Nós e os outros

Pretendemos o privilégio de adorar a Deus Todo-Poderoso de acordo com os ditames de nossa própria consciência; e concedemos a todos os homens o mesmo privilégio, deixando-os adorar como, onde ou o que desejarem.

A Regra de Fé acima é uma forte posição a respeito da liberdade religiosa de todo ser humano. Mas nem sempre, no cotidiano da igreja, as referências a outras religiões fazem jus a essa doutrina. Quando se fala em religiões em geral, tudo bem; os problemas surgem quando se citam denominações específicas. Compartilho quatro episódios da minha própria experiência. 

1. Em um treinamento, meu bispo falava sobre o pecado quando disse “claro que não podemos ser como os crentes que veem o mal em tudo”. Ri um pouco por dentro, pensando se devíamos ser como os “descrentes”. Obviamente, ele fazia uma referência a cristãos evangélicos.  Será necessário lembrar que “crente” soa um tanto pejorativo? E que religião é essa onde seus membros enxergam o mal em tudo? Eu já encontrei pessoas assim sem filiação religiosa e até mesmo …na minha religião.

2. Em um discurso da sacramental, um conselheiro do bispado contava sobre sua experiência como missionário na Bahia e um episódio em que foi visitar uma irmã para ministrar a ela uma bênção, dizendo “o candomblé é uma religião muito forte lá e ela estava tendo problemas por causa disso”. Problemas sociais? Espirituais? Emocionais? Familiares? Isso não ficou claro. Ficou claro que o candomblé causa problemas.

3. Estava numa aula da Escola Dominical quando a professora perguntou quem achava que Jeová era Deus e quem achava que Jeová era Jesus. Depois da breve enquete, ela leu a definição do Guia de Estudo das Escrituras de que era Jesus. A seguir, um sumo-sacerdote começa – do nada – a falar que as Testemunhas de Jeová não tinham a informação correta sobre quem era Jeová por não ter revelação e … por não seguirem o Novo Testamento! Como as pessoas não se envergonham de falar sobre fatos que desconhecem? Não sei, mas acho que é pelo costume.

candles4. O episódio mais emblemático foi durante a rededicação do templo de São Paulo, em fevereiro de 2004. O presidente Hinckley falava da redenção dos mortos e mencionou uma visita que fez à catedral de Notre Dame, em Paris. Ele viu um altar cheio de velas e perguntou ao seu guia o que simbolizavam. O guia respondeu que era em memória dos mortos, para que a luz guiasse suas almas. As pessoas que estavam comigo na sede de estaca, assistindo a transmissão ao vivo, riram. Imagino que a plateia no templo de São Paulo também riu.

Tenho quase certeza que o pres. Hinckley não teve a intenção de fazer uma piada, ainda mais em um país tão católico quanto o Brasil. Ele – imagino – pretendia dar um exemplo de como as pessoas desejam fazer algo por seus mortos e como os templos sud oferecem tal oportunidade, etc. Mas de que forma os membros brasileiros entenderam? Como uma piada sobre a fé católica.

Você, leitor(a), já ouviu nas reuniões dominicais referências positivas a outras religiões?

12 comentários sobre “Nós e os outros

  1. Off-topic, ainda… 😛

    Obrigado pela resposta, Antônio. Por exemplo, como conciliar Moisés 1:6* com a crença de “Cristo Deus do Antigo Testamento”?

    *”E tenho uma obra para ti, Moisés, meu filho; e tu és à semelhança de meu Unigênito; e meu Unigênito é e será o Salvador, pois ele é cheio de graça e verdade; mas não há outro Deus além de mim e todas as coisas estão presentes comigo, pois eu as conheço todas.”

    No texto, o personagem que fala com Moisés identifica-se como Deus (o Pai) e assevera que Moisés é à semelhança do Seu Unigênito (Cristo). Ou seja, no mesmo contexto são apresentados dois personagens distintos, Deus e Cristo, sendo que Moisés – como personagem do Antigo Testamento – interage com Deus. Mas, dentro da teologia SUD atual, o correto não seria Moisés ter interagido com Cristo, já que este era o Deus do Antigo Testamento? Ou seria o caso que Moisés tinha um acesso especial à deidade, por ser portador do sacerdócio segundo a Ordem do Filho de Deus?

  2. Fico abismado . . . .

    Ôpa! Primeiro deixe-me me apresentar:

    Sou Wandrey Suárez, uma testemunha de Jeová a muitos anos. Fico feliz de me receberem bem aqui*. vim através do Google (quando se menciona o nome Jeová, a menção chega em minha caixa de correio) e li a excelente matéria do irmão. Vi que o irmão é como os bereanos, que tem uma ‘mentalidade mais nobre dos que [muitos outros]’, conforme reconheceu o apóstolo Paulo, ao elogiar pessoas que ‘usavam suas faculdades de raciocínios’.

    Afora sim: Fico abismado em ver crente falando mau de crente – irmão contra irmão.

    Gostei do que o irmão concluiu a respeito dos comentários maus que se fazem a outras denominações religiosas, sobretudo ao que se disse da minha religião. O motivo de minhas observações é que, bem semelhante ao irmão, também não gosto de ‘rebaixar os outros’ para me enaltecer. Não sei mesmo que espírito faz com que certos indivíduos hajam assim – o “espírito dos Deuses santos” é que não é. – Daniel 4:8, 9, 18.

    Aproveito para anunciar aos irmãos que por aqui passam que Jeová presenteia a humanidade com mais uma publicação Sua. Trata-se de um periódico mensal – uma revista – e que, coincidentemente, para o mês de abril, ela reponderá à seguinte pergunta: “Quem é Jeová?”

    Convido a todos que a solicitem para que possam obter a resposta a esta e outras perguntas sobre os Deuses santos. Acredito que tudo que ela divulga é do mais alto interesse para nós, cristãos. Assim, deixo aqui o endereço onde vocês possam encontrá-la: meu blog

    ATT,

    Wandrey
    Apóstolo para as Redes Sociais e Blogs da Internet através da Associação Torre de Monitoramento de bíblias e Tratados do Brasil

    _____
    *Quando visito um blog e vejo que a caixa de comentário é privada, deduzo que não sou bem vindo e que, também, o dono do blog tem medo de ouvir comentários. Neste caso, deduzo também que o mesmo é um dominador de conversas. Fico grato que o irmão aqui não corresponde a tais.

    • Wandrey, obrigado pelo seu comentário e por sua participação.

      Aqui no Vozes Mórmons tentamos ser abertos e tolerantes, e mesmo que uns discordem em opiniões e crenças de outros, respeito e civilidade são as únicas regras.

      Acho que vamos escrever mais o nome Jeová em nossos posts para atrai-lo a comentar mais vezes aqui! Breve, passarei pelo seu para conversar ai, também! Saudações.

Deixe um comentário abaixo:

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.