Algo que sempre tenho é a inveja santa.
Alguém poderá se perguntar como um cristão pode ter um sentimento tão ruim dentro de si. A inveja está entre os 7 pecados capitais e para muitos é considerado o pior deles. Mas há na teologia uma “inveja boa”.

Krister Stendahl, teólogo sueco e acadêmico bíblico, Bispo de Estocolomo da Igreja Luterana, e professor emérito na Universidade de Harvard, e colaborador da Enciclopédia do Mormonismo. Cunhou o termo “inveja santa”.
Krister Stendahl, teólogo sueco e acadêmico bíblico, Bispo de Estocolomo da Igreja Luterana, e professor emérito na Universidade de Harvard, e colaborador da Enciclopédia do Mormonismo. Cunhou o termo “inveja santa”.
Antes de conclusões precipitadas, é melhor entender o que é essa “inveja santa”.
Krister Stendahl (1921-2008) foi um teólogo e bispo luterano de Estocolmo, Suécia. Foi professor emérito na faculdade de estudos religiosos da Universidade de Harvard. Mesmo com as diferenças religiosas teológicas entre SUDs e luteranos, foi um grande amigo da Igreja e participou da Enciclopédia do Mormonismo.
Em 1985, ano quando seria dedicado o Templo de Estocolmo, ele reuniu a imprensa e citou 3 teses para alguém que estuda uma religião diferente da sua:
- Quando quiser entender outra religião, faça perguntas aos membros daquela religião e não aos inimigos dela.
- Não compare o melhor da sua religião com o pior de outra religião.
- Permita-se sentir uma “inveja sagrada” ao encontrar elementos em outras religiões não inseridos na sua para imitar.
O Bispo Stendahl é um comentarista em um vídeo sobre Templos e batismo vicário, onde comenta sobre duas dessas teses, e a terceira é citada de uma fala sua pelo filósofo da Universidade Brigham Young, Truman G. Madsen:
- “O que uma tradição religiosa diz da outra geralmente é uma violação do mandamento ‘não dirás falso testemunho’ (Ex. 20:16)”.
- “A maioria das pessoas pensam em sua própria religião como sendo a melhor e distorce as outras”.
- “Deixe-me citar um exemplo de inveja santa que tenho dos santos dos últimos dias. Nós luteranos, quando perdemos um ente querido, realizamos funerais e temos cemitérios. Mas isso encerra nossa preocupação com os que se foram. Os santos dos últimos dias se preocupam com seus antepassados, a ponto de desejarem levar as bênçãos da expiação de Cristo a eles e por isso constroem templos. De acordo com a instrução de Paulo em 1 Coríntios se batizam pelos mortos. Sinto inveja santa deles por isso”.
Bem, como podemos analisar, a “inveja santa” seria ver algum bom princípio, doutrina, costume, cultura religiosa, etc., que há em outras religiões e não na nossa. Em minha vida particular, tenho invejas santas de várias doutrinas cristãs ou não. Em minha vida como santo dos últimos dias, sendo membro leigo e até missionário, não via a mesma ideologia nos membros que conheci.
O bispo Stedahl ensinou um princípio importante de tolerância, igualdade e disse ter inveja santa de nós por conta de um princípio. Agora me pergunto, será que um santo dos últimos veria o luteranismo com os mesmos olhos?
Bem, não sei a maioria, mas eu particularmente tenho.
Luteranos preservam sua história. Ainda que com seus defeitos e com a sua crença da predestinação, esforçam-se para manter os cinco ideais da reforma protestante em destaque: Somente Cristo, e somente a escritura. Foram pioneiros em ajudar pessoas humildes a terem acesso às escrituras e ajudaram na alfabetização de alemães pobres. Vejo em luteranos muitos apologistas com um grande conhecimento religioso de sua fé. Essas são algumas considerações que tenho dessa vertente religiosa. Tenho em mim essa filosofia de olhar com bons olhos outras denominações e também de analisar alguns equívocos na minha própria.
Vale a pena perguntar: Mórmons têm essa inveja santa? E você como cristão ou religioso, a tem?
Eu assisti esse DVD, a única parte dele que ainda lembro claramente é essa. Concordei plenamente com isso desde muito tempo antes de ouvir, mas ao ouvir com tal clareza ficou mais latente em minha alma.
Lembrando do tempo de missionário realmente percebo o quanto isso falta, tanto em missionários como membros em geral, mas isso não é exclusividade nossa (talvez sejamos apenas mais discretos em público); é muito ferrenho o desdenho e críticas pesadas entre protestantes sobre outras denominações.
A primeira vez que ouvi esse termo “inveja Santa” foi no DVD da igreja intitulado “Entre o céu e a Terra” nas palavras do bispo Krister Stendahl. Desde então eu venho praticando esse atributo. São muitas as pessoas que me estimula a sentir “Inveja Santa”.
Inveja Santa pra mim é ter uma genuína admiração por algum atributo de alguém e desejar e esforçar para adquiri-lo também.