Mórmons Escolhendo Mamom, Coronavírus Revela

Em tempos de crise global causada pela pandemia do coronavírus, nota-se uma alarmante expressão ideológica dentro da cultura mórmon.

Jesus limpa o templo, por Carl Heinrich Bloch. Jesus explicitamente proibiu Seus discípulos de acumular bens materiais e dinheiro

A de mórmons abertamente abraçando Mamom.

Explicamos:

Em muitos países do mundo, incluindo o Brasil, autoridades políticas e sanitárias instituiram quarentenas e distanciamento social para reduzir a velocidade de transmissão do vírus SARS-CoV2, vulgo coronavírus. Essas medidas já salvaram a vida dezenas de milhares de pessoas, e estima-se que salvarão mais centenas de milhares, se não milhões, de vidas.

Naturalmente, tais medidas de quarentenas resultam em um impacto negativo para as economias locais, nacionais, e global, ao remover trabalhadores dos setores produtivos, e ao divorciar consumidores de suas rotinas de consumo. Apesar de estudos demonstrarem que uma pandemia descontrolada com milhões de mortes, e centenas de milhões de doentes, deve deprimir mais as economias do que o isolamento social, o ímpeto maior da maioria dos governos mundo afora é, em primeiro lugar, salvar essas vidas.

Não obstante, vemos membros d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias expressando opiniões contrárias a tais medidas literalmente destinadas a salvar vidas em prol de se manter o status quo econômico que prima pela produção industrial, o consumo de bens e serviços, e o acúmulo de riqueza.

Como tivemos o curioso privilégio de ler recentemente de uma membro da Igreja o seguinte comentário sobre a atual crise resultante da pandemia:

“Meu marido acha que deveríamos simplesmente deixar 2% da população morrer ao invés de deixar milhões de pessoas perderem seus empregos por causa da falta de comércio.”

Não ficou claro se seriam 2% da população brasileira (20 milhões) ou global (750 milhões), mas ninguém ousaria achar que esses são números baixos de vítimas fatais. Aparentemente, alguém acha que não são números altos demais de mortos em nome de uma economia que cada vez mais gera riquezas para ricos e ultra-ricos.

Ninguém exemplificaria melhor, em público, essa face do mórmon que escolhe o dinheiro acima de vidas humanas do que o comentarista político e membro da Igreja SUD, Glenn Beck.

Beck aproveitou o seu programa de televisão para anunciar que todos deveriam voltar aos seus trabalhos e às suas vidas normais para o bem estar econômico dos empresários e donos de produção, aceitando a possibilidade da morte dos mais fracos e vulneráveis como um efeito colateral aceitável.

 

Mórmons gostam de alardear que são Cristãos, e portanto esperar-se-ia que espelhariam suas condutas e crenças pessoais nos ensinamentos de Jesus. O que diria Jesus sobre isso?

Jesus e os Evangelhos

Os documentos mais próximos do Jesus histórico são os quatro Evangelhos que foram agrupados no Novo Testamento. Embora haja espaço para interpretações e discussões sobre muito do que os Evangelhos dizem de e sobre Jesus, uma coisa é abundantemente clara e inequívoca. Jesus não gostava de dinheiro, riquezas, bens materiais, e pessoas preocupadas com estas coisas.

Para Jesus, quem se preocupava com dinheiro e riquezas, não era capaz de se preocupar com Deus e as coisas da divindade (ênfases nossas):

Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam. Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam, nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. (…) Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom.

Algumas traduções traduzem o termo grego “Mamom” para deixar a citação ainda mais clara:

“Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro.

(…)

Grego: Mamom.”

Para acadêmicos e tradutores, a origem da expressão “Mamom” inequivocamente significa “riquezas”, “fortunas”, “fartura”, ou “lucro”:

“A palavra Mamom vem … do latim pós-clássico mammona ‘riqueza’, usado mais importantemente na Bíblia Vulgata … Isso foi emprestado do grego helenístico μαμωνᾶς, que aparece no Novo Testamento, emprestado do aramaico מָמוֹנָא māmōnā, um forma enfática da palavra māmōn ‘riqueza, lucro’, talvez especificamente do dialeto siríaco. A grafia μαμμωνᾷ refere-se a “uma divindade síria, deus das riquezas; daí riquezas, fortunas”; μαμωνᾶς é transliterado do aramaico [ממון] e também significa “riqueza”.”

Em outra ocasião lemos Jesus pregando o mesmo princípio, ensinando que a busca pelo dinheiro é “detestável [para] Deus” (ênfases nossas):

“Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito. Assim, se vocês não forem dignos de confiança em lidar com as riquezas deste mundo ímpio, quem lhes confiará as verdadeiras riquezas? E se vocês não forem dignos de confiança em relação ao que é dos outros, quem lhes dará o que é de vocês? Nenhum servo pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará outro, ou se dedicará a um e desprezará outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro. Os fariseus, que amavam o dinheiro, ouviam tudo isso e zombavam de Jesus. Ele lhes disse: “Vocês são os que se justificam a si mesmos aos olhos dos homens, mas Deus conhece o coração de vocês. Aquilo que tem muito valor entre os homens é detestável aos olhos de Deus.”

