Uma membro da Igreja SUD postou uma foto nas mídias sociais, que viralizou rapidamente, sobre um comentário escrito por uma líder das moças jovens de sua ala.
Esse comentário, escrito no quadro negro durante uma aula dominical seria, supostamente, uma piada. Uma “piada justa”:
Dizia o quadro negro:
“Uma Piada Justa
Qual é a diferença entre uma feminista e uma moça que sabe como uma mulher deve ser?
Resposta: Uma feminista conhece todas as respostas. Uma moça que sabe como uma mulher deve ser conhece todas as respostas certas.”
Ignorando os muitos erros gramaticais, essa “piada” é uma óbvia crítica a mulheres membros da Igreja que se auto-definem como feministas.
Existe uma percepção na cultura mórmon que mulheres não podem ser feministas?
Mórmons sentem tamanho desdém por mulheres que sejam feministas?
Afinal de contas, o que é uma feminista?
Vejamos o que algumas mulheres feministas afirmam sobre si:

“Feminismo é a ideia radical que mulheres também são pessoas.”
“Feminismo é a ideia radical que mulheres também são pessoas.” — Cheris Kramarae
“Feminismo não é uma palavra suja. Não quer dizer que você odeia homens. Não quer dizer que você odeia meninas com pernas bonitas e bronzeadas. E não quer dizer que você é uma vadia ou uma sapata. Quer apenas dizer que você acredita em igualdade.” — Kate Nash
“Você tem uma vagina? Você quer estar em controle dela? Se respondeu sim a ambos, então parabéns, você é uma feminista!” — Caitlin Moran
“Uma feminista é qualquer pessoa que reconheça a igualdade e plena humanidade de mulheres e homens.” — Gloria Steinem
“Eu, pessoalmente, nunca consegui descobrir o que é feminismo. Apenas sei que as pessoas me acusam de feminista sempre que eu expresso sentimentos que me diferenciam de um capacho ou de uma prostituta.” — Rebecca West
Considerando o que elas nos dizem, devem membros da Igreja SUD discriminar, vilipendiar, ou repudiar as suas membros feministas?
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A Antropóloga Mórmon Chelsea Shields foi, no ano passado, oradora especial na prestigiosa Conferência TED, popularmente conhecida como TED Talks.
Seu discurso focalizou na sua experiência pessoal dentro da Igreja SUD, da cultura Mórmon, e de seus estudos acadêmicos em tôrno de questões de gênero e religião institucional. A cobertura de seu discurso expõe facetas interessantes do Mormonismo, além de sua percepção pelo público não Mórmon.
Eis alguns dos principais destaques:
Os trechos abaixo são extratos da reportagem da revista eletrônica TechInsider sobre o discurso de Shields. TED é uma conferência organizada por uma ONG dedicada a disseminar a livre troca de ideias e é prestigiada há décadas com discursantes que incluem as maiores mentes em várias areas do conhecimento humano.
Sobre a expectativa da reação ao seu discurso:
“Eu poderia me meter em muita confusão por causa desse discurso de hoje.”
Como receber emails irados de líderes religiosos?
Shields recusa a sugestão. Correspondência cheia de ódio já é uma rotina na sua caixa de entrada.
“Não,” responde ela. “Eu poderia ser excomungada.”
Excomungada: Ser expulsa da igreja onde ela cresceu. De acordo com a tradição Mórmon, ser separada de sua família na vida após a morte.
Por que o perigo?
Shields é uma antropologista cultural e bióloga, além de ser uma feminista Mórmon, uma intersecção de identidades culturais que desafiam muitas das normas da cultura onde cresceu. Seus esforços para persuadir outros Mórmons para o seu ponto de vista — que mulheres merecem oportunidades iguais na igreja e fora dela — a põe em risco de uma punição pior que a morte.
Em resumo, Shields está tentando reformar sua igreja, de dentro pra fora.
