Com a recente discussão sobre violência sexual na universidade Mórmon, muitos membros da Igreja SUD saíram em defesa da escola, sugerindo que mesmo vítimas de violência sexual e estupro devem ser punidas por quaisquer regras quebradas no contexto do estupro, ou até (pasmém) por sua culpabilidade em seus ataques.

O Sermão da Montanha por Carl Bloch (1890)
Considerando a estranheza dessa postura misógina de tantos Mórmons, voltamos a nossa atenção aos ensinamentos bíblicos sobre o assunto.
O que, então, a Bíblia nos ensina sobre violência sexual contra mulheres?
“Se um homem se encontrar com uma moça sem compromisso de casamento e a estuprar, e eles forem descobertos, ele pagará ao pai da moça cinqüenta peças de prata e terá que casar-se com a moça, pois a estuprou. Jamais poderá divorciar-se dela.”
“Os dois anjos chegaram a Sodoma ao anoitecer, e Ló estava sentado à porta da cidade. Quando os avistou, levantou-se e foi recebê-los. Prostrou-se, rosto em terra, e disse:
“Meus senhores, por favor, acompanhem-me à casa do seu servo. Lá poderão lavar os pés, passar a noite e, pela manhã, seguir caminho”.
“Não, passaremos a noite na praça”, responderam.
Mas ele insistiu tanto com eles que, finalmente, o acompanharam e entraram em sua casa. Ló mandou preparar-lhes uma refeição e assar pão sem fermento, e eles comeram. Ainda não tinham ido deitar-se, quando todos os homens de toda parte da cidade de Sodoma, dos mais jovens aos mais velhos, cercaram a casa. Chamaram Ló e lhe disseram:
“Onde estão os homens que vieram à sua casa esta noite? Traga-os para nós aqui fora para que tenhamos relações com eles”.
Ló saiu da casa, fechou a porta atrás de si e lhes disse:
“Não, meus amigos! Não façam essa perversidade! Olhem, tenho duas filhas que ainda são virgens. Vou trazê-las para que vocês façam com elas o que bem entenderem. Mas não façam nada a estes homens, porque se acham debaixo da proteção do meu teto”.”
“Se, contudo, um homem encontrar no campo uma jovem prometida em casamento e a estuprar, somente o homem morrerá. Não façam nada à moça, pois ela não cometeu pecado algum que mereça a morte. Este caso é semelhante ao daquele que ataca e mata o seu próximo, pois o homem encontrou a moça virgem no campo, e, ainda que a jovem prometida em casamento gritasse, ninguém poderia socorrê-la.”
“Quando estavam entretidos, alguns vadios da cidade cercaram a casa. Esmurrando a porta, gritaram para o homem idoso, dono da casa:
“Traga para fora o homem que entrou em sua casa para que tenhamos relações com ele!”
O dono da casa saiu e lhes disse:
“Não sejam tão perversos, meus amigos. Já que esse homem é meu hóspede, não cometam essa loucura. Vejam, aqui está minha filha virgem e a concubina do meu hóspede. Eu as trarei para vocês, e vocês poderão usá-las e fazer com elas o que quiserem. Mas, nada façam com esse homem, não cometam tal loucura!”
Mas os homens não quiseram ouvi-lo. Então o levita mandou a sua concubina para fora, e eles a violentaram e abusaram dela a noite toda. Ao alvorecer a deixaram. Ao romper do dia a mulher voltou para a casa onde o seu senhor estava hospedado, caiu junto à porta e ali ficou até o dia clarear.
Quando o seu senhor se levantou de manhã, abriu a porta da casa e saiu para prosseguir viagem, lá estava a sua concubina, caída à entrada da casa, com as mãos na soleira da porta. Ele lhe disse:
“Levante-se, vamos!”
Não houve resposta. Então o homem a pôs em seu jumento e foi para casa. Quando chegou, apanhou uma faca e cortou o corpo da sua concubina em doze partes, e as enviou a todas as regiões de Israel.”
“Se numa cidade um homem se encontrar com uma jovem prometida em casamento e se deitar com ela, levem os dois à porta daquela cidade e apedrejem-nos até a morte: a moça porque estava na cidade e não gritou por socorro, e o homem porque desonrou a mulher doutro homem.”
“Moisés perguntou:
— Por que vocês deixaram vivas todas as mulheres? Lembrem que foram as mulheres que, seguindo os conselhos de Balaão, fizeram com que os israelitas fossem infiéis a Deus, o Senhor, adorando o deus Baal-Peor. Foi por isso que houve uma epidemia no meio do povo de Deus. Agora matem todos os meninos e todas as mulheres que não forem virgens. Mas deixem viver todas as meninas e as moças que forem virgens; elas pertencem a vocês.”
“Quando vocês guerrearem contra os seus inimigos e o Senhor, o seu Deus, os entregar em suas mãos e vocês fizerem prisioneiros, um de vocês poderá ver entre eles uma mulher muito bonita, agradar-se dela e tomá-la como esposa. Leve-a para casa; ela raspará a cabeça, cortará as unhas e se desfará das roupas que estava usando quando foi capturada. Ficará em casa e pranteará seu pai e sua mãe um mês inteiro. Depois você poderá ter relações com ela e tornar-se o seu marido, e ela será sua mulher. Se você já não se agradar dela, deixe-a ir para onde quiser, mas não poderá vendê-la nem tratá-la como escrava, pois ela se casou com você sob compulsão.”
