Uma Família Tenho Sim!

 Uma reflexão sobre as famílias SUD não tradicionais

A família é a unidade central para muitas denominações religiosas cristãs. Na doutrina SUD não é diferente e pode ser mais complexa ainda. Por verem o casamento, a paternidade e a maternidade como relacionamentos importantes para o progresso eterno, a família é preservada para que todos possam viver unidos para sempre.

Família

Porém, nem sempre isso acontece na prática. Há muitas mães ou pais divorciados que cuidam de seus filhos. Alguns só o pai ou a mãe é membro fazendo faltar um “pedaço” da família. Outros casos é da moça ou mulher já ter um filho e não conseguir se relacionar com alguém.

Penso nas crianças que vivem nessas situações adversas e cantam os seguintes versos:

“Uma família tenho, sim!
Eles são tão bons pra mim
Quero viver com eles para a eternidade assim!”[1]

“Todos os dias vejo minha mãe se ajoelhar
Com toda a família e ao Pai Celeste orar (…)
Abençoado é nosso lar; Tem do sacerdócio o poder”[2]

Não deve ser fácil, cantar algo que está longe de sua realidade. Obviamente as músicas devem ser para incentivar a crescerem, casarem e respeitarem os pais. Mas parece que falta algo para essa realidade que existe socialmente na Igreja. O Élder David S. Baxter em um trecho de seu discurso voltado para mães e pais que criam os filhos sozinhos disse:

“Nunca sintam que estão em um tipo de segundo escalão, uma subcategoria de membros da Igreja, e que de certa forma são menos merecedoras das bênçãos do Senhor do que os outros. No reino de Deus não há cidadãos de segunda classe. Esperamos que, quando assistirem às reuniões e virem famílias aparentemente completas e felizes ou ouvirem falar de famílias ideais, sintam-se felizes por fazer parte de uma Igreja que enfoca a família e ensina o papel central que ela desempenha no plano do Pai Celestial para a felicidade de seus filhos;(…) Membros e líderes, há algo mais que vocês podem fazer para apoiar a família das pessoas que criam sozinhas os filhos, sem julgar nem criticar? Será que poderiam cuidar dos jovens dessas famílias, em especial oferecendo aos rapazes um exemplo de como os bons homens agem e vivem? Na falta do pai, será que estão dando um exemplo digno de ser imitado?”[3] [ênfase nossa]

Esta é a semana das crianças! De todas elas, independente se têm pais ou não. Todas são importantes para o Senhor.

Para refletir:

  • Será que estamos lidando bem com essa situação?
  • Será que as próprias crianças seladas aos pais convivem bem com as que não têm esse privilégio?
  • Será que as professoras e líderes da Primária sabem como agir nessas situações?

Referências
[1] Hinário SUD, Hino 191, “As Famílias Poderão Ser Eternas”, Letra de Ruth M. Gardner(1927-1999) e Música de Vanja Y Watkins (n.1938).
[2] Hinário da Primária, páginas 102-103, Letra e Música de Janice Kapp Perry(n.1938).
[3] Fé, Força, Realização: Mensagem para as Pessoas Que Criam Sozinhas os Filhos, Elder David S. Baxter, Conferência Geral de Abril de 2012.

7 comentários sobre “Uma Família Tenho Sim!

  1. É bastante comum nas escolas onde trabalho, famílias em diferentes configurações e acho muito saudável esta diversidade. Todo ano realizo um trabalho voltado para questões das diferenças nas escolas, tendo por objetivo promover o diálogo para diminuir o preconceito contra as pessoas com deficiência e com surdez. e em nosso diálogo sempre vem à tona, a questão dos homossexuais, do negro, da mulher. Por ser tão comum famílias que não pertencem ao modelo “ideal” na escola, que lá, o preconceito entre os alunos quase não se percebe. Já para Igreja é um ponto nevrálgico, tendo em vista que ela prega o modelo tradicional de família e como bem lembrado no artigo, canta-se hinos, prega-se nas aulas, prega-se na reunião sacramental, ou seja, tudo concorre para o modelo ideal de familia, a tradicional com pai, mãe e filhos.De fato, é uma situação delicada para as líderes e professoras da primária tratarem do assunto, quando possuem em suas classes crianças com uma realidade diferente, é preciso discernimento para não “excluir” . Quanto à convivência entre as crianças, tudo vai depender de como seus pais tratam esta questão em suas vidas, se de forma preconceituosa ou não. O preconceito é aprendido socialmente. Se professores e lideres da primária sabem agir nesta situação? Eu não sei, mas que vão se deparar com o conflito, a isso vão!

    • ASSUNTO TOTALMENTE DESNECESSÁRIO E INVASOR , MESMO PORQUE NÓS CREMOS QUE AS FAMILIAS PODEM SIM SEREM ETERNAS ;

      O MAIOR IMPULSO DO HOMEM É : O DA PRESERVAÇÃO DA ESPÉCIE E NÃO HÁ COMO NÃO GENERALIZAR , ESTE COMPORTAMENTO ATUAL E PERNICIOSO VIVIDOS POR PESSOAS VAZIAS E SEM A CONDIÇÃO PRÓPRIA DE PODER AMAR E SER AMADO , PORQUANTO É DE INTERESSE DA HUMANIDADE QUE A CONSTITUIÇÃO DA FAMILIA SEJA UMA PRIMÍCIA NA ORDEM DA EVOLUÇÃO .