Sobre a saúde financeira da Igreja SUD:
A Igreja Mórmon responde por 1.6% de toda população dos EUA e coleta mais de USD 7 bilhões anualmente em dízimos e outras doações. De acordo com uma investigação da Reuters de 2012, a [Igreja SUD] é dona de USD 35 bilhões em ativos imobiliários pelo mundo afora.
Sobre sua experiência pessoal enquanto mulher e SUD:
[Quando jovem e]la se inseriu em jogos de basquete e jurava que se tornaria a primeira presidente mulher dos EUA. (Seu pai lhe dissera que seu marido deveria ser o presidente, posto que ela estaria ocupada demais cuidando das crianças.)
Na faculdade, líderes religiosos e seus pares pressionavam Shields para se casar. Ao invés disso, ela comprou uma passagem aérea para a África Ocidental e matriculou-se para um semestre na Universidade de Gana.
Shields tornou-se a única mulher em sua família a formar-se em nível superior e trabalhar fora de casa. Após formar-se com PhD duplo pela Universidade de Boston, ela passou uma década pesquisando a evolução e o uso do efeito placebo em medicina indígena.
Durante todo esse tempo, ela questionou as discrepâncias que via entre homens e mulheres na sua comunidade. A maioria das mulheres Mórmons não pode entrar no sacerdócio, servir nos comitês de liderança, ou manejar as finanças [da Igreja]. A responsabilidade de uma mulher, de acordo com a tradição Mórmon, é ter e cuidar de filhos. A fé de Shield dita com quem ela pode namorar e se casar, e até que tipo de lingerie ela pode vestir. Sua habilidade para cumprir essas regras dita o seu senso de valor pessoal.
“Eu dava minha religião passe livre porque eu a amava,” disse Shields. “Até que eu parei. E me dei conta de que estava me permitindo ser tratada como apenas equipe de apoio para o verdadeiro trabalho dos homens.”
Shields juntou-se a outras ativistas Mórmon mulheres e começaram a gravar podcasts, escrever em blogs e artigos para chamar atenção à questão. “Não se pode mudar o que não se vê,” brinca Shields. Elas tentaram façanhas que não pudessem ser ignoradas, como vestir calças para a igreja, numa tentativa para equalizar as relações.
Sobre o movimento Ordene as Mulheres:
Em outubro de 2013, mais de 150 mulheres Mórmons, incluindo Shields, tentaram participar da reunião de sacerdócio exclusiva para homens na sede da igreja em Salt Lake City. Durante o evento semianual, líderes discursam sobre vários tópicos religiosos e distribuem conselhos para os membros da igreja.
As mulheres, vestidas em seus melhores conjuntos de domingo, e sem quaisquer sinais ou pôsteres de protesto contra a igreja, formaram duas fileiras na direção do centro de convenções com 21,000 assentos. Sinalizavam com os dedos quantos ingressos precisavam cada uma.
Ao chegar às portas, um representante da igreja admitiu: “Estávamos esperando vocês.”
As mulheres abordaram-no uma por uma e educadamente pediram permissão para entrar. Cada uma foi rechaçada.
“Nos disseram que essa reunião era apenas para homens,” narra Shields. “Tivemos que nos afastar e observar os homens, alguns jovens de não mais que 12 anos de idade, entrar na reunião enquanto permanecíamos enfileiradas. Nenhuma mulher se esquecerá daquele dia, e nenhum menino se esquecerá daquele dia.”
O grupo tentou novamente em 2014 — desta vez com o dobro de mulheres — sem sucesso.
Sobre o ativismo política da Igreja SUD:
A igreja tem uma longa história em mobilizar seus 15 milhões de membros. Em 2008, a Igreja Mórmon angariou estimados USD 22 milhões para combater a legalização de casamento homossexual na Califórnia. O jornal The New York Times descobriu que até 90% dos voluntários que batiam de porta em porta pela campanha a favor da Proposição 8, uma emenda constitucional que tornaria o casamento homossexual ilegal, eram Mórmons. Mórmons saíram em massa no dia das eleições, provavelmente virando o voto a favor da passagem da emenda.
