O Presidente Brigham Young fez os seguintes comentários sobre Escravidão Negra diante da Assembléia Legislativa do Território de Utah em janeiro de 1852:
Discurso do Governador Brigham Young em Sessão Conjunta do Legislativo
Oferecendo conselhos sobre um Projeto-de-Lei em Relação à Escravidão Africana
Salt Lake City, sexta-feira, 23 de janeiro de 1852
Eu tenho essa seção na minha mão, intitulada “Um Ato em Relação à Escravidão Africana.” Eu li sobre isso e fiz algumas alterações. Vou observar no que diz respeito à escravidão, na medida em que cremos na Bíblia, na medida em que nós acreditamos nas ordenanças de Deus, no sacerdócio e na ordem e nos decretos de Deus, devemos crer na escravidão. Esta raça negra têm sido sujeita a maldições severas, que eles têm em suas famílias e suas classes e nas suas diversas capacidades trazido sobre si mesmos. E até que a maldição seja removida por aquele que a colocou sobre eles, eles devem sofrer com as suas conseqüências; Eu não estou autorizado a removê-la. Eu sou um firme crente na escravidão.
Agora, para o caso diante de nós no que diz respeito à escravidão, no que se refere [a] escravos que [são] africanos, ou os que são ingleses, ou que [são] holandeses, ou nós mesmos – Eu sou a favor de fazer justamente as leis que queremos sobre o assunto, independente de qualquer outra nação debaixo dos céus; vamos fazer isso [que trará o que] queremos que seja feito independentemente dos abusos de governos despóticos. Se eles considerarem ser certo ou errado não importa para mim, mas que façamos a coisa que devemos fazer para a obtenção dessas bênçãos que buscamos, deveria ser a primeira e mais importante consideração com a gente; essa é a minha mente sobre esse assunto. Este caso vem à tona e provoca sentimentos desagradáveis nas mentes de alguns.
O Africano goza do direito de receber os primeiros princípios do Evangelho; essa liberdade é oferecida a todos estes servos. Eles gozam da liberdade de ser batizado para a remissão dos pecados e receber o Espírito Santo pela imposição das mãos; eles desfrutam do privilégio de viver humildemente diante do Senhor, seu grande mestre, de modo a aproveitar o espírito do Senhor continuamente. Em suma, tanto quanto os confortos comuns da vida, salvação, luz, verdade, alegria e compreensão, o Africano Preto tem precisamente o mesmo privilégio que o homem branco. Mas eles não podem compartilhar no Sacerdócio; eles não podem reinar; eles não podem reinar em qualquer lugar até que a maldição seja removida deles; eles são um “servo dos servos.” Somos servos, como declarou o Conselheiro George Smith; ele diz que ele é um escravo; ele foi expulso de sua casa e de seus direitos – somos todos servos. Agora, suponha que nós tenhamos um servo, e ele deve ser um negro; está tudo certo; é perfeitamente razoável e estritamente de acordo com o Santo Sacerdócio. Eu detesto os abusos aos quais o escravo em muitos casos está exposto, embora como uma regra geral, essa parte da raça negra que está em servil cativeiro estão muito mais confortáveis e melhor cuidados do que as classes mais pobres das nações da Europa.
Embora a nação esclarecida, Inglaterra, tenha abolido a escravidão em suas colônias, ainda assim a escravidão mais condenável existe no coração da nação. Eu sou ousado para lhes dizer que você não consegue encontrar um homem ou uma mulher negra nos Estados Unidos que tenha viajado ao longo do período de sua vida em fome no meio da abundância. No entanto, há milhões e milhões nas cidades da Europa que vivem entre os luxos mais seletos da vida e morrem finalmente em fome; milhares de pessoas morreram de fome na Inglaterra no ano que eu estava naquele país. Isso é escravidão mais vil do que força-los a trabalhar no cultivo de algodão e açúcar, etc. Eu não gostaria de ir para a nação esclarecida da Inglaterra para saber o que a escravidão é porque eles estão tão profundamente afundados em iniqüidade e tão profundamente degradados. Pessoas alegam sobre isso dizendo saber o que é; sabemos que ela existe, e tal coisa deve e continuará a existir até que o Senhor Deus o remova; até então ele vai existir e deverá existir. Há muitos irmãos no sul do país, uma grande quantidade de cujos meios está investido em escravos. Esses escravos querem vir aqui com seus mestres; quando eles vêm aqui, o diabo se levanta. Este está falando, e aquele está querendo saber. Um sentimento abolicionista forte toma poder sobre eles, e eles começam a sussurrar entre si seus pontos de vista sobre o assunto, dizendo: “Você acha que é certo? Receio que não seja certo.” Eu sei o que é certo, e deve haver uma lei feita para forçar os escravos a servirem seus mestres, porque eles não são capazes de governar a si mesmos.
