Dívidas Missionárias

Jovens d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias são convocados a servir 18 a 24 meses como missionários.

Em teoria, esses jovens são voluntários e são sustentados seja por suas famílias, seja por suas poupanças pessoais, durante esse período.

Contudo, a Igreja solicita doações de todos os membros da Igreja destinados a um fundo destinado a financiar as missões dos jovens que não gozam de estrutura familiar ou financeira para se sustentar enquanto trabalham como missionários para a Igreja.

O que fazer, porém, quando alguns líderes ameaçam os jovens e suas famílias para que paguem quando recebem ajuda desse fundo?

Recebemos recentemente uma carta de uma leitora pedindo ajuda ou orientações e gostaríamos de compartilhar essa história para que mais pessoas pudessem oferecer sugestões.

Preciso de uma ajuda de vocês. Meu namorado serviu missão e retornou há um ano atrás, e hoje sua mãe me relatou que meus líderes haviam cobrado dela uma dívida que meu namorado acumulou da missão. Bom, ela me relatou também que os irmãos lhe haviam mandado dinheiro durante a missão, só que ele não recebia porque os irmãos colocavam no envelope do dízimo. Bom, esse dinheiro acredito eu que foi para descontar o valor da missão. Bom, eu queria saber com funcionar esse valor que os rapazes e moças pagam para fazer missão? E, também, minha sogra relatou que não irá pagar e como fica esse caso? Porque falaram para ela que se ele não pagar pode até ser excomungado da igreja. Como não entendo nada sobre isso, preciso de uma orientação.

Quais orientações poderíamos passar para essa moça? Como ajudar esse rapaz e sua família?

É inteiramente possível que os líderes locais estejam sendo cobrados pela liderança da Estaca ou da Área para aumentar suas contribuições financeiras, especialmente ao fundo missionário. E estes, consequentemente, estão cobrando daqueles que já receberam essa ajuda como se tivessem recebido empréstimos ao invés de “ajuda de custo”. Custos missionários são “retirados” dos fundos locais (i.e., alas e estacas) de onde o jovem oriunda nos livros contábeis da Igreja, apesar dos fundos serem todos centralizados em uma conta única.

A nossa impressão é que o fundo missionário é uma complementação para o sustento desses missionários e não um empréstimo e, portanto, não pode ser cobrado como uma dívida. Ademais, embora os familiares dos missionários sejam sempre encorajados, e até pressionados, a contribuir “generosamente” para o fundo missionário para cobrir os gastos, eles não são assim obrigados por nenhuma lei ou regra eclesiástica. Certamente, eles não podem ser obrigados legalmente para oferecer o que é oficialmente uma contribuição religiosa voluntária. A ameaça de excomunhão não parece ter respaldo nas próprias leis eclesiástiças internas. Como ainda não houve missionários cobrando na Justiça do Trabalho os direitos trabalhistas por esse período é quase um milagre.

Lembremos, finalmente, que a Igreja alterou recentemente suas regras para determinar que ela tem o direito de gastar as doações para o fundo missionário como lhe bem prouver, mesmo que não seja com missionários como anunciado.

Quais sugestões podemos oferecer a esse rapaz e sua família?

91 comentários sobre “Dívidas Missionárias

  1. Pessoal é fogo, viu ? MAS, já acompanhei várias coisas erradas feitas por membros da igreja em cargos da liderança.

    Uma das coisas que me deixou mais triste e insatisfeito por exemplo foi da Deseret Industries (organização da igreja SEM FINS LUCRATIVOS) cortar a jornada dos trabalhadores de 40 para 30 horas para não ser obrigada a pagar o plano de saúde para cada (algo exigido em 2013 pelo presidente Obama).
    fonte: http://www.sltrib.com/sltrib/blogsfaithblog/56374475-180/workers-hours-health-cuts.html.csp

    Agora voltando ao caso, isso é balela, o rapaz não pode ser excomungado por isso !!!

    • Não, Juca… é um registro interno financeiro da igreja, ao qual não temos acesso (apenas funcionários e alguns líderes do alto escalão). Nada disso vai numa ficha de membro, cujo acesso se dá por pessoas da Ala, vários líderes, inclusive, e isso abriria espaço para algum processo dada a quebra de sigilo e exposição da vida pessoal de uma pessoa sob pena de danos morais.

    • Fica sim, pq meu esposo foi cobrado, e tinha ate o valor que foi pago por mim e pela minha sogra, e o bispo tinha o valor que estava “faltando”, para quitar a tal divida.

    • Corrigindo-me:
      O que quis dizer é que não fica registrado na ficha do membro, que é pública para ele e a maioria dos líderes, mas sim, fica registrado em algum lugar, em algum arquivo que não temos acesso direto.

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