Legisladores Mórmons Arriscam Mulheres, Desafiam Ciência

Legisladores Mórmons passaram nova lei que deliberada e notoriamente aumenta os riscos para mulheres submetendo-se a abortos.

A nova lei, passada pela Assembleia Legislativa Estadual, sabidamente controlada pela Igreja SUD, e assinada pelo Governador de Utah Gary Herbert, que também é SUD, obrigará médicos a abandonar as melhores e mais seguras técnicas baseadas em ciência e forçar mulheres realizando abortos (perfeitamente legais) a submeter-se à anestesia desnecessária, desonestamente sob a guisa de “proteger” os fetos.

Apesar de ser legalizados nos EUA, legisladores Republicanos passaram os últimos anos criando leis que humilham mulheres ou dificultam acesso a clínicas médicas pelo país afora. Mórmons, em sua maioria esmagadora Republicanos, levaram essa tendência legislativa a um novo nível de crueldade e absurdidade, expondo as vidas dessas mulheres a maiores riscos médicos, inclusive de vida.

No papel, a lei SB 234, entitulada “Emendas Para Proteção de Crianças Não Nascidas”, deveria servir para prevenir que o feto com 20 semanas ou mais de gestação sinta dor durante procedimentos de aborto, ao obrigar o médico realizando o aborto a “administrar anestésicos ou analgésicos para eliminar ou aliviar dor orgânica para a criança não nascida”.

Contudo, a lei completamente ignora o acumulado de evidências científicas que desprovam a noção que fetos sintam dor antes do terceiro trimestre  (26 ou 27 semanas de gestação). Ademais, cientificamente sabe-se que as estruturas neurológicas necessárias para sentir dor se desenvolvem ainda mais tarde, ao redor das semanas 29 ou 30 de gestação.

Complicando ainda mais a situação, não existem técnicas adequadas para administrar anestesia ao feto de modo que seja seguro para a mãe. A comunidade médica de Utah veementemente se opôs à essa lei,  expondo os riscos maternos desnecessários e citando a completa ausência de evidências científicas para sustentá-la. Ainda pior, médicos avisam que a lei poderá ser aplicada a mulheres com complicações gestacionais, como pré-eclâmpsia, que necessitam de partos prematuros emergenciais como medidas heroicas, a aumentar ainda mais o risco para suas vidas forçando-as ao risco desnecessário da anestesia geral.

Analistas, inclusive, explicam como a lei pode acabar abolindo, na prática, abortos de 20 semanas ou mais simplesmente por obrigar médicos a escolher entre os riscos de uma anestesia desnecessária ou simplesmente não realizar tais abortos. O que era o real propósito da lei, como descobriu a reportagem do Salt Lake Tribune. O autor do projeto de lei, o Senador Republicano e SUD Curt Bramble, havia inicialmente proposto criminalizar o aborto após 20 semanas, mas alterou o texto para a presenta versão ao ser instruído da inconstitucionalidade de criminalizar abortos.

Sendo assim, legisladores Mórmons que notoriamente são regidos pelos editos da Igreja SUD, optaram por desnecessariamente expor mulheres a risco de vida se desejarem, ou precisarem por motivos de saúde, abortar sua gestação, sem quaisquer supostos benefícios para os fetos em questão. Desde 1973, quando a Suprema Corte dos EUA legalizou o aborto, Republicanos vem travando uma “guerra cultural” contra mulheres (i.e., aborto, contracepção, direitos iguais, etc.) e homossexuais. E, desde o final dos anos 1970, a Igreja SUD abraçou essa “guerra cultural” com um fervor e um zelo ímpar.

Não estaria a Igreja SUD, portanto, através de seu absoluto silêncio público e privado, especialmente numa esfera onde ela exerce poder e influência, e ainda considerando que a Igreja SUD gastou dezenas de milhares de dólares para influênciar legislações fora de Utah, na prática consentindo ou sendo co-autor dessa política cruel contra mulheres, numa continuação das décadas de ativismo nas “guerras culturais” americanas?

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