      • Não está sendo falado que não se deve ter famílias assim ou que as crianças não devem ser ensinadas a prepararem-se pra casar.

        O que está sendo abordado é o fato de existirem mães ou pais que são membros sem o cônjuge ou pais ou mães solteiros. Consegue imaginar como é na mente de uma criança cantar que tem uma família eterna sendo que não tem? Consegue imaginar uma criança cantar que em seu lar tem o sacerdócio e não tem?

        A questão é em si um olhar e algumas políticas para ajudar essas pessoas a não serem excluídas. Conheço pessoas que agem como se fossem melhores que as outras por um selamento e filhos no convênio. Isso jamais será uma atitude cristã. Se o assunto é tão desnecessário por que foi falado numa Conferência Geral?

      • Falácia naturalista. Se fala sobre a preservação da espécie, pq nega a naturalidade da homossexualidade que é vista justamente em animais também? A taxa de homossexuais estritos são muito baixas para prejudicar a espécie humana. Eles nascem dessa forma, já foi comprovado cientificamente, a Igreja não prega a cura gay e os profetas já falar que ser gay não é pecado. Então não use essa bobagem naturalista da procriação, pq o embasamento biológico apóia o relacionamento homossexual como característica. Duvido que nunca viu um cachorro macho montar em cima de outro. O que impede o ser humano, como os outros animais é passar seu genes adiante, ou seja, o sexo. A mente dos homossexuais funciona igual. A diferença é que eles só sentem a satisfação da “missão cumprida” pela transmissão dos genes ao realizar o sexo com alguém do mesmo sexo. É semelhante ao prazer da masturbacao. Passar os genes adiante não significa engravidar alguém.

  2. Oi Julio Cesar bom dia, eu conheço muitas pessoas, muitas mesmo que sentem o maior orgulho, por ter uma família selada no templo. Meus olhos não as vê agindo como se elas fossem melhor que outras.
    Eu acho que muita coisas que a gente vê acontece muito no nosso modo de ver. O que eu vejo muito na igreja são pessoas que se comparam a essas pessoas e se sentem inferiorizadas por elas mesma, elas que se abatem por não estar nas mesmas condições. Eu falo isso por experiência própria. Eu tive uma infância e adolescência muito humilde e sentia inveja de outras crianças e jovens da minha idade. Foi aí que eu decidi ser melhor do que eu era, antes que essa inveja se tornasse em algo ruim. Passei a pensar e agir diferente. Eu tinha muita dificuldade em ler e eu era muito tímida. Desistir? jamais! Passei a me dedicar a leitura e imitar as pessoas que eu invejava, tornei minha inveja um trampolim para me desenvolver e ela se transformou em algo virtuoso. Com o passar do tempo desenvolvi a leitura e me transformei em alguém mais evoluída. Eu não parei por aí, eu também queria muito ser uma conhecedora do evangelho, por isso fui estudá-lo, quis me casar no templo e trabalhei duro pra isso! Quiz fazer faculdade e fui, quis fazer pós e assim foi.
    Infelizmente no mundo Mórmon tem muitas pessoas que se sentem inferiorizadas e desistem com as mais variadas justificativas. Conheço muitas moças e rapazes que saíram da igreja e foram ter filhos fora e depois de 10 anos voltaram com filhos fora do casamento e essas crianças com certeza lidaram com a angustia de cantar “Uma família tenho sim” “quando chega em casa o papai” ou “Todos os dias vejo minha mãe se ajoelhar com toda a família”. Esse é um problema que nós e eles temos de enfrentar e não é porque tem crianças que infelizmente estão sofrendo pelas escolhas de seus progenitores que as famílias que estão em melhores condições tem que se sentir culpadas e deixar sua satisfação desaparecer. Diga-se de passagem que atualmente tem mais famílias fragmentadas na igreja do que famílias neste padrão. Aí naturalmente o “Orgulho Santo” de ter uma Família selada no templo aumenta mais ainda!

    • Sim entendo perfeitamente. Como converso já adulto não posso dizer isso em si como criança. Há pessoas que tem sim um sentimento bom sem maldade. Mas também temos os que se sentem melhores o que é comum tem todo o lugar e denominação religiosa. Culpadas obviamente que não mas, acredito que há um etnocentrismo quanto a isso. É algo perigoso para uma criança crescer assim. Conheci uma irmã que dizia que em Doutrinas de Salvação dizia que “os espíritos mais especiais nasciam sob o convênio”. A Igreja é um tanto elitista e de status. Quando fui missionário muitos em parte nem davam crédito por ser mineiro onde havia aquele esteriótipo de “Mazaropi”. Em minha cidade onde a população tem esse costume de metideza então piorou. Vejo um “dois pesos duas medidas” naturalmente. Claro que não culpo a Igreja em si muito menos o Senhor. isso é coisa de membros mesmo. Também o fato de estudar ciências humanas me fez reparar por mim mesmo algo que a maioria dos membros do senso comum ao modo Benson e Kimball queriam.

      O texto também é mais uma homenagem a pessoas que vivem nessa situação. Ser do convênio ou não, não faz ninguém melhor ou pior. Eu gostei do seu comentário no outro post sobre didática. 😀

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