Na semana passada, Mórmons votaram nas eleições primárias do Partido Republicano de Utah. Mórmons são, em sua maioria, Republicanos, e o candidato atualmente favorito para liderar os Republicanos é Donald Trump.

Contudo, Mórmons votaram em peso para o segundo colocado nas urnas, Ted Cruz, apesar de ser Evangélico e partilhar de mais sentimentos “anti-mórmons” que o eclético Trump. Por que, então, Mórmons votariam contra Trump?

Donald Trum (Imagem: Reuters)

O professor de ciências políticas na Universidade de Emory Benjamin Hertzberg escreveu uma excelente análise dessa questão para o The Washington Post. Eis os pontos principais:

• Mórmons não gostam de Trump, dizem pesquisas de opinião.
• Mórmons pertencem a uma minoria religiosa com forte sensação de perseguição, portanto tendem a apoiar liberdades religiosas, e isso inclui muçulmanos, o que os faz condenar os discursos anti-islâmicos de Trump.
• Mórmons são ansiosos para parecer “americanos comuns”, ao mesmo tempo que tenazmente se agarram às suas raízes de radicalismo religioso. Muito mais do que o respeito por liberdade religiosa, é essa angústia para parecer comum e mainstream, que explica o resultado da semana passada.
• Mórmons não apoiaram o terceiro candidato, John Kasich, apesar de sua profunda religiosidade e notório apreço a liberdades religiosas, mas Ted Cruz, que mantém como conselheiro próximo um notório islamofóbico, que se recusa a votar numa condenação no Senado à proposta de proibir a imigração de muçulmanos para os EUA, e que defende uma proposta para “patrulhar” americanos muçulmanos.
• Mórmons são inconsistentes em seu apoio a liberdades religiosas. A principal universidade da Igreja SUD, a Universidade de Brigham Young, expulsa alunos mórmons que se convertem para outras religiões.
• Mórmons foram forçados pela Suprema Corte e o Congresso Nacional no final do século XIX e começo do século XX a mudar drasticamente suas crenças sobre casamento e sexualidade (e capitalismo) para poder ser aceitos como uma religião legítima e exercer auto-governança.
• Mórmons são tipicamente rejeitados por Evangélicos como não Cristãos.
• Mitt Romney conseguiu vencer a nomeação do Partido Republicano, mas apenas após minimizar a importância de sua fé.
• Apesar do esforço para se assimilar, Mórmons encontram-se novamente na contra-corrente cultural nacional, como em questões de gênero e homossexualidade.
• Mórmons estão mais motivados em proteger-se de sentimentos extremistas contra minorias religiosas, que poderiam ser usados com eles, ao mesmo tempo que temem abandonar um partido político mainstream que os confere legitimidade social, ainda que crescemente tomado por belicosos extremistas.

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