Membros brasileiros d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias cantaram, por anos, um hino com letra abertamente racista.

Trecho do hino #24 do hinário SUD atual
O mais curioso nesse infeliz episódio da história mórmon no Brasil é que a tradução para o português introduziu trecho racista onde tal conotação não havia.
O hino em questão encontra-se, atualmente, no número #24 do atual hinário SUD sob o título Vem, ó dia prometido. O hino foi introduzido em sua versão original em inglês na 14ª edição do hinário SUD publicado em 1871 sob o título Come, thou glorious day of promise e ocupando o número #225.
A sua terceira estrofe lê-se assim:
Oh, that soon thou wouldst to Jacob
Thy enliv’ning Spirit send!
Of their unbelief and misery
Make, O Lord, a speedy end.
Lord, Messiah!
Lord, Messiah!
Prince of Peace o’er Israel reign.
O hino manteve-se inalterado desde então, ocupando agora o número #50, porém exibindo as mesmas letras no atual hinário SUD em inglês. Uma tradução literal dessa estrofe se lê assim:
Ó, envie logo a Jacó
O Seu Espírito edificador!
Na sua descrença e miséria
Ponha, Ó Senhor, um rápido fim.
Senhor, Messias!
Senhor, Messias!
Reino sobre Israel, Príncipe da Paz.
A atual tradução oficial do hinário SUD para o português, completado em 1990 e publicado no Brasil pela primeira vez em 1991, exibe esse hino na posição #24 e com sua terceira estrofe assim:
Vem o povo israelita
Libertar da servidão,
Da descrença e da desdita:
Abre as portas da prisão!
Ó Messias, ó Messias,
Israel toma em tua mão!
Compreende-se, tratando-se de uma canção com métrica, rima, e poesia em consideração, que haja uma certa liberdade na tradução de estrofes de hinos. A tradução oficial, embora nem de longe idêntica ou similar, racionalmente parece descrever os mesmos sentimentos de uma expectativa de redenção divina de um povo escolhido, a saber, o povo israelita.
O que torna ainda mais curioso a escolha de traduzir esse trecho com francas conotações racistas. O hinário SUD em português, antes dessa edição de 1991, exibia essa terceira estrofe do hino Vem, ó dia prometido, no número #171:
Torna o povo lamanita
Agradável à visão;
Se a marca foi predita,
Foi também o teu perdão[.]
Ó, Messias, nosso Mestre,
Ó[,] Senhor da Criação!

Página do Hinário de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, publicado em 1984
Ao optar por fugir do tema específico de Israel, para concentrar em uma alusão oblíqua aos supostos descendentes de Israel nas Américas, os tradutores e a liderança SUD no Brasil reforçaram aqui a crença de que a cor de pele dos ameríndios é, não apenas um sinal de maldição divina, e não apenas evidência de julgamento sobre o valor espiritual e moral de toda uma raça de pessoas, mas também “desagradável à visão”.
O hino brasileiro introduziu, portanto, gerações de membros da Igreja à crença que a pele escura é feia e desagradável, além de um sinal de maldição divina e baixa espiritualidade e moral. Pode-se enxergar na correção dessa tradução em 1990 um avanço para abandonar essa crença racista ou meramente uma correção técnica e linguística? Considerando que ainda há um hino no hinário em inglês com resquício histórico de supremacia racial, cuja tradução para o português omite tal conotação racista, pode-se enxergar uma preocupação ética por parte dos tradutores brasileiros?
Encontre aqui artigos sobre exemplos históricos de racismo na teologia e na cultura mórmon.
Interesse conotação….mas é uma versão……..mas não deve deixar de levar em consideração a “licença poética”, visto que também ha trechos em grandes obras brasileiras onde se tratou o negro como “macaco”, (Monteiro Lobato – Sitio do pica-pau amarelo – tia Nastácia subiu na parede como macaco…) mas é conforme a cultura da época e não deixam de ser grandes obras por causa disto…..o que deveria era regionalizar a música na igreja e desprender desta limitação de ficar preso a música americana ou europeia e ficar apenas fazendo versões.
Vale lembrar que estamos passando por um tempo de alteração cultural e percepção social em toda a humanidade.Novas filosofias estão sendo divulgadas e difundidas na era da “inteligência coletiva”.Óbvio que qualquer elemento textual antigo ou escrituristico ganham novas percepções.É interessante o Vozes Mórmons sempre publicar contrastes entre as escrituras e a filosofia/cultura moderna ” A “filosofia dos homens mescladas com escrituras ” pode ser algo sedutor e agradar uma mente intelectualizada arraizada na ciência.Contudo a pureza da revelação pessoal, da fé e ponderação espiritual proporcionam ricos tesouros de verdades e sabedoria a leitura da escrituras usando essas perspectivas que acabo de citar proporcionam um alicerces para a paz interior, conforto e entendimento sobre os dilemas da vida sejam eles individuais ou coletivos.