Pela quarta vez, Moroni Torgan é eleito deputado federal. O candidato do DEM foi o mais votado no estado.
Ele tem um histórico mórmon perfeito. Nasceu na condição de membro da igreja, e sua família se encontra entre os mais antigos conversos mórmons do Brasil. Até a origem do seu nome está ligada à tradição religiosa SUD. Foi missionário de tempo integral, casou-se no templo, enquanto ainda era estudante. Ganhou fama com uma arma ao alcance da mão e uma voz imperativa, prendendo bandidos e apreendendo drogas. Foi bispo, presidente de estaca, presidente de missão e setenta.
Aprovado em um concurso para delegado, chegou ao Ceará em 1983. Seu destaque na Polícia Federal chamou a atenção do então governador do estado, Tasso Jereissati, que o convidou para a pasta de segurança pública. Esta era uma área muito sensível para um governo cuja proposta era o fim do coronelismo do estado.
A atuação na Secretaria de Segurança trouxe grande visibilidade ao gaúcho, que resolveu candidatar-se a deputado federal na primeira eleição para o legislativo após a constituinte, marcando o início da presença de Moroni nos horários eleitorais da capital e estado.
Nos anos 90, venceu todas as eleições que disputou: para a Câmara Federal, duas vezes; para vice-governador, uma vez. Na virada do milênio, tornou público seu desejo de ser prefeito de Fortaleza, acumulando quatro derrotas consecutivas em eleições para o cargo.

Moroni Torgan durante seu segundo mandato como deputado federal pelo PFL, em 1999. Foto: Ana Araújo/Veja.
Na década passada, candidatou-se a cada dois anos, com exceção de 2010, quando estava em Portugal. Perdeu para prefeito em 2000, 2004 e 2008; foi eleito deputado federal em 2002, e não conseguiu se eleger ao senado em 2006. Embora goze de uma boa quantidade de eleitores fiéis, seu índice de rejeição é bastante alto, o que dificulta ser eleito para um cargo no executivo. Nas eleições de 2012, ficou em quarto lugar entre os candidatos a prefeito.
Mesmo que muitos cearenses já houvessem lido ou ouvido que Moroni era um mórmon fervoroso, foi no segundo turno das eleições de 2004 que a temática religiosa se tornou mais forte. Moroni foi bem crítico à proposta de sua oponente de incluir, desde o ensino fundamental, nas escolas do município, aulas de educação sexual, nas quais a homossexualidade era tratada de maneira positiva.
Recebeu o apoio das duas igrejas locais de maior poder de transformação do capital religioso em político – Igreja Universal e Assembleia de Deus. Sua propaganda eleitoral naquele pleito afirmava que ele era o candidato dos evangélicos, especulava a quantidade de evangélicos do município, e vendia a ideia que todas essas pessoas haviam abraçado sua candidatura.
Se durante os comícios dos primeiros momentos daquela campanha eram comuns apresentações de cantores como o vocalista de uma banda chamada Garota Safada, o último desses momentos de reunião política foi na verdade um culto religioso, com direito à apresentação de uma famosa cantora gospel, diversas orações e gritos de aleluia.
Em 2009, meses após sua terceira derrota na corrida para chefe do executivo do município, os jornais locais anunciavam seu abandono temporário da politica para dedicar-se a uma missão religiosa na Europa – havia sido chamado presidente da Missão Lisboa.
Percebido como SUD devoto, é muito benquisto pelos mórmons cearenses. Quando em campanha eleitoral, visita alas, estacas, e é convidado ao púlpito, onde presta seu vigoroso testemunho da veracidade do evangelho. Desde abril de 2012, é do sétimo quórum dos setenta, o que tem sacramentado suas visitas às capelas durante as eleições, agora na posição de quem preside sobre a reunião.
Após um jejum de 12 anos sem vencer uma eleição, o resultado deste domingo mostra que o gaúcho desfruta de grande prestígio entre os cearenses, confirmando sua condição de uma importante liderança política no estado que está próximo de completar 50 anos de mormonismo.
Aqui no Rio Grande do Norte não temos um desses, uma pena
.
que matéria inútil