Ao ver a devastação do furacão Harvey, o pastor cristão conservador John McTernan argumentou recentemente que “Deus está destruindo sistematicamente a América” devido à sua ira com a “agenda homossexual”.

Desabrigados em Houston, Texas. | Foto: Adrees Latif/Reuters
Outros discordaram dos motivos da ira de Deus, mas não necessariamente com a suposição de que Deus pode estar furioso. Ann Coulter, comentarista política conservadora, por exemplo, brincou que a eleição de uma prefeita lésbica em Houston era uma causa mais “crível” para o furacão do que o aquecimento global. E, do outro lado do espectro político, um professor da Universidade de Tampa twitou que Deus havia punido os texanos por elegerem republicanos. Ele posteriormente expressou arrependimento, mas foi demitido.
É verdade que muitas tradições religiosas, incluindo o judaísmo e o cristianismo, veem desastres naturais como punição divina. Mas, como estudioso da religião, eu argumentaria que as coisas não são tão simples.
O Dilúvio em Gênesis
Algumas das primeiras narrativas da retribuição divina remontam a 2000 a.C.. A Epopeia de Gilgamesh suméria conta a estória de uma inundação catastrófica.
Os deuses decidem trazer a chuva para acabar com o “tumulto” da humanidade. Mas o deus das águas, Enki, adverte o homem justo, Utnapishtim, sobre o desastre iminente.
Utnapishtim salva a si e à sua família construindo um barco.
Elementos dessa estória mais tarde são ecoados no Livro de Gênesis da Bíblia Hebraica. Deus está bravo porque a Terra está cheia de violência causada por seres humanos e promete “destruir ambos, eles e a Terra”.
Noé é um homem “irrepreensível”, e Deus ordena que ele construa uma arca que seja grande o suficiente para manter sua família e “duas de todas as criaturas vivas”. Embora a humanidade pereça em um dilúvio, Noé preserva a vida na Terra.
Pode parecer óbvio que inundações na Bíblia estão associadas à raiva de Deus, mas afirmar isso significa perder a complexidade do texto.

Sacrifício de Noé, de Daniel Maclise (1847)
No relato do Gênesis, depois que as águas diminuem, Deus faz um convênio com Noé:
“Nunca mais destruirei todas as criaturas vivas”.
Essa promessa de não destruir a humanidade também é referida no Livro de Isaías, o profeta e vidente israelita. Em uma visão, Deus diz que, assim como ele prometeu a Noé que a água “nunca mais cobriria a Terra”, ele também prometeu não “estar com raiva”.
Abordagens Bíblicas do Sofrimento
A questão da ira de Deus está intimamente ligada ao problema do sofrimento humano. Afinal, como um Deus amoroso pode causar miséria humana indiscriminada?
Primeiro, precisamos ver como o sofrimento é retratado nos textos. Por exemplo, é também no Livro de Isaías que encontramos a história do “Homem das Dores” – um homem que toma sobre si os sofrimentos dos outros e é uma imagem de piedade.
Embora a Bíblia fale de seres humanos que sofrem por causa de seus pecados, algumas das passagens mais emocionantes falam sobre como as pessoas inocentes também sofrem.
O Livro de Jó relata a história de um “homem irrepreensível e reto“, Jó, a quem Satanás provoca todas os tipos de calamidades. O sofrimento torna-se tão intenso que Jó deseja nunca ter nascido. Deus então fala dos céus e explica a Jó que os caminhos de Deus superam a compreensão humana.
A Bíblia Hebraica reconhece que as pessoas sofrem frequentemente sem culpa própria. Bem conhecido, o Salmo 42 é um lamento prolongado sobre o sofrimento que, no entanto, conclui louvando a Deus.
A visão da Bíblia Hebraica sobre o sofrimento não pode ser encapsulada em uma única mensagem. Às vezes, o sofrimento é causado por Deus, às vezes por Satanás e às vezes por outros seres humanos. Mas às vezes o propósito por trás do sofrimento permanece oculto.
A tradição cristã também fornece respostas diversas à questão do sofrimento.

‘Cristo Curando o Doente em Betesda’ por Carl Heinrich Bloch (1883)
O Novo Testamento de fato refere-se ao dilúvio de Gênesis ao falar sobre Deus castigando seres humanos. Por exemplo, Paulo, o apóstolo, observa que Deus trouxe o dilúvio sobre os “ímpios” do mundo.
Mas a Epístola de Tiago, uma carta no Novo Testamento frequentemente atribuída ao irmão ou meio-irmão de Jesus, diz que Deus não prova ninguém. Na verdade, aqueles que sofrem tribulações são em algum momento recompensados. O filósofo cristão primitivo Orígenes argumentou que, através do sofrimento, podemos entender nossas próprias fraquezas e dependência de Deus.
Nestas visões, o sofrimento não é castigo, mas algo que atrai os seres humanos para mais perto de Deus e de uns aos outros.
Falando de reflexões mais contemporâneas, o filósofo Dewi Zephaniah Phillips argumentou que é errado atribuir a Deus um sentimento humano como raiva porque Deus está além da realidade humana.
Acreditar que o furacão Harvey é “castigo de Deus” reduz o divino a termos humanos.
Deus é Misericordioso
Alguns teólogos rejeitam totalmente a idéia do sofrimento como retribuição divina pois tal ato seria indigno de um Deus misericordioso. Do ponto de vista cristão, Deus também sofreu por ser crucificado na cruz como Jesus Cristo.
E portanto, como pesquisador católico romano, eu argumentaria que Deus sofre com pessoas em Houston – bem como em Mumbai, que experimentou inundações muito mais extensas recentemente.
Nas palavras do teólogo alemão Jurgen Moltmann,
“Deus cura as enfermidades e as dores, fazendo com que as doenças e as aflições sejam seus sofrimentos e sua dor”.
Então, em vez de nos fixarmos na ira de Deus, precisamos entender a bondade e a misericórdia de Deus. E isso, em tempos de crise e angústia, são a bondade e a misericórdia que exigem que possamos atingir aqueles que precisam de conforto e assistência.
Comentei isto com o élder que me batizou,disse a ele apenas que Deus está chamando a atenção apar alguma coisa,com certeza..e é nada mais nada menos por o governo insisti em não cooperar com a vida no planeta insistindo pela poluição e a não preservação….
Esses eventos naturais nao sao ligados as profecias citadas em Isaias, Livro de Mormon ou em Apocalipse. Esses eventos ocorrem naturalmente ao contrario das calamidades citadas nas escrituras. Quando as calamidades que foram profetizadas comecarem a acontecer, ninguem tera duvida que e a mao de Deus causando tais eventos, eles serao de magnitude muito maior do que nos imaginamos, basta ler 3 Nefi e ver as calamidades que aconteceram quando Jesus foi cruxificado, os eventos causados pela mao do Senhor sao muito diferentes e muito mais intensos e desastrosos. O Senhor deixou claro que ele iria desnudar seu braco e fazer cair a espada da justica sobre as nacoes, isso indica que ele certamente fara com que os povos saibam que e ele quem esta agindo.