Russell Nelson Define ‘Apóstolo’

Recém designado como Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Russell Nelson candidamente definiu o que significa ser um Apóstolo em uma entrevista informal e improvisada.

Família esbarra em Russell Nelson durante trilha e aproveitam oportunidade para uma lição pessoal sobre doutrina Mórmon. Rostos da família borradas para proteger suas identidades.

Família esbarra em Russell Nelson durante trilha e aproveitam oportunidade para uma lição pessoal sobre doutrina Mórmon. Rostos da família borradas para proteger suas identidades.

Na semana passada, Nelson aproveitava-se das férias coletivas de verão para caminhadas na natureza desértica de Utah, quando deparou-se com uma pequena família Mórmon. Nelson, em excelente humor, e em incrível forma física para os seus quase 91 anos de idade, se abriu desarmadamente com o jovem pai de família, que subsequentemente nos deixou um breve relato dessa conversa. De acordo com o jovem pai de família, que em respeito à privacidade de sua esposa e filhos optou por manter suas identidades anônimas, eles esbarraram em Nelson e seu guarda-costas fazendo trilha próximo à cidade de Alta, em Utah. Ele descreve Nelson como sendo muito ágil e saudável, e acima de tudo simpático e gentil. Nelson se voluntariou para tirar fotos com a jovem família, não poupando charme ou gentilezas, e ainda se ofereceu para conversar sobre assuntos doutrinários. O ponto que mais lhe chamou a atenção foi a resposta singela à uma pergunta honesta:

PERGUNTA: O que significa, para um Apóstolo especificamente, ser uma “testemunha especial de Cristo”?

NELSON: Bom, se você pesquisar a etimologia  da palavra “testemunha”, verá que significa alguém que testifica de algo sobre o qual tem conhecimento especial.

PERGUNTA: Então isso quer dizer que você, pessoalmente, já viu Deus ou Jesus literalmente com seus próprios olhos?

NELSON: Não. Absolutamente não.

PERGUNTA: Então, apenas para clarificar, seu “testemunho especial” vêm através do Espírito Santo, da mesma maneira que vêm a um Presidente de Estaca, ou Bispo, ou mesmo a mim – Apenas mais “especial” dadas suas experiências de vida mais amplas?

NELSON: Sim. Está correto. Toda vez que você toma o Sacramento ou participar de uma ordenança ou ação parecida, você também está se tornando uma testemunha de Cristo. Esta é a sua lição do dia.

Existe uma crença popular entre membros da Igreja SUD que os Profetas e os Apóstolos da Igreja recebem revelações divinas diretas de Deus e Jesus em como dirigir e conduzir a Igreja. A despeito das afirmações públicas e ajuramentadas do sexto Presidente da Igreja Joseph F. Smith de que jamais havia recebido revelações diretas (ou visões sobrenaturais). [1] A despeito das afirmações públicas do décimo-quinto Presidente da Igreja Gordon Hinckley de que jamais havia recebido revelações diretas (ou visões sobrenaturais). [2] [3] [4] [5] [6] [7]

Russell Nelson deixou claro para esse Mórmon que ele nunca havia recebido uma visão ou revelação sobrenatural ou divina “especial” diferente do que milhões de Mórmons declamam todo primeiro domingo do mês em suas reuniões de testemunhos. Nota-se, claramente, no relato dessa entrevista improvisada que esse jovem pai de família buscava uma resposta direta justamente a essa crença popular que persiste, negações claras de líderes não obstantes.

A resposta de Nelson foi clara, honesta, objetiva, e inequívoca. A reação deste pai de família, por sua descrição, foi a de leve surpresa e respeito pela honestidade e franqueza do atual segundo maior líder entre os Profetas e Apóstolos. Sua esposa, contudo, optou por ignorar a resposta e decidiu continuar acreditando que Nelson e colegas vêem e falam com Deus e Cristo regularmente.

Por que essa crença popular persiste, apesar de negações dos próprios líderes? Qual é a sua importância dentro do contexto de crenças coletivas dos membros da Igreja? Qual seria o impacto, se houvesse, caso essa crença caísse em popularidade? Poderiam ou deveriam os líderes da Igreja desencorajá-la mais agressivamente?


[1] Paulos, Michael H., The Mormon Church on Trial: Transcripts of the Reed Smoot Hearings, Signature Books (2008), pp. 19-142.

