É com enorme pesar que reconhecemos o falecimento precoce e abrupto da acadêmica mórmon Melissa Proctor, PhD em Ciências da Religião, e primeira professora no curso sobre mormonismo da Universidade de Harvard.
Proctor faleceu há uma semana aos 42 anos de idade, de complicações clínicas de um pós-operatório simples, deixando em luto uma enorme família de pais, 10 irmãos e irmãs e dezenas de sobrinhos, e abortando uma brilhante carreira acadêmica em estudos das mulheres, da religião e do mormonismo, apesar dos conflitos internos [mais abaixo].
Notoriamente talentosa por seus dotes musicais e filha dos famosos autores e editores da revista mórmon eletrônica
Meridian Magazine, Scot Proctor e Maureen Jensen, Melissa Proctor serviu uma missão de tempo integral no Japão e em seguida distinguiu-se academicamente em múltiplas línguas (alemão, hebraico, árabe, e japonês) na Universidade de Brigham Young.
Seus estudos linguísticos na BYU levaram-na a estudar textos antigos em hebraico e estudos do oriente médio, carregando-na a uma carreira acadêmica que incluiu seu mestrado em ciências da religião pela Universidade de Yale e doutorado pela Universidade de Brown, e posições de pesquisa e docência nas universidades de Yale, Princeton, Harvard, Brown, Quinnipiac, Lutheran Theological Seminary e College of the Holy Cross.
Por um tempo, Proctor chegou a cursar um doutoramento em Direito na Universidade Harvard, e nesse período iniciou uma dedicação que perduraria por anos a trabalhos e voluntariados em centros de proteção a mulheres vítimas de violência doméstica e abuso. Contudo, sua estrela brilhava mesmo em estudos acadêmicos, onde Proctor explorava estudos sobre a intersecção do feminismo e da religião, preconceito contra mulher no ambiente laboral, teoria feminista, e especialmente do feminismo no mormonismo.
Aproximando-se do final de sua curta vida, no que deveria ter sido o início de suas maiores contribuições acadêmicas na sua fase de vida intectual mais fértil e produtiva, Proctor começou a explorar as dificuldades de uma exploração acadêmica séria e competente do mormonismo.
O acadêmico e famoso blogueiro John Dehlin compartilhou uma carta pessoal que recebera de Proctor um pouco antes de seu julgamento no ano passado que perfeitamente capta sua generosidade de espírito e oferece uma pequena fresta da comunidade de acadêmicos do mormonismo visto por uma acadêmica mulher, competente e muito bem treinada:
“Querido John,
Nós nunca nos conhecemos formalmente, mas quando eu estava lecionando na faculdade de Harvard ensinando o primeiro curso sobre Mormonismo lá, você uma vez me pediu para fazer um podcast de Histórias Mórmons sobre Ética Sexual Mórmon em 2008. No final eu decidi não fazê-lo porque na época eu ainda estava tentando descobrir como permanecer ativa na igreja, enquanto também ser uma acadêmica do mormonismo com credibilidade e ainda gerenciar as minhas próprias dúvidas sérias — não questões pessoais miúdas, mas preocupações doutrinárias graves produzidas por anos de estudo formal e acadêmico da religião (em escrituras antigas, filosofia da religião e sociologia da religião) em lugares como Yale, Brown, e Princeton.
Em 2010, eu formalmente pedi resignação da Igreja SUD e nunca me arrependi de fazê-lo. Isso não só me permitiu viver com plenitude e integridade, mas me deu a liberdade acadêmica que eu sempre ansiava, especialmente no que diz respeito ao meu trabalho sobre o mormonismo (minha tese é sobre a ambivalência que muitas mulheres mórmons vivenciam). Isso não quer dizer que não houve custos reais e dolorosos. Tenho muitos familiares que não falam comigo em hipótese alguma, fui abandonada por muitos amigos, e perdi uma certa quantidade de capital social no mundo dos Estudos Mórmons, um mundo que, infelizmente, está ainda dominado por estudiosos mórmons ativos. Mesmo assim, nunca me arrependi de sair — não nem uma vez — e fazê-lo em meus próprios termos.
Eu só queria escrever-lhe para dizer o quanto eu admiro o trabalho que você fez ao longo dos anos — por sua coragem, sua franqueza e sua compaixão. Aconteça o que acontecer na sua próxima reunião, você tem que saber que você tem desempenhado um papel importante na jornada de muitas pessoas e é muito amado por muitas pessoas em toda parte — pessoas que você nem mesmo conhece ou que jamais conheceu.
Calorosos abraços,
Melissa Proctor “
Demonstrando perfeito conhecimento do impacto social e pessoal de filosofias religiosas abstratas, Proctor demonstrava profundo interesse na exploração acadêmica intelectualmente aberta e honesta, sem restrições epistêmicas pré-estabelecidas por dogmas ou crenças pré-formadas. Considerando que a maioria esmagadora dos estudiosos do mormonismo ainda adere a dogmas ontológicos e epistemologia preferencial e esotérica, Proctor sinalizava essa fronteira de pesquisa como o maior obstáculo, e o próximo passo, para exploração intelecual e criteriosa.
Órfã precoce desses preciosos insights de Proctor, a comunidade mórmon acadêmica deverá seguir sem sua luz, porém esperançosamente em seus passos e exemplos.
“Considerando que a maioria esmagadora dos estudiosos do mormonismo ainda adere a dogmas ontológicos e epistemologia preferencial e esotérica, Proctor sinalizava essa fronteira de pesquisa como o maior obstáculo, e o próximo passo, para exploração intelecual e criteriosa.”
Qual seria a epistemologia esotérica?
“…Devera seguir em seus passos é exemplo…”??
Faça me o favor !!!
Seguirei somente o Salvador e aqueles que o seguem de verdade