Em janeiro de 1948, surgia A Gaivota, revista oficial da Missão Brasileira da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Harold M. Rex, que teria pela frente apenas mais um ano como presidente da missão mórmon, escrevia sobre os propósitos do novo “magazine”:

As Autoridades Gerais da Igreja frequentemente apresentam nos Estados Unidos mensagens em forma de sermões ou artigos escritos, dando assim oportunidades a todos os membros da Igreja de os ouvirem ou lerem. Assim pretendemos trazer-lhes na GAIVOTA estas mensagens inspiradoras. (…) É de máxima importância a todos os membros e investigadores a leitura e estudo mensal deste pequeno magazine.

Apesar da ênfase dada por Rex nas mensagens das autoridades gerais, traduzidas das publicações norte-americanas Improvement Era, The Children’s Friend, Relief Society’s Magazine e Deseret News, A Gaivota oferecia espaço para o conteúdo nacional, trazia um expediente com nomes brasileiros e dava créditos aos tradutores.

Um dos textos brasileiros era assinado por Alfredo Lima Vaz, primeiro brasileiro a servir como missionário:

Partindo do Norte, os teus mensageiros de luz, já alcançaram as paragens mais longínquas do Sul, e dos demais continentes do mundo, e ao passar pelo sul, nessa ânsia incontida de iluminar o mundo inteiro, talvez guiados por uma cruz brilhante, de estrelas que todas as noites aparece no céu de uma das suas terras, uma terra bonita, toda verde como que a simbolizar esperanças no futuro, cujo céu é mais azul, nas palavras do poeta, os teus mensageiros chegaram-se a ela, encontrando o BRASIL! Um Brasil menino ainda, mas na idade exata quando os caminhos da vida se tornavam escuros e confusos, quando a luz portanto, se tornava sumamente necessária.

Capa da primeira edição de A Gaivota, com foto de George Albert Smith, então Presidente da igreja.

Como nas publicações norte-americanas, A Gaivota trazia também poesia, curiosidades e até mesmo piadas:

Professor: “Que significa a fórmula H2SO4?”

Aluno: “A a — ei — u — eu tenho na ponta da língua.”

Professor: “Cuspa-o pronto, desventurado, porque é ácido sulfúrico.”

— Mas filhinho, como é que adianta tão pouco em teus estudos? Eu, à tua idade, já lia rapidamente.

— Vê-se que você teve melhor mestre do que eu. . .

Um negrinho estava passando muito trabalho tratando de comer um enorme melão.

“Demaisiado melão, não é menino?” — disse-lhe um homem.

“Não senhor, mui pouco negrinho.”!

Entre as notícias locais da primeira edição, estava o casamento dos futuros pais do político Moroni Torgan, cuja cerimônia religiosa foi celebrada pelo presidente da missão:

Porto Alegre

Realizou-se no dia 27 de Dezembro de 1947, o enlace matrimonial do jovem par: João Torgan e Wilma Bing. Os festejos transcorreram cheios de acontecimentos. As 9,00 horas, João e Wilma foram casados pelas autoridades civis, e logo após foi oferecido em casa da noiva, um lauto almoço, ao qual foram convidadas as testemunhas, o Presidente Rex com os missionários deste distrito e os parentes mais próximos de ambas as partes.

As 17,00 horas, o Presidente Rex realizou o casamento religioso, na Igreja sito à Rua Santos Dumont, o qual foi verdadeiramente maravilhoso e sentimental.

Os festejos foram celebrados na Sociedade Gandoleiros, para onde se dirigiram todos os convidados após às 19,00 horas, na mesma foram servidos bolos, doces, sandwiches, bebidas refrigerantes e outras iguarias deliciosas. Os festejo transcorreram com música, baile e alegria geral.

Olga C. Bing