Petistas e mórmons (parte 1): culto à autoridade

Para um mórmon, é às vezes difícil ver o mundo sem as lentes do mormonismo. Neste rico e conturbado momento brasileiro, confesso que acabo vendo muitos paralelos entre fanáticos do mormonismo e fanáticos do petismo.

Fanatismo obviamente não é um fenômeno intrínseco a uma tradição religiosa ou política, podendo ser encontrado nas mais diversas persuasões. Afinal, trata-se de uma atitude mental caracterizada pela falta de pensamento crítico.

Presidente Thomas S. Monson (Kristin Murphy/Deseret News)

Presidente Thomas S. Monson (Kristin Murphy/Deseret News)

Um dos elementos mais visíveis em fanáticos de ambos os movimentos é o culto à autoridade. No mormonismo, há um especial apreço pelos ofícios sacerdotais e os nomes de seus líderes confundem-se, em certa medida, com sua história. Para os fanáticos na minha religião, esses líderes simplesmente não podem ser julgados ou avaliados, nem por suas palavras, nem por suas ações. Líderes devem ser obedecidos, argumentam eles, independentemente de estarem certos ou errados.

No petismo, seus fanáticos têm atitude muito semelhante, percebendo seus líderes como seres além do julgamento humano. Nas últimas semanas, temos assistido a uma escalada no discurso defensivo do PT, na medida em que o ex-presidente Lula é investigado por lavagem de dinheiro. Se há um ano, a presidente Dilma saudava a Lava Jato como um avanço possibilitado pelo seu governo, ontem  execrava a operação como tentativa de golpe.  Já as delações contra Dilma e Lula são tidas como “vingança” do ex-líder do governo no senado.

O belicoso slogan “Lula é meu amigo. Mexeu com ele, mexeu comigo” expressa a fé irracional no maior ícone petista. E isso não é de hoje. Em 2009, César Benjamin, conhecido intelectual da esquerda marxista, afirmou ter ouvido do próprio Lula um relato sobre a tentativa de estupro perpetrada pelo líder sindical contra um companheiro de cela. O episódio teria acontecido durante os 31 dias em que Lula esteve preso pelo Dops, em 1980. Após a publicação do relato, Benjamin foi chamado de “psicopata“, “rancoroso” e “débil mental” por associados do então presidente. Ora, a lógica nos soa familiar: Lula, como ungido, estava sendo caluniado; Benjamin, como crítico, mentia em nome da sua agenda secreta e feia.

Invertendo qualquer princípio lógico ou espiritual, fanáticos petistas e fanáticos mórmons tendem a acreditar que quanto maior a posição hierárquica, menor a responsabilidade. O clímax a que chegou o culto à autoridade de Lula matou de vez o PT. O partido parece seguir no poder como um zumbi.

Mórmons brasileiros – quer vejam suas expectativas destroçadas ou concretizadas – têm a chance de levar esse aprendizado também para a esfera religiosa: o culto à autoridade é destrutivo.

 

 

 

31 comentários sobre “Petistas e mórmons (parte 1): culto à autoridade

  1. As vezes a gente perde tanto tempo falando mal dos políticos, das religiões, das pessoas, ……… que esquecemos de ver no que nós mesmos precisamos melhorar.

  2. deixe ver se eu entendi, o autor do texto esta tentando comparar o Lula ao presidente e profeta da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias?
    por favor, alguem me diz que eu entendi errado..

      • Você tem razão, Diógenes. Nossas desculpas.

        Que tal assim?

        Karen, você não entendeu o ponto central do artigo. Sugerimos que o leia com calma e atenção novamente. Caso ainda tenha dificuldade para compreendê-lo, peça a alguém que conheça e confie para lê-lo e explicá-lo para você. Enquanto isso, procure evitar comentários sarcásticos e críticos, especialmente quando dependem da compreensão dos textos e artigos que você está comentando. Obviamente, suas habilidades de leitura e compreensão lhe deixam a desejar, e será menos embaraçoso para você, no futuro, expressar seu sarcasmo em textos que você realmente entendeu e com compreensão dos fatos em questão.

        Na sua opinião, seria mais respeitoso assim, Diógenes?

      • Esses Vozes Mórmons” não são nem de longe a voz da Igreja e estão estabelecidos para afastar seus membros. São tão covardes que nem falam seu principal propósito, que é confundir e bater de frente com os princípios da Igreja SUD. Vocês são de fato o que existe de mais covarde na sociedade. São formados por membros afastados e irritados com a Igreja pelo fato dela não querer casar pessoas do mesmo sexo, como é o desejo de vocês.

        Você desta ”Vozes Mórmons” mancha o nome da igreja propositalmente e ainda é mal educados com as pessoas que discordam de vocês. E ainda vem falar que a igreja tem fins lucrativos e que não faz caridade sem querer algo em troca… Nem vale a pena perder tempo, como estou perdendo, com perdedores como vocês.

        Vocês são machão aqui na internet, pois se você trata uma mulher da maneira que trato aqui, na minha frente, o tempo fecha irmãozão. E se você é machão mesmo, poe a cara aí. Seu lixo!!! covardão. Aqui você fala com homem de verdade, não com moleque não.

    • Não, Karen, não foi uma tentativa de comparação entre Lula e o profeta. Você, de fato interpretou mal. O texto menciona paralelos entre atitudes comuns aos dois segmentos, como o fanatismo de membros da igreja e também de partidários políticos, além do uso da autoridade, violência verbal e a defesa cega de seus líderes. Uma comparação de atitudes e comportamentos, tá bem. Abraço.

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