
Eva e o Fruto da Árvore do Conhecimento, de J. K. Richards. (Imagem: http://jkirkrichards.com)
O artista plástico mórmon J. K. Richards é o autor do quadro “Eva e o Fruto da Árvore do Conhecimento”. Nele, a personagem bíblica reverenciada por mórmons como “a mãe de todos os viventes” é retratada como uma mulher negra, olhando para o fruto mordido. A semelhança de cor entre o fruto e a luz em torno de sua cabeça sugere possíveis simbolismos ao espectator: seria um halo mostrando sua glória divina sendo perdida, o conhecimento sendo conquistado, ou a luz do sol?
Membros d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias estão acostumados a ver representações artísticas de Eva em publicações oficiais da instituição. Mas não com tal riqueza simbólica. E tampouco com tal cor de pele. Veja, por exemplo, esta Eva loira, esta outra loira, ou esta ruiva e esta outra ruiva, e esta com cabelo preto.
Outro aspecto em que a obra chama a atenção é pela nudez da personagem. Publicações SUD já chegaram a modificar renomadas obras de arte para simplesmente cobrir os ombros de personagens, ainda que seja bem mais tolerante da exposição do corpo masculino.
A obra de Richards é parte da exposição “Restaurado: Arte e o Templo Mórmon”, em uma galeria e livraria de Provo, Utah. A exposição coincide com a abertura do novo templo SUD da cidade.
A obra está sendo celebrada por alguns como uma importante inovação na arte mórmon. “Coisas entusiasmantes — até radicais — estão acontecendo no mundo da arte e estética mórmons”, escreve Christian Frandsen, curador da exposição. “Certamente, isto reflete o recente alargamento dos horizontes culturais na forma como o mormonismo dominante considera tópicos sociais como feminismo e raça”, afirma.
A tradição mórmon possui um rico legado de artes visuais, que também acaba por refletir o etnocentrismo de nossa história e os muitos tabus criados no caminho. Ainda que o trabalho de Richards nunca venha a aparecer numa revista Liahona, permanecendo desconhecida de um público SUD mais amplo, é muito salutar que artistas plásticos mórmons fujam dos clichês e nos provoquem e enriqueçam com novas percepções.
As vezes eu queria ter uma lente para observar o futuro, sei lá 200 anos talvez 300 do mormonismo, quando ele estiver mais maduro (em termos de religião a nossa ainda se encontra na infância talvez entrando na puberdade) provavelmente será muito mais saudável, muito mais sóbrio e certamente a sua beleza vai ser mais evidente.Não sou eu que estou falando é a moça da pintura.
Como uma linda negra, belíssima obra. Como Eva, não Gostei!