Russell Ballard, Apóstolo d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, em discurso ao clero profissional da Igreja que compõe o quadro do Sistema Educacional da Igreja (S.E.I.), demonstra a preocupação da liderança máxima com a deserção em massa de jovens SUD e estabelece uma estratégia para vacinar, ou inocular, as novas gerações contra dúvidas e descrenças.
Eis os pontos principais de seu discurso:
Ballard demonstrou nostalgia pela época quando a Igreja era capaz de melhor controlar o acesso a informações dos membros e deixou claro que, atualmente na era da informação digital, isso não é mais possível.
“Foram-se os dias quando um aluno fazia uma pergunta sincera e o professor respondia; ‘Não se preocupe com isso.’ Foram-se os dias quando um aluno levantava uma preocupação sincera e o professor lhe prestava o seu testemunho para evitar o assunto. Foram-se os dias quando os alunos estavam protegidos das pessoas que atacam a igreja…”
Ballard admite que os Profetas e Apóstolos do passado (recente) foram incapazes de prever as rápidas, importantes, e fundamentais mudanças na sociedade moderna que permitiriam aos membros da Igreja acesso, outrora impensável, aos fatos históricos e ao conhecimento historiográfico sem precedentes.
“Era há uma mera geração atrás que o acesso à informação sobre nossa história, nossa doutrina, e nossas práticas por nossos jovens estava limitada às publicações oficiais da Igreja. Poucos alunos entravam em contato com interpretações alternativas. A maioria dos nossos jovens viviam numa bolha. Nosso currículo escolar na época, embora bem intencionado, não prepararam os alunos para o dia de hoje, um dia quando alunos tem acesso instantâneo a praticamente tudo sobre a Igreja sob todos os pontos de vista possíveis.”
Ballard confessa que os ensaios publicados oficialmente pela Igreja nos últimos anos são frutos de uma reação (tardia) da liderança à essa perda no controle de acesso dos membros, e oferece novos insights sobre como os Profetas e Apóstolos se preocupam com essas informações e esses tópicos.
“Apenas para citar alguns temas menos conhecidos ou controvérsos, estou falando de poligamia. De pedras de vidente. Dos diferentes relatos da Primeira Visão. Do processo de tradução do Livro de Mórmon. Do Livro de Abraão. De questões de gênero. Raça e o Sacerdócio. Ou da Mãe Celestial. Os esforços para vacinar nossos jovens em grande parte recairão sobre vocês, professores do S.E.I.. Com isso em mente, encontrem tempo para ponderar sobre suas oportunidades e responsabilidades.”
Ballard convida o clero profissional da Igreja e, indiretamente, todos os seus membros, a usarem os ensaios da Igreja, além de materiais produzidos por ela sobre esses tópicos, para “inocular” os jovens contra dúvidas ou questionamentos. Contudo, mais importantemente, Ballard proíbe o uso de experiências ou crenças pessoais, ou mesmo a vasta literatura de Profetas e Apóstolos SUD do passado, de modo a manter o controle histórico-teológico inteiramente nas mãos da atual liderança contemporânea.
“É perfeitamente aceitável responder ‘eu não sei’. Contudo, uma vez dito isso, você tem a responsabilidade de encontrar as melhores respostas para as perguntas sinceras que os seus alunos fizerem. Ao ensinar seus alunos e responder as suas perguntas, permita-me avisá-los contra passar adiante rumores que promovem fé sem sustentação factual, ou entendimentos desatualizados e explicações de práticas e doutrinas do passado.”
Assista o discurso em sua íntegra aqui ou leia-o aqui.
Alguns observadores enxergam essa postura oficial exposta por Russell Ballard como uma inovação positiva na direção de maior abertura para estudos racionais e honestos, baseados em fatos e evidências, enquanto outros preocupam-se que a inovação tende mais na direção de menor individualidade e respeito ao passado (tanto com relação à historiografia acadêmica quanto às construções teológicas de líderes eclesiásticos de outrora) com subsequente verticalização e centralização da religiosidade e da crença.
O que você acha?
A igreja deve encarar francamente sua história ,seu povo, seus líderes.O uso de máscaras, fantasias somente prorroga a agonia quando a verdade chegar, os líderes não podem alienar mais os jovens , mas viajar com eles na busca da verdade.Ensinar que a verdade é um tesouro para suas reflexões e para fortalecer sua fé e caráter.Infelizmente a igreja esta ainda muito contaminada pela idéia maligna de : Isso vc não deve aprender, esse conhecimento não te pertence, e tantas outras formas de censura intelectual e de aprendizagem, claro que fé e o carater não se desenvolve somente alicerçado nos conhecimentos profundos,chocantes ou interessantes, mas uma cultura de coerção mental é prejudicial.Sou fã de Paulo Freire que mostra que o aluno também é uma fonte de ensinamento.E o aprendizado é um caminho de 2 vias. Quem tem um verdadeiro testemunho da igreja e um relacionamento firme com Deus e Jesus Cristo ,cheio do espírito vai ter caridade e fé suficiente para digerir qualquer conhecimento impactante que venha a receber. A liderença deve treinar os jovens a ter um espírito crítico e desafiar VCS PODEM MELHORAR ESTÁ ORGANIZAÇÃO! Vcs são o futuro, vão ver os erros e continuar perpetuando eles? Brilhem ! Façam a diferença!
Particularmente eu gosto muito de II Pedro 3:18 – antes crescei na graça e no conhecimento de nosso senhor e salvador Jesus Cristo….”. A igreja se prendeu muito na fe, deixando de lado o conhecimento. Com o “bum” da tecnologia, ficou difícil apenas dizer para o membro que “temos que acreditar porque a liderança interpreta as escrituras corretamente e se ccontestarmos,estaremos entrando em apostasia. A ideia de convida um irmão para um chamado de professor, jogar o manual para ele aprender sozinho, não é mais possível. Agora que a igreja percebeu que precisa preparar melhor seus professores locais. Fico doente quando assisto uma aula e vejo o professor falando um monte de heresias. Percebemos nitidamente a insegurança de alguns. Apenas falam o que está no manual, sem a possibilidade de poderem acrescentar mais nada. Nossos jovens estão percebendo isso nas pesquisas e acabam saindo da sala com mais duvidas e incertezas. Já conheci bispos que nunca estudaram as obras padrão. A liderança está querendo engessar os jovens pela política do medo, se não aceitarem tudo o que os lideres ensinam, vão para o enfermo. Essa ideia está causando essa deserção em massa e a indecisão dos jovem em sair em missao.