Quando o Senhor Deus amaldiçoou o velho Caim, Ele disse: “Até que a última gota de sangue de Abel receba o Sacerdócio, e goze das bênçãos do mesmo, Caim deverá portar a maldição”; depois, Caim é esperado receber a sua quota seguinte e não até então; conseqüentemente, eu sou firme na crença de que eles devem habitar em servidão.
O subtítulo deste projeto-de-lei que eu não gosto, e, portanto, tomei a liberdade para alterá-lo. Eu disse: “Um Ato em Relação ao Serviço Manual,” em vez de “Escravidão Africana.” Eu também alterei a última parte dele. Estou disposto jogar de volta o projeto para ser reformado.
Eu gostaria que mestres se comportassem bem com seus servos, e ver que cada pessoa neste território seja bem utilizada. Quando um mestre tem um Negro e usa-o bem, ele é muito melhor do que se ele estivera livre. Quanto aos mestres derrubá-los e chicoteá-los e quebrar os membros de seus servos, eu tenho uma opinião tão baixa disso quanto qualquer outra pessoa possa ter; mas boa servidão saudável, eu sei que não há nada melhor do que isso.
Suponha que eu esteja na Inglaterra e traga mais de 100 pessoas, homens e mulheres, e comprometem-se a pagar-me em trabalho, mas assim que eles chegam aqui eles se recusam a cumprir seu contrato e se viram e abusam de seus benfeitores. Vejam o abuso que Dan Jones recebeu, que convenceu a irmã Lewis gastar quase todo centavo que ela possuía para ajudar as pessoas virem a este lugar; amaldiçoam tanto a ela quanto a ele e isso eles vão continuar fazendo, agindo pior e pior até que eles vão para o inferno (eu digo que deveriam ser servos dela). Muitos outros desses casos poderiam ser assim resolvidos. Deveria haver uma lei para regular isto, que aqueles que fizeram contratos de trabalho, que possam executar seus trabalhos de acordo com tais contratos.
Young, Brigham. We Must Believe in Slavery. 23 Jan 1852.
Reproduzido integralmente em:
- The Complete Discourses of Brigham Young, ed. Richard Van Wagoner, Smith-Pettit Foundation, 2009, 1:473-74
- The Teachings of President Brigham Young, Volume 3: 1852-1854, ed. Fred Collier, Collier’s Publishing, 1987, 26-29.
Quatro observações históricas contextuais:
- Brigham Young autorizou a legalização de escravidão negra no Estado de Deseret e, depois, no Território de Utah.
- A escravidão negra foi abolida nos EUA em dezembro de 1865.
- A “maldição de Cã” foi “removida” em junho de 1978.
- Essa foi apenas a primeira vez que a proibição ao sacerdócio foi anunciada na história da Igreja.
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Como sempre a religião a serviço do econômico.
A propósito, a grande diferença entre a colonização da América (com a sucção violenta de recursos e a aniquilação do povo indígena – além da escravização dos que resistiram e dos africanos) e a colonização do Oriente Médio, é que na América houve o respaldo da religião através da catequização. O Oriente Médio já tinha o islã, uma religião institucionalizada, e que serve de resistência à ação avassaladora do capitalismo ocidental, das mais diversas formas.
A posição de BY é clara, simples e em sintonia com a maioria da época, em especial os detentores de bens e renda alta. Dada a época não vejo como estranho que ele pensasse e pregasse tal posição (entenda, não quer dizer que eu o apoie, não é isso; mas talvez eu mesmo, vivendo na época, e sabendo como as coisas são neste mundo, não visse ‘nada de mais’ na posição dele).
O que percebo é que o mesmo ocorre hoje, mas com outros assuntos. Percebam que o que ele tinha para a época era uma crença, baseada em ‘revelações’ antigas, ele tão pouco tinha uma ‘revelação’ nova a dar como talvez sequer a estivesse buscando.
Lembro de algumas situações como missionário que claramente notava (e as vezes até comentava com aquelas pessoas) que embora tudo parecesse fazer sentido e até houvesse fé para buscar, algumas pessoas não queriam inquirir a Deus sobre algo, muitas vezes com medo da resposta e por ter que segui-la a despeito das consequências disso. Não teria BY também medo da resposta e de ter que expô-la ao mundo de ‘amigos que seriam prejudicados’? É preferível, então, assim fazer mal aos desconhecidos do que desagradar aos íntimos, mesmo estando em posição de amenizar injustiças no mundo?