Joseph Smith: O Sermão de King Follet

Discursos de Conferências Gerais de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias acontecem semestralmente. Um dia muito importante que membros de vários países se juntam em capelas, casas ou em frente ao computador para assistirem e ouvirem o presidente da Igreja, o qual o chamam de profeta.

Em 07 de abril de 1844 o presidente e fundador do mormonismo, Joseph Smith Jr. (1805-1844) deu um discurso que se tornaria um dos mais importantes para os estudiosos da religião mórmon. Esse discurso antecede seus três últimos e conturbados meses de vida até seu assassinato em Carthage, Illinois. Continuar lendo

Revelação a Newel K. Whitney Através de Joseph, o Vidente (1842)

Um ano antes de ditar a revelação sobre “pluralidade de esposas”, a qual viria a ser canonizada décadas após sua morte como a seção 132 de Doutrina & Convênios, Joseph Smith recebeu uma revelação em que o Senhor instruia seu futuro sogro sobre como realizar o casamento de sua filha ao Profeta.

Sarah Ann Whitney, em Utah. Em 1842, Sarah Ann Whitney foi selada a Joseph Smith em cerimônia oficiada por seu pai, e tendo sua mãe como testemunha. O ritual foi prescrito em uma revelação recebida por Joseph Smith | Imagem: Cortesia de Batsheba W. Bigler Smith Photograph Collection, circa 1865-1900, Biblioteca de Historia da Igreja, Salt Lake City.

Em 25 de julho de 1842, Joseph Smith Jr. ditou a Newel K. Whitney uma revelação sobre a cerimônia na qual Whitney lhe daria sua filha, Sarah Ann Whitney, em casamento.

A revelação foi publicada pela primeira vez este ano pelo Projeto Joseph Smith Papers, reconhecido projeto documental do Departamento Histórico d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, e faz parte do seu mais recente volume de documentos, cobrindo o tumultuado período entre maio e agosto de 1842.

De acordo com os editores, a revelação, antes inacessível ao público, traz “as únicas instruções existentes do período de vida de [Joseph Smith] para a realização de uma cerimônia de casamento plural”. Continuar lendo

‘Assim diz o Senhor’ sobre James Strang

Duas revelações recebidas pelos Apóstolos Brigham Young e Orson Hyde em 1846 nos mostram como James Strang e sua igreja foram percebidas pelos Doze em Nauvoo¹.

James Jesse Strang

James Jesse Strang | Foto por J. Atkyn, 1856, cortesia da Church History Library, Salt Lake City.

O movimento strangita foi capaz de atrair personagens importantes da história mórmon, de John C. Bennet a William Smith, mesmo que a liderança reivindicada por James Strang não remetesse a nenhum dos prováveis princípios pelos quais a sucessão do profeta Joseph Smith poderia ser imaginada: converso recente ao mormonismo, ele não era um Smith, não havia feito parte do Conselho dos Cinquenta, do Quórum dos Doze ou do Quórum dos Ungidos. Continuar lendo

A Última Taça de Vinho de Joseph Smith

O Profeta Joseph Smith foi assassinado na tarde de 27 de junho de 1844.

O SANGUE DOS MÁRTIRS É A SEMENTE DA IGREJA "O Interior da Prisão de Carthage" por C.C.A. Christensen (Museu de Arte da Universidade de Brigham Young).

O SANGUE DOS MÁRTIRES É A SEMENTE DA IGREJA diz o rodapé da pintura intitulada “O Interior da Prisão de Carthage” por C. C. A. Christensen (1831-1912) Fonte: Museu de Arte da Universidade de Brigham Young

A descrição das últimas taças de vinho que Smith tomou junto com seus colegas de prisão, o Patriarca-Profeta Hyrum Smith e os Apóstolos John Taylor e Willard Richards, meros momentos antes do seu assassinato, encontra-se publicada na obra History of the Church.
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Thomas Monson Intimado em Processo de Abuso Sexual

Thomas S. Monson, Profeta Mórmon e 16º Presidente d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, foi intimado a depor em processo contra a Igreja por abuso sexual infantil.

Thomas Monson demonstra a saudação do Escoteiro. 16o Presidente da Igreja SUD, Monson sempre enfatizou a importância do escotismo para os jovens (rapazes) Mórmons, como todos os outros profetas desde 1910.

Thomas S. Monson, 16º Presidente da Igreja SUD, saúda os escoteiros.

Advogados de quatro nativos americanos solicitaram a intimação de Monson na semana passada como parte de um processo contra a Igreja por falhar em protegê-los de, e após os fatos acobertar, casos de estupros e abuso sexual de crianças sob tutela dela.

Entenda o caso. Continuar lendo

Jonathan Dunham e o Martírio de Joseph Smith

Jonathan Dunham é um dos mórmons que mais impactou a história do mormonismo no século 19.

O SANGUE DOS MÁRTIRS É A SEMENTE DA IGREJA "O Interior da Prisão de Carthage" por C.C.A. Christensen (Museu de Arte da Universidade de Brigham Young).

O SANGUE DOS MÁRTIRS É A SEMENTE DA IGREJA diz o rodapé da pintura entitulada “O Interior da Prisão de Carthage” por C. C. A. Christensen (1831-1912) Fonte: Museu de Arte da Universidade de Brigham Young

E é muito provável que você nunca tenha ouvido falar nele.  Continuar lendo

Mulheres Mórmons Têm “Nova” História Publicada pela Igreja

RS

Capa do novo livro publicado pela Igreja SUD

Os primórdios da Sociedade de Socorro, entre 1842 e 1892, contados pelas mulheres mórmons. Essa é a proposta do livro Os Primeiros Cinquenta Anos da Sociedade de Socorro: Documentos-chave na História das Mulheres Santos dos Últimos Dias, lançado na última segunda-feira (22/02). O volume sobre a história da organização feminina mórmon traz 78 documentos históricos, tanto individuais quanto oficiais, como as Atas da Sociedade de Socorro de Nauvoo, além de fotos raras.  Continuar lendo

Joseph Smith: Deus é Como Um de Nós

Joseph_Smith_Jr_portrait_owned_by_Joseph_Smith_III_zpsec9818e5Em 07 de abril de 1844, Joseph Smith proferiu um de seus discursos públicos mais emblemáticos, conhecido como o “sermão King Follet“. Nele, o profeta pregou, entre outros temas, a natureza humana de Deus e a pluralidade de deuses. O trecho abaixo é de uma das várias anotações disponíveis feitas pela audiência: Continuar lendo

Desformatação

A aparência de um texto, seu formato e estrutura influenciam a maneira como o lemos?

Em que a diagramação do Livro de Mórmon facilita ou dificulta sua leitura?

Irmãs lendo um livro, de Carl Hansen

Os 5 mil exemplares do Livro de Mórmon impressos em 1830, na cidade de Palmyra, não tinham capítulos e versículos como suas edições atuais da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e outras igrejas que o publicam. Capítulos e versículos também estavam ausentes das outras três edições feitas durante a vida de Joseph Smith (1837 em Kirtland, 1840 em Nauvoo, 1841 em Liverpool).  Continuar lendo

Ordenanças do templo – parte 7

Investidura: instruções junto ao véu

Quase três meses antes da sua morte, o então presidente da Igreja Brigham Young decidiu que deveria haver uma maior padronização das ordenanças da investidura. Parte desse esforço foi a redação de uma palestra a ser recebida pelos iniciados antes de sua passagem pelo véu e ingresso na sala celestial do templo.

Templo de St. George. Mórmons.

Templo de St. George, o primeiro templo em Utah, dedicado em 06 de abril de 1877. | Foto do autor.

 

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Joseph Smith: Rompa os Grilhões do Homem Negro

Durante sua campanha à presidência dos Estados Unidos em 1844, Joseph Smith propôs o fim da escravidão negra. Após experimentar a violência no estado escravocrata do Missouri e ser exposto, durante o período de Nauvoo,  a ideias abolicionistas, suas justificativas da escravidão, sob preceitos bíblicos, cederam lugar à defesa de que a escravidão negra deveria ser encerrada dentro de seis anos, mediante a indenização dos seus proprietários.

Leia abaixo os trechos de seu programa presidencial.

Joseph Smith. Mórmons.

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Podcast Mórmon #3 – POLIGAMIA

A Associação Brasileira de Estudos Mórmons e o Vozes Mórmons dão seguimento ao projeto coletivo de podcasts para discussão de temas relacionados ao Mormonismo: o Podcast Mórmon.

Neste episódio Antônio Trevisan, Emanuel Santana e Marcello Jun discutem o passado e o futuro da pesquisa acadêmico-histórica de um dos aspectos históricos, sociais, e culturais mais marcante no Mormonismo: POLIGAMIA.

Podcast 03 versão 02

Em 1831, Joseph Smith teria recebido uma revelação ordenando homens casados a desposarem mulheres ameríndias poligamamente para gerar Lamanitas brancos. Entre 1833 e 1839, Smith relacionou-se com uma adolescente e uma mulher casada em segredo, mas a partir de 1841 começou a casar-se secretamente com múltiplas mulheres, iniciando oficialmente uma cultura polígama. Havendo iniciado os seus acólitos mais fiéis na prática, e elaborado toda uma teologia templária ao seu entorno, Smith construíra um legado que viria a definir o Mormonismo pelos próximos dois séculos.

Assista aqui o podcast na íntegra:

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Ordenanças do templo – parte 4

O Quórum dos Ungidos, a Investidura e as Segundas Unções

Em 04 de maio de 1842, 49 dias após seu ingresso na maçonaria, Joseph Smith introduziu uma nova cerimônia, que posteriormente passaria a ser chamada de “investidura”. Como já havia acontecido em Kirtland, o profeta mórmon não aguardou que o templo de Nauvoo estivesse pronto. Juntamente com seu irmão Hyrum, Joseph Smith administrou a investidura a um grupo de oito homens. Na casa de tijolos vermelhos em Nauvoo, Joseph e Hyrum Smith administraram a um grupo de oito homens a “ordem sagrada”. No