Em ainda outra ocasião, lemos Jesus clarificando que qualquer preocupação com bens materiais é contra Seus ensinamentos (“a mensagem”):

“mas, quando aparecem as preocupações deste mundo, a ilusão das riquezas e outras ambições, estas coisas sufocam a mensagem, e ela não produz frutos.”

Em Suas parábolas, Jesus ensinou a futilidade de se passar a vida em busca de riquezas ou como Seu Reino era dos pobres e marginalizados, não dos ricos e abastados. Em Suas pregações, deixou claro que Ele viera pelos pobres e oprimidos, e que Ele abençoaria os pobres enquanto amaldiçoaria os ricos:

“Mas ai de vocês, os ricos, pois já receberam sua consolação. Ai de vocês, que agora têm fartura, porque passarão fome. Ai de vocês, que agora riem, pois haverão de se lamentar e chorar.”

O Evangelho (“as boas novas”) de Jesus é para os pobres, não para a classe média:

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres.”

E nenhuma lista sobre as opiniões de Jesus sobre dinheiro, lucro, e comércio poderia deixar de incluir que lemos nos Evangelhos como o Seu ódio por dinheiro, lucro, e comércio literalmente transbordou em violência física contra pessoas que nada mais ali estavam contribuindo à economia e ajudando peregrinos religiosos.

Salvar vidas ou salvar a economia?

O Jesus descrito no Novo Testamento também é explícito sobre, além da importância para Ele do abandono da busca por opulência e bem estar material, a primazia do auto-sacrifício em prol da minoria perdida:

“O que acham vocês? Se alguém possui cem ovelhas, e uma delas se perde, não deixará as noventa e nove nos montes, indo procurar a que se perdeu?”

Jesus ensinou que se abandona 99 para resgatar 1, e não que se mata 2 para que 98 possam ir ao shopping e gozar de abundâncias materiais.

18 comentários sobre “Mórmons Escolhendo Mamom, Coronavírus Revela

  1. O mais grave diante de todas as evidências em relação ao patrimônio aculumulado da igreja em todos esses anos é que não há nenhum respaldo nas escrituras: Seja livro de mórmon ou D&C ( esc. padrão) pelo contrário: Existe escrituras que condenam, mas os membros jamais, jamais irão acreditar que a igreja utilizou doações de membros para enriquecer de forma indevida, os que se deparam com essa afirmação prontamente dizem: É impossível ou então dirão: A igreja é guiada por revelação e Deus nunca permitiria isso; incrível que no passado a igreja católica fez exatamente isso, mas não vem ao caso.
    A dissonância cognitiva explica bem isso, é preferível permanecer no engano do que encarar a dura verdade.
    Diante de todos esses escândalos que vieram a tona a começar pelos 100 bilhões de dólares; fica muito evidente que a igreja não é verdadeira, nunca foi.
    Não conheço nenhuma história bíblica de algum profeta ou apóstolo que tenha se corrompido, o único foi Judas e olhe o fim dele.
    Mas a igreja irá continuar a acumular patrimônio, irá continuar a enganar seus membros, irá continuar a cobrar dízimos conforme a lei dada a Moisés (mesmo que seja totalmente contrária as escrituras, sejam quais forem, pois os membros já foram convencidos de que o que realmente importa são as “revelações modernas” e que a igreja é “verdadeira”!

    • Exato amigo, eles se negam a ver a verdade pois não querem admitir que se enganaram todos esses anos, imagine o resto do dinheiro escondido que ainda nem sabemos quanto é, essa seita é cheia de segredos.

  2. Só o fato do Presidente Nelson ainda pensar que a missão dos jovens devem continuar em meio a pandemia já é algo que denota frieza e falta de sensibilidade dele. Está colocando a vontade da Igreja(primeira presidência) acima da saúde dos jovens missionários que agora irão servir nos EUA(no caso dos Americanos). O certo como falei no outro post seria cancelar todas as atividades e programas da Igreja afim de proteger a saúde dos membros, missionários e todos que eles se envolvem como por exemplo pesquisadores. Mamon pode ser associado a valores e dinheiro, mas também ao egoismo.

    • Mas onde o profeta manteve o trabalho? Todos os missionários (até aqueles que voltaram para seus países de origem) estão onde em suas próprias casa com seus familiares aguardando ou estão em suas respectivas casas das áreas também não podendo trabalhar. Onde eu moro, por exemplo, tem uma sister brasileira e uma mexicana. A mexicana já terminou a missão e está esperando autorização para voltar para casa, ambas ficam na casa da área e não podem sair. Não sei de onde vc tirou essa informação que a obra missionária continuou ou que os missionários estão na rua.

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