o mesmo com a questão racial. O Apóstolo LeGrand Richards, quase uma década depois, viria a confirmar essa predição, e ainda dando crédito ao Brasil por isso!

21 comentários sobre “Igreja Explica Discriminação Contra Negros

  1. A grande ironia disso tudo é que Jesus nunca foi branco e também seria vítima de discriminação por parte da Igreja SUD. Jesus era moreno e seria considerado negro ou latino ou conforme os padrões de branquitude anglo-saxões adotados pela Igreja SUD até 1978.

  2. No dia em que surgir uma religião que ensine: não importa o que vc acredita ou deixe de acreditar, ou o que vc faça ou deixe de fazer, ou o que vc é ou deixe de ser, e mesmo assim vc receberá a maior recompensa que existe, a partir deste momento existirá, ou perto disto, uma religião que não discrimine nada ou ninguém.

    A religião por si só é discriminatória e as constituições, pelo menos nos países ditos civilizados, permitem que a seja. O direito individual que garante esta discriminação é o da liberdade de crença.

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