“Se um homem vender sua filha como escrava, ela não será liberta como os escravos homens. Se ela não agradar ao seu senhor que a escolheu, ele deverá permitir que ela seja resgatada. Não poderá vendê-la a estrangeiros, pois isso seria deslealdade para com ela. Se o seu senhor a escolher para dá-la ao filho dele, lhe dará os direitos de uma filha. Se o [filho do] senhor tomar uma segunda mulher para si, não poderá privar a primeira de alimento, de roupas e dos direitos conjugais. Se não lhe garantir essas três coisas, ela poderá ir embora sem precisar pagar nada.”
“Quando vocês avançarem para atacar uma cidade, enviem-lhe primeiro uma proposta de paz. Se os seus habitantes aceitarem e abrirem suas portas, serão seus escravos e se sujeitarão a trabalhos forçados. Mas se eles recusarem a paz e entrarem em guerra contra vocês, sitiem a cidade. Quando o Senhor, o seu Deus, entregá-la em suas mãos, matem ao fio da espada todos os homens que nela houver. Mas as mulheres, as crianças, os rebanhos e tudo o que acharem na cidade, será de vocês; vocês poderão ficar com os despojos dos seus inimigos dados pelo Senhor, o seu Deus.”
“Então a comunidade enviou doze mil homens de guerra com instruções para irem a Jabes-Gileade e matarem à espada todos os que viviam lá, inclusive mulheres e crianças.
“É isto o que vocês deverão fazer”, disseram, “matem todos os homens e todas as mulheres que não forem virgens.”
Entre o povo que vivia em Jabes-Gileade encontraram quatrocentas moças virgens e as levaram para o acampamento de Siló, em Canaã. Depois a comunidade toda enviou uma oferta de comunhão aos benjamitas que estavam na rocha de Rimom. Os benjamitas voltaram naquela ocasião e receberam as mulheres de Jabes-Gileade que tinham sido poupadas.
Mas não havia mulheres suficientes para todos eles.
O povo pranteou Benjamim, pois o Senhor tinha aberto uma lacuna nas tribos de Israel. E os líderes da comunidade disseram:
“Mortas as mulheres de Benjamim, como conseguiremos mulheres para os homens que restaram? Os benjamitas sobreviventes precisam ter herdeiros, para que uma tribo de Israel não seja destruída. Não podemos dar-lhes nossas filhas em casamento, pois nós israelitas fizemos este juramento: Maldito seja todo aquele que der mulher a um benjamita. Há, porém, a festa anual do Senhor em Siló, ao norte de Betel, a leste da estrada que vai de Betel a Siquém, e ao sul de Lebona”.
Então mandaram para lá os benjamitas, dizendo:
“Vão, escondam-se nas vinhas e fiquem observando. Quando as moças de Siló forem para as danças, saiam correndo das vinhas e cada um de vocês apodere-se de uma das moças de Siló e vá para a terra de Benjamim. Quando os pais ou irmãos delas se queixarem a nós, diremos: Tenham misericórdia deles, pois não conseguimos mulheres para eles durante a guerra, e vocês são inocentes, visto que não lhes deram suas filhas”.
Foi o que os benjamitas fizeram. Quando as moças estavam dançando, cada homem tomou uma para fazer dela sua mulher. Depois voltaram para a sua herança, reconstruíram as cidades e se estabeleceram nelas. Na mesma ocasião os israelitas saíram daquele local e voltaram para as suas tribos e para os seus clãs, cada um para a sua própria herança.”
Poxa, Estado Islâmico é um ‘coral das abelhinhas’ na frente dos israelitas.
Já que você colocou no bolo o Estado Islâmico, vou citar os países da África onde o estrupo é uma atitude cultural.
Se olharmos para a Terra, tendo em mente a história da humanidade, nossa moralidade, direitos fundamentais, liberdade e igualdade são meros artigos de perfumaria. Somos minoria.
Será que realmente essa questão de valores são relevantes ou no final somos filhos do acaso jogados no mundo com o único objetivo de sermos selecionados ou extintos?
Fiz os cursos propostos da igreja, que incluíam velho e novo testamento, mas foi só no campo missionário que decidi ler a biblia de capa a capa. Isso não se vê incentivado em qualquer congregação mórmon ou mesmo no campo missionário. E depois que fiz a leitura completa desse livro, com estudos e notas, por duas vezes, percebi o porquê.
Seria cômico se não fosse trágico, que um povo dito escolhido se desse ao luxo de tais atrocidades. Por muito tempo procurei explicações; o contexto local em relação a eles poderia ser muito pior (a exemplo da lei mosaica em detrimento do Evangelho), por exemplo. Mas no final me convenci que pouca coisa mudou em relação a alguns detentores da religião; alguns são animais enrustidos de falsa piedade, escondidos nas regras de uma modalidade que sequer acreditam ou vivem.
Hoje percebo que a verdadeira elevação da alma só é possível ao relegar e abandonar muitas dessas crendices e pré-conceitos herdados das culturas e, inclusive, hoje declarados como doutrina infalível e santificadora.