Progresso Entre Reinos – parte I

Haverá progressão entre os graus e reinos de glória? O mormonismo ensina que Deus tem um plano de progresso eterno para seus filhos. Fazem parte desse plano três diferentes reinos de glória – telestial, terrestrial e celestial -, cada um possuindo em si diferentes graus, os quais são herdados de acordo com a obediência ao plano. 

Uma das lacunas na atual doutrina SUD é a possibilidade ou não de avanço de um grau a outro no mesmo reino, ou de um reino a outro. Alguém que herdou a glória terrestrial poderia, ao longo das eras, subir a uma esfera celestial?
 
As respostas que ouviríamos hoje na Igreja podem variar de um sincero “não sei” a um categórico “não!”. A literatura oficial da Igreja hoje parece não abordar tal tema, preferindo enfatizar que o progresso eterno será apenas acessível aos que forem exaltados. E, mesmo assim, o progresso eterno parece ser relativizado por algumas afirmações de que Deus não está progredindo porque já progrediu plenamente. Nesse sentido, o progresso eterno não ocorreria em termos do conhecimento ou retidão pessoal desenvolvidos por Deus, mas o progresso dos seus filhos.
 
brigham-1851Brigham Young defendeu o conceito de que não poderia haver um limite para o progresso de um ser. Caso houvesse, argumenta, tal ser seria condenado a um retrocesso:

O trabalho de Deus é ver que todos se tornem celestiais assim como ele. Depois das pessoas terem sido designadas a diferentes graus de glória, não é o fim do seu progresso. Elas continuarão a avançar acima, até que todos dobrem os joelhos e se tornem seres celestiais. Se o progresso cessasse em algum lugar na eternidade, em quaisquer dos reinos, elas seriam imediatamente jogadas para o caminho de retrocesso. (Journal of Discourses 1:350)

James_Edward_TalmageNa primeira edição do livro Regras de Fé, de 1899, o apóstolo James E. Talmage fala sobre a possibilidade de avanço entre graus e reinos:

É razoável acreditar, na ausência de revelação direta pela qual conhecimento absoluto do assunto pudesse ser adquirido, que, de acordo com o plano Deus de progresso eterno, avanço de um grau a outro dentro de qualquer reino, e de reino a reino será provido. Mas se os que recebem uma glória menor serão capazes de avançar, certamente as inteligências de um nível maior não serão impedidas em seu progresso; e assim podemos concluir que graus e níveis sempre irão caracterizar os reinos de nosso Deus. A eternidade é progressiva; a perfeição é relativa (…) (Articles of faith (Regras de Fé), 1899), p. 420-421)

Ainda que Talmage diga não haver uma revelação específica sobre o tema, ele afirma estar de acordo com a doutrina revelada a crença na progressão entre reinos, além de apontar para o fato que que não há perfeição absoluta, mas sim relativa. O parágrafo acima não foi incluído nas edições subsequentes do seu livro.

33 comentários sobre “Progresso Entre Reinos – parte I

  1. Esse é um bom assunto para reflexão A. T. Teixeira; eu procurei na minha pequena biblioteca o livro Regras de Fé e encontrei a mesma citação parafraseada no texto acima, mas levemente diferente. Na edição inglesa de 1959, pg 409 está escrito assim: “É razoável acreditar, na ausência de revelação direta pela qual conhecimento absoluto do assunto pudesse ser adquirido, que, de acordo com o plano de progresso eterno de Deus, avanço dentro de cada um dos específicos reinos será concedido; porém, a possibilidade de progresso de um reino para outro as escrituras não fazem nenhuma afirmação positiva. Eterno progresso em diferentes direções é concebível. Nós podemos concluir que graus e níveis caracterizarão os reinos de nosso Deus. Eternidade é progressiva; perfeição é relativa;” (citado em Doctrines for Exaltation, pg 219; tradução livre.) Será que editaram a opinião do Elder Talmage, ou ele mesmo reviu seus conceitos e os corrigiu posteriormente? O fato é que eu sou fortemente inclinado a negar o progresso entre reinos, mas existem muitas declarações\opiniões de autoridades gerais que aparentemente correm em sentido contrário ao que eu penso. Há alguns meses atrás eu me deparei com a seguinte declaração do presidente Brigham Young, falando sobre o destino dos filhos da perdição: “(…) a máxima punição dos filhos da perdição pode ser que eles, tendo seus corpos espirituais desorganizados, devem iniciar tudo de novo, devendo começar novamente a longa jornada da existência, repetindo os passos que eles tomaram nas eternidades antes do grande conselho ser realizado. Isso sim seria uma punição de fato!” (Widtsoe, Evidences and Reconciliations, 1987, pp 213; ver também Journal of Discourses, 7:57; 2:124; tradução livre). Eu percebo que a opinião do Presidente Young é amplamente baseada na posição de que punição = atraso, punição = ausência de progresso, e nesse sentido, se até aqueles que receberem a maior punição poderão recomeçar novamente a jornada, por que os herdeiros do telestial ou do terrestrial não poderiam, de alguma forma semelhante, avançar para reinos diferentes? São apenas conjecturas a espera da luz definitiva da revelação.

    • Espera, quando estávamos na presença de Deus, no mundo Pré-Mortal, nós tínhamos um corpo espiritual, viemos a Terra para poder ganhar um corpo mortal, para que por meio daquilo que fizemos possamos te rum corpo imortal.
      Pelo que entendi, uma pessoa com um corpo imortal, retrocede ao seu corpo mortal para ganhar outra oportunidade, ou pessoas que negaram a Cristo e não tiveram a oportunidade de ter um corpo farão isso.
      Pensa comigo, os espíritos sabem dessa doutrina, porque eles não passaram pelo véu do esquecimento, nunca vi pessoas com sentimentos tão revoltados e tão arrependidos como os deles. Se isso fosse verdade, porque a revolta, porque ele não aproveitariam seu tempo para tentar se preparar para sua outra oportunidade. Ou eles pensando em suas outras oportunidades iriam querer aproveitar para fazer tudo de ruim que quiserem.
      Não sei, são perguntas que me veem a mente, na verdade, acho que muitas revelações são dadas para aquietar a necessidade de alguém, ou de um povo.
      Deus deixou José Smith lar as placas, porque esse era seu desejo, imagino que muito de tudo que estamos falando seja o mesmo. Um desejo de aliviar a mente daqueles que sentem dor por ver os demais nas trevas exteriores. Foi assim com o casamento plural, Deus de acordo com o mundo o “escondeu”, assim com o impedimento do sacerdócio dos negros, pelo mesmo fator membresia iníqua e racista, assim é com tudo.
      Nisso refuto nas palavras do próprio Cristo ” por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres, mas ao princípio não foi assim” e junto com a dele nas Américas ” E ordeno-vos que escrevais estas apalavras depois que eu me for, a fim de que, se meu povo em Jerusalém—aqueles que me viram e estiveram comigo durante meu ministério—não pedir ao Pai em meu nome para saber a respeito de vós por meio do Espírito Santo(…)”. Concluindo que, pela dureza de nossos corações, muitas verdades antes postas na Terra são mudadas, porque estamos em um outro nível, porém, as respostas só vem por meio do estudo e da oração.

      OBS.: os saduceus foram severamente criticados por Cristo por acreditar em algo como reencarnação.

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