A Didática é o ramo dos conhecimentos que estuda os processos de ensino e aprendizagem. A didática não é somente escolar mas, ela pode ser usada em diversas instituições humanas como: família, trabalho, meios de comunicação, política e Igrejas.
A didática escolar brasileira caminhou a passos lentos, porém a didática usada pela Igreja SUD foi uma revolução desde o seus primórdios.

Abaixo um resumo dos 2 períodos didáticos brasileiros, o tradicional e o escola nova:
Tradicional
Começou com a vinda dos padres jesuítas catequisar os indígenas. Foi uma tentativa de os “civilizar” e convertê-los a fé católica. Essa maneira tradicional de se ensinar e aprender durou até os anos de 1930. Apesar de ainda existir em partes e ter sido tida pelo educador Paulo Freire (1921-1997) como “educação bancária”:
- O professor era detentor do conhecimento.
- Os alunos eram apenas receptores do conhecimento.
- Os conteúdos eram repetidos e memorizados.
- Não havia reflexões ou questionamentos sobre o que era ensinado. Tudo que era ensinado era verdade absoluta.
- Os alunos eram tidos como “mini-adultos” e até castigos físicos poderiam ocorrer, se houvesse indisciplina.
Escola Novista
Começou na década de 1930 em oposição ao ensino tradicional. O movimento inovou a maneira de ensinar mas, infelizmente muito do que foi investido foi em prol da elite deixando a população carente com uma educação desprivilegiada. Algumas de suas ideias eram:
- O professor não era a figura central e sim o aluno.
- O professor é apenas um colaborador, um incentivador da busca pelo conhecimento.
- Aproximação maior do conteúdo e realidade que os alunos vivem.
- Ensino diferenciado para quem não conseguia acompanhar o ritmo do conteúdo.
- Os alunos tinham liberdade maior que na antiga didática.
A didática usada na Igreja é algo bem interessante de se analisar. Em uma revelação moderna ao Presidente Joseph Smith Jr. nos é ensinado:
“Dentre vós designai um professor e não falem todos ao mesmo tempo; mas cada um fale a seu tempo e todos ouçam suas palavras, para que quando todos houverem falado, todos sejam edificados por todos, para que todos tenham privilégios iguais.” (Doutrina & Convênios 88:122)
Na didática SUD nem o professor nem o aluno são o centro das atenções, mas todos os que estão na aula são iguais. Obviamente se tiver um membro novo ou um visitante a explicação será para uma maior compreensão dele. Mesmo assim, alguma pergunta, sentimento ou vivência sobre o que é falado pode ser feita.
No Manual Pregar Meu Evangelho é ensinado aos missionários sobre fazer perguntas. Mas, isso não ajuda somente ele e sim a todos os que ensinam:
“As boas perguntas ajudarão você compreender os interesses, preocupações ou dúvidas que as pessoas têm. Elas podem melhorar seu ensino, convidar o Espírito e ajudar seus pesquisadores a aprender. As perguntas ruins podem intimidar, irritar e ofender os pesquisadores. Elas também podem fazer com que você perca o controle da aula. Procure fazer perguntas que:
- Sejam simples e fáceis de compreender.
- Ajudem as pessoas a pensar no que você estiver ensinando.
- Ajudem você a determinar se o pesquisador está compreendendo o que você estiver ensinando.
- Ajudem as pessoas a aplicar o que aprenderam.Exemplos de perguntas eficazes incluem:
- Que dúvidas você tem sobre o que ensinamos?
- Acredita que o Pai Celestial ama você? Por quê?
- De que modo cometemos às vezes o mesmo erro que as pessoas desta história?Evite fazer perguntas que:
- Incluam mais de uma ideia.
- Estejam relacionadas a doutrinas que você ainda não ensinou.
- Não tenham um propósito claro.
- Interroguem as pessoas ou sejam desnecessariamente indiscretas.Seguem-se exemplos de perguntas não muito eficazes:
- De que modo o fato de mantermos nosso corpo puro ajuda-nos a ter o Espírito e demonstra que estamos dispostos a seguir o profeta de Deus? (Mais de uma idéia.)
- É importante conhecer os mandamentos de Deus? (Resposta do tipo sim ou não, e muito óbvia.)
- Como vocês se sentem em relação ao Livro de Mórmon? (Antes de eles terem lido o livro.)
- O que podemos fazer todos os dias para nos sentirmos mais próximos de Deus? (Pergunta vaga, pedindo uma resposta específica: Orar.)
- Quem foi o profeta que veio depois de Noé? (Pergunta para que as pessoas adivinhem.)”
Jack Lyon um membro de Utah na comenta sobre leitura de escrituras:
“As perguntas abertas podem ser eficazes num debate sobre as escrituras. Muitos professores acham que pedir aos alunos que leiam uma passagem das escrituras é um bom modo de envolvê-los. Infelizmente, pode não ser. Algumas pessoas não sabem ler bem e podem tropeçar nas palavras. Os outros alunos podem ter dificuldade em ouvir a pessoa que está lendo. A pessoa que pode ser ouvida com mais facilidade na sala de aula é o professor, que está de pé diante da classe. Além disso, os professores podem parar no meio de uma passagem para fazer uma pergunta e estimular o debate.”
Sobre compartilhar experiências pessoais:
“Há mais nisso tudo, porém, do que apenas realizar um bom debate. Quando for adequado, o Espírito vai inspirar os alunos em seus comentários para que compartilhem o que o Senhor deseja que a classe ouça. Como o Senhor disse a Seus discípulos: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.”- Mateus 18:20
Evidentemente, precisamos tomar cuidado ao relatar experiências profundamente pessoais ou sagradas. Mas as histórias contadas pelos alunos podem contribuir em muito para melhorar qualquer aula. Como aconselha o manual Doutrina do Evangelho: “Relate suas reflexões, sentimentos e experiências relacionadas com a lição. Convide os alunos a fazerem o mesmo”.”
Mais informações: Um discurso sobreaprender e ensinar o evangelho
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Cara irmã Ligia, é sempre bom dialogar intelectualmente com alguém do ramo. Vou lhe contar uma história, a propósito dos desacertos da esquerda política na educação brasileira: uma certa vez estive em Cuba, a convite do Partido Comunista Cubano, com uma delegação que incluiu pessoas de vários países da América Latina. À época eu era professor de Geografia e História da rede pública no Estado do Rio de Janeiro, bastante influenciada pelas ideias escolanovistas, em particular por parte de Darci Ribeiro e sua pedagogia brizolista. Pois nas proximidades de Havana, junto com a colheita de laranjas de que participamos e da audição de discursos das autoridades cubanas, cada um de nós pôde escolher um programa pessoal para desenvolver. Eu optei por conhecer uma escola e ter contato direto com professores e alunos. Devo lhe dizer de minha completa surpresa em verificar a enorme diferença entre aquilo que eu via em casa, nos Cieps (ou “brizolões”), e o que havia em Cuba. Do que temos no Rio de Janeiro, e por extensão no Brasil, você deve conhecer sobejamente; porém, o que eu vi em Cuba foi um sistema altamente hierarquizado, até mesmo autoritário, que no entanto é extremamente eficiente em cumprir seus objetivos, permitindo, por exemplo, a universalização do ensino universitário em níveis de excelência raramente atingidos no resto do continente. Mas o que mais me impressionou foi ver, no fundo de uma sala de aula, uma pilha de livros didáticos de uso coletivo, já com vários anos de utilização. Impressos em papel jornal, os livros não estavam rasgados nem continham riscos ou nomes dos usuários. E sabe por quê? Porque livros didáticos em Cuba são propriedade coletiva, de maneira que aqueles que os danificam atentam contra a segurança do Estado, estando assim, mesmo na infância ou adolescência, sujeitos às punições legais. Fiquei pensando que, se Cuba faz parte da esquerda internacional, então alguém se esqueceu de ensinar aos cubanos como se faz política de esquerda. Porque aquilo lá é tudo o que qualquer ideólogo de direita sempre sonhou…