Há 40 anos, a igreja desferiu um golpe devastador na Emenda dos Direitos Iguais, uma proposta de emenda à Constituição que concederia às mulheres direitos iguais perante a lei. Ostensivamente preocupados que a emenda poderia “suprimir instintos femininos divinos” e encorajar a homossexualidade, Mórmons se lançaram em campanhas coordenadas de correspondência, inundando conferências de mulheres para atrapalhar o movimento para angariar apoio, e patrocinando palestrantes contra a E.D.I. em púlpitos país afora.
A sua posição fora justificada por uma revelação do presidente da igreja Spencer Kimball, que disse que Deus queria que a igreja se opusesse à iniciativa.
Sobre mudar opiniões e convencer mentes:
Naturalmente, mudar as crenças religiosas de alguém não é tarefa fácil. Shields é bem consciente disso. Ela e seus pais vêm escrutinando a moralidade uns dos outros pelos últimos 10 anos, procurando encontrar um lugar de respeito no meio do caminho. É uma caminhada na corda bamba constante.
A chave para essas conversas, de acordo com Shields, é o respeito. E a persistência.
“Eu estou trabalhando com o meu povo,” disse Shields em seus comentários finais à platéia do TED. O auditório se prendia em absoluto silêncio, exceto pelo estalar de seus saltos no palco. Ela sorri.
“O que você está fazendo pelos seus?”
O problema de muitos mórmons (e vários outros grupos) é que exigem respeito por seu grupo sem saber o que isso significa, portanto não concedem o mesmo direito aos demais (muito contrário à uma famosa RF).
Respeito exige intelectualidade avançada, ou ao menos em constante busca, intelectualidade erga que nos leva longe do “homem natural”.
E é muito fácil demonizar outros grupos quando você discorda de suas idéias ou objetivos, mesmo que alguns deles justos (ou mesmo que dentro destes existam ao menos uns poucos sinceros). A mídia faz isso com a política e algumas crenças o tempo todo. Fanáticos e partidários (pagos ou voluntários) também.
Eu mesmo tenho (tinha) certa desconfiança com o movimento em si, que só foi abrandado após conhecer algumas feministas religiosas (como as SUD).
O mesmo se dá com homossexuais, passei a me importar mais com seus problemas ao ver da ótica de seus desafios e tristezas puramente humanas e, inclusive, no meio religioso (que deveria ser um ambiente de amparo e cuidado, mas só faz reforçar o problema).
E não se surpreendam, tem muito mais piadas justas (de mal gosto) em nossas classes e encontros SUD.
Meus caros amigos Não em chego isso no Mormonismo (Sud). E sem as mulheres são uma chave fundamental no plano de salvação do Grande Arquiteto do Universo! As mulheres não são inferiores aos homens na Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias. E sim são tratadas com muito respeito e amor, o que seria de nós homens se não fosse ela sim as santos dos últimos dias devem e são feministas porque defendem seus direitos de adorar e amar aquele Deus que as geraram. Sim elas tem direitos e deverem e sabem muito bem como cumpri com suas responsabilidade. Eles são tao importante na igreja Como qualquer homem, agindo de forma justa e o nestas exortando os homens que não estão cumprindo seu papel de santos dos últimos dias.
Aprendam a perdoar a infame piada que essa professora fez!
E respeite o papel das feministas na sociedade mundial!
Dizer que a responsabilidade da mulher é gerar e cuidar dos filhos é o próprio machismo em si. As mulheres não são tão respeitadas na Igreja SUD como vc diz, uma vez que estão sempre em segundo plano, tanto na administração da Igreja como nos deveres do sacerdócio. Sem contar a próprio cultura do estupro vinculada nos manuais SUD, como “Para o Vigor da Juventude”, bem como outros livros e discursos de autoridades gerais.