Um dos votos contrários à legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Suprema Corte dos EUA, o juiz John Roberts afirmou que os mesmos argumentos em favor de tais uniões poderiam ser usados para legalizar a poligamia. De acordo com ele,
Se um casal de pessoas do mesmo sexo tem o direito constitucional de casar porque seus filhos de outra forma “sofreriam o estigma de saberem que suas família são de alguma forma inferiores”, por que o mesmo raciocínio não se aplicaria a uma família de três ou mais pessoas criando filhos?
Afirmações similares sobre a suposta caixa de Pandora que o casamento gay abrirá podem ser encontradas sem dificuldade na internet. O debate que nos parece relevante aos estudiosos do mormonismo, porém, é se há de fato a possibilidade de a poligamia vir a ser descriminalizada ou legalizada.
Nesta semana, motivados pela nova legislação sobre igualdade de casamento, uma família mórmon fundamentalista no estado de Montana solicitou uma certidão de casamento civil para o marido e a segunda esposa.
Em busca do casamento legal
Na última terça (30/06), Nathan e Vicki Collier tiveram negado seu pedido de casamento civil. O motivo: Nathan é legalmente casado com sua primeira esposa Christine. Montana, como todo o restante dos EUA, proíbe bigamia. “Só queremos dar legitimidade legal a uma família amorosa, forte, funcional e feliz”, declarou Nathan. Para ele, a resposta negativa é uma violação dos seus direitos civis. O procurador do condado de Yellowstone prometeu dar uma resposta definitiva aos Colliers.
Mórmons fundamentalistas
Diferentes estimativas falam de 20 a 60 mil mórmons vivendo em famílias poligâmicas entre os três países da América do Norte. Ao contrário da maior igreja que reivindica do legado de Joseph Smith, mórmons fundamentalistas acreditam que o casamento plural é uma lei que devem viver nesta vida, independente das leis humanas, e sem a qual não poderão receber sua exaltação no mundo vindouro.
O universo mórmon fundamentalista é diverso. Diferentes grupos têm suas diferentes linhas de autoridade, diferentes práticas de casamento e diferentes crenças. Erroneamente, muitos pensam que a igreja de Warren Jeffs é a igreja a que todos mórmons fundamentalistas pertencem.
Percepção em mudança
A igreja de Jeffs ajudou a poligamia a reentrar o noticiário. A associação era clara: casamento plural significava pedofilia, casamentos forçados, abuso físico e emocional. Por outro lado, a rede de televisão HBO exibiu com sucesso a série de ficção Big Love, em 2005, adicionando um pouco mais de complexidade e simpatia à percepção popular. Em 2010, foi a vez da rede TLC exibir o reality show Sister Wives, mostrando o cotidiano da família Brown. O programa parece ter influenciado a opinião pública para uma visão menos negativa.
De acordo com a pesquisa do Gallup sobre valores morais dos norte-americanos, poligamia era considerada moralmente aceitável por 7% da população em 2003. Na pesquisa de 2015, o percentual saltou para 16%.
Poligamia descriminalizada
De Kody Brown, suas quatro esposas e 17 filhos, veio a novidade sobre o status legal do casamento plural em Utah. Em agosto do ano passado, um juiz federal decidiu a favor dos Browns em sua ação contra o estado de Utah. A decisão considerou que a proibição de coabitação, prevista na lei, violava direitos constitucionais de liberdade religiosa. Com isso, muitos poligamistas têm considerado que a poligamia na prática foi descriminaliza no estado.
Comentando sobre a família de Montana, a mórmon fundamentalista Anne Wilde declarou que “noventa por cento ou mais dos mórmons fundamentalistas não querem [o casamento plural] legalizado, eles querem descriminalizado”.
O futuro dirá
Com a decisão da Suprema Corte dos EUA em favor da igualdade de casamento, novas portas poderão ser abertas para os que praticam o casamento plural – ao menos uma maior tolerância do seu estilo de vida. Como observado por um defensor da legalização, “a posição contra a poligamia é incrivelmente frágil, quase totalmente desprovida de base racional e motivada por medo e preconceito puramente irracionais”.
Independente dos resultados legais por vir, a iniciativa dos Colliers está sendo noticiada pelos principais jornais dos EUA e aparentemente promete lançar um olhar ainda mais positivo sobre os mórmons fundamentalistas.
Atualização em 16/07/2015 – O pedido dos Colliers foi negado pelo procurador do condado, em 15 de julho (quarta), sob o argumento de que a decisão da Suprema Corte americana não era relevante ao caso e a proibição de bigamia prevalece. Os Colliers pretendem agora levar seu caso à Suprema Corte.
“Mórmon fundamentalista” é um termo amplo que designa mórmons que praticam ou acreditam que devem praticar o casamento plural (poligenia), entre outros princípios, e que não estão associados à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (SUD). Em 1890, a Igreja SUD aboliu oficialmente a prática, e pelo menos desde 1909 excomunga praticantes ou simpatizantes do fundamentalismo mórmon.
Gostei da referência à caixa de Pandora… quem realmente irá prever o que se sucederá para o status de sociedade humana no futuro?
Talvez profetas e oráculos o pudessem fazer…
Você está sendo irônico…?
Eu, particularmente, sou totalmente a favor da poligamia, pois vejo muito mais prós do que contras nesse tipo de relacionamento.
Interessante irmã seu comentário, poucas mulheres sua tem esse esclarecimento, minha esposa hoje pensa como vc, e não foi difícil dela entender.Por mais irônico que pareça, foi estudando D&C e assistindo a série “Big Love” que ela passou a admirar e acreditar no “Princípio”.Creio que a grande confusão em torno do tema é muitas pessoas só se referirem a isso conotando somente o lado sexual, quando se sabe que existe muito mais por traz disso do que apenas sexo. Creio que um dia nosso Pai Celeste recomeçará o princípio novamente, e essa sem duvida será uma das grandes peneiras que será utilizada para separar o joio do trigo.
Abs
Tudo mentira, essa religião fundada pelo falso profeta, o Apóstolo Paulo disse que nem se um anjo anunciasse um evangelho diferente ao de Jesus Cristo vocês deveriam dar lhe crédito, afinal satanás vira anjo de luz. Maomé recebeu a visita também do anjo Gabriel que foi o mesmo anjo que visitou Maria anunciado o nascimento de Jesus Cristo. vão ler a bíblia e parem de dar lugar ao Diabo.
Você sabe que Paulo está se referindo aos Apóstolos Tiago e Pedro nessa passagem, não é?