28 comentários sobre “Russell Nelson Define ‘Apóstolo’

  1. Acredito que o relato seja muito próximo do que realmente tenha ocorrido, mas discordo completamente da interpretação que dão as falas do Pres. Nelson.
    Vejam a pergunta: O que significa […] ser uma “testemunha especial de Cristo”?
    Reposta: […] significa alguém que testifica de algo sobre o qual tem conhecimento especial.
    2 pergunta: Então isso quer dizer (ser uma “testemunha especial de Cristo”) que você, pessoalmente, já viu Deus ou Jesus literalmente com seus próprios olhos?
    Resposta: Não. Absolutamente não.

    Existem muitas pessoas que tem experiências diretas com Jesus Cristo e que não são testemunhas especiais de Cristo. Apesar dessas experiencias poder significar ver, tocar, abraçar, falar, ouvir fisicamente Jesus Cristo, pois não existe requisito de chamado para isso, mas cumprir os requisitos como os de D&C 93:1, isso envolve o Espírito Santo.
    De fato a grandeza e profundidade das impressões provocadas por essas experiências só é possível, devido ao Espírito Santo.
    E sim, um Bispo, um Pres. de Estaca, ou um(a) recém converso, pode ter experiências dessa natureza com Jesus Cristo, vendo-o, tocando-o, até cheirando e falando com e ouvindo a Jesus Cristo.

    • Concordo com você Miguel.
      Mas um ponto em que eu acho que as vezes há um exagero para as pessoas é no tocante a “testemunhas especiais de Cristo”. Todos os conversos, tiveram de fato contato espiritual com Deus, e para mim são todas especias, podemos assim então dizer que o nosso testemunho também são especiais, mas a dos apóstolos seria mais especiais? Olha eu ate entendo a posição que ocupa os apóstolos, é um cargo e um titulo bem privilegiada. E por isso recebem o titulo de Testemunhas Especias de Cristo, um tanto forçado na opinião de muitos, mas temos de manter-nos na humildade e reconhecer que por algo estão la ocupando esse cargo, que na verdade, sinceramente não é um cargo para qualquer um, esses grandes homens de Deus si assim podemos chama-lo porque em verdade são grandes, tem toda a experiencia de vida e espiritual embora possam falhar porque são humanos, acredito que são os mais indicados a ser chamados de testemunhas especias de Cristo. Mas para uma pessoa que esta aqui hoje começando a vida espiritual, que batalha como qualquer outro ouvir dizer de alguém como o deles por exemplo, “Testemunhas especias” soa um tanto como se eles fossem ter realmente um encontro com Cristo face a face, e na verdade não é assim. A verdade é que a suas experiencias espirituais é o que o torna especiais, os seus contatos espirituais e experiencias adquiridos durante anos de experiencias o colocam como especiais, e muitas das vezes ate falam conforme a experiencias e as vezes por influencia do espirito.

  2. Não é uma prerrogativa absoluta ver pessoalmente o Senhor Jesus Cristo para ser um apóstolo. Observem o que disse Joseph Fielding Smith para um de seus filhos em 1948, portanto 38 anos após seu chamado ao apostolado: Em 18 de julho de 1948, mandou uma carta aos filhos Douglas e Milton, que eram missionários de tempo integral. Ele escreveu:

    “Às vezes, sento-me e reflito e, quando leio as escrituras, penso na missão de nosso Senhor, no que Ele fez por mim, e quando me sinto assim, digo a mim mesmo: Não posso ser desleal a Ele. Ele me amou com perfeição, como amou a todos, especialmente àqueles que O serviram, e eu tenho que amá-Lo de todo o coração, mesmo que imperfeitamente, e não deveria ser imperfeitamente. É espantoso, eu não vivi nos dias do Salvador; Ele não Se mostrou a mim pessoalmente; Eu não O contemplei — Ele e o Pai não viram necessidade de conceder-me tão grande bênção, mas isso não foi necessário. Senti Sua presença. Sei que o Espírito Santo iluminou-me a mente e revelou-O a mim, de forma que amo o meu Redentor, tenho esperança e sinto que isso é verdade mais do que qualquer outra coisa nesta vida. Eu não desejaria outra coisa. ” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja – Joseph Fielding Smith)

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