O que Brigham Young achava de John Taylor?

John Taylor à esquerda e Brigham Young à direita
Nós publicamos um relato anotado por Samuel W. Taylor, neto do terceiro Presidente da Igreja SUD (1880-1887) John Taylor, de uma interação pessoal de seu avô com o segundo Presidente da Igreja SUD (1847-1877) Brigham Young que ilustra bem o que Taylor achava de Young. Agora, vejamos uma reconstrução pelo historiador Michael Quinn de vários relatos contemporâneos para ver o que Young achava de Taylor:
Como o apóstolo mais aculturado a unir-se aos Doze durante a vida de Joseph Smith, John Taylor antagonizava Brigham Young, que acreditava que seus próprios talentos seriam superiores ao de Taylor. “Tão logo se juntou ao Quórum dos Doze”, contaria Young aos apóstolos posteriormente, e John Taylor lhe dissera “você são os meus crioulos and vão ter que engraxar os meus sapatos.” Young jocosamente chamava John Taylor para terceiros como “Príncipe John”.¹
Young levantou acusações contra Taylor que teriam sido difíceis para qualquer um aceitar sem ressentimentos duradouros. Em certa ocasião, Young acusou Taylor de “tentar engolir cada moeda e cada centavo na Inglaterra”. Ele se recusou a reembolsar as despesas de Taylor com a fundação de uma refinaria de açúcar para a igreja com a explicação que Taylor havia “arruinado muitas e muitas famílias pobres” enquanto empresário. Taylor respondeu que não admitiria que Young lhe fizesse “engolir goela abaixo algo que não seja verdade”.² Young tinha sérias disputas com Orson Pratt, contudo ambos pareciam genuinamente respeitar um ao outro. Como contraste, Young e Taylor detestavam um ao outro em privado. ³
Compreensivelmente, Taylor tentou minimizar a significância de seu conflito com o presidente da igreja. “Quando o Presidente Brigham Young ainda era vivo”, Taylor relembrava com demais apóstolos, “houve algumas coisas na quais os meus pontos de vista divergiam dos dele”. ¹¹ Ainda assim, desde abril 1875 em diante, Young havia publicamente indicado a profundidade de sua desaprovação de Taylor. De acordo com Taylor, Young havia “dito que John Taylor era o homem que se posicionava ao seu lado; e onde ele não estava, ali John Taylor presidia”. ¹² Pelo contrário, quando esta afirmação lhe foi repetida um mês após o falecimento de Young, o primeiro conselheiro de Young Daniel H. Wells contou aos apóstolos que era uma absoluta mentira: “Élder Wells disse que ele não acreditava que qualquer homem jamais tivesse ouvido o Presidente Young dizer aquilo, pois ele sabia que ele nunca havia pensado isso.” ¹³ Para sustentar essa afirmação, Young nunca apresentou o nome de Taylor para voto de apoio em conferência geral como o presidente dos Doze e, ao invés, preferiu deixar o cargo desocupado. ²¹
No dia 1 de abril de 1877, o conflito entre Taylor e Young eclodiu durante uma reunião congregacional na cidade de St. George, no sul de Utah. O Apóstolo Wilford Woodruff anotou em códigos taquigráficos que o Presidente Young “reprovava os Doze [apóstolos] por não se unir na Ordem Unida [um empreendimento econômico] mais do que haviam feito”. O diário estava em código porque, como Lorenzo Snow posteriormente explicou, fora Taylor a quem Young havia “violentamente escurraçado” e dado um “terrível esporro”. O diário de Brigham Young Jr. relata que seu pai havia avisado que “os Doze deveriam tomar uma atitude diferente – isto é, alguns deles – ou eles perderiam suas Coroas e outros lhe tomariam o que tinham”. Ao invés de comendar Taylor como seu possível sucessor, Young ameaçava que ele estaria prestes a perder sua “Coroa” ou apostolado uma vez por todas.²²
Young estava tão furioso que cancelou a designação que havia dado a Taylor dois dias antes para organizar as estacas vizinhas com Lorenzo Snow. Ao invés disso, Young disse que Taylor deveria “voltar para casa e ir montar carroças até que aprendesse o certo do errado”. Snow julgou os ataques públicos de Young como “desnecessários” e ditos “injustamente”, mas Snow finalmente conseguiu intervir e convencer Taylor a pedir desculpas a Young. Snow estava convencido que Taylor “jamais” seria presidente da igreja se ele deixasse St. George sem pedir desculpas. ²³
Em quase 40 anos de associação apostólica, toda reconciliação entre Young e Taylor fora tensa e temporária. Quatro meses após essa confrontação pública, Young faleceu. Isso deixou Taylor como o apóstolo sênior sem o tipo de endosso que ele gostaria de ter e posteriormente afirmaria ter tido.
Referências
Quinn, D Michael, The Mormon Hierarchy: Extensions of Power, Signature Books, 1997.
[1] Ata do Quórum dos Doze Apóstolos, 16 nov 1847; Leonard Arrington, Brigham Young: American Moses, p. 198; Samuel W. Taylor e Raymond W. Taylor, The John Taylor Papers: Records of the Last Utah Pioneer, 2:522
[2] Ata do Quórum dos Doze Apóstolos, 16 nov 1847; Ata do Quórum dos Doze Apóstolos, 17 mar 1853; Samuel W. Taylor, The Kingdom or Nothing: The Life of John Taylor, Militant Mormon, p. 171-172
[3] Samuel W. Taylor, The Kingdom or Nothing: The Life of John Taylor, Militant Mormon, p. 159-174
[11] Ata da Primeira Presidência, 23 fev 1878, citado em Gary Bergera, “Seniority in the Twelve: The 1875 Realignment of Orson Pratt” em Journal of Mormon History 18:1, p. 53
[12] John Taylor, Succession in the Priesthood: A Discourse…, p. 17
[13] Diário de Moses Thatcher, out 1880, p. 120
[21] Samuel W. Taylor e Raymond W. Taylor, The John Taylor Papers: Records of the Last Utah Pioneer, 1:346n11; Leonard Arrington, Brigham Young: American Moses, p. 198; Deseret Evening News 10 abr 1875, 9 out 1875, 10 abr 1876, 9 abr 1877; Deseret News 1995-1996 Church Almanac pp. 42, 51; Daniel Ludlow (ed.), Encyclopedia of Mormonism 4:1638, 4:1648; Gary Bergera, “Seniority in the Twelve: The 1875 Realignment of Orson Pratt” em Journal of Mormon History 18:1, p. 19
[22] Diário de Wilford Woodruff, 1 abr 1877; Diário de Brigham Young Jr., 1 abr 1877
[23] Diário de Abraham H. Cannon, 9 abr 1890; Diário de Brigham Young Jr., 30 mar 1877; Diário de Heber J. Grant, 9 abr 1890; Samuel W. Taylor, The Kingdom or Nothing: The Life of John Taylor, Militant Mormon, p. 258-259
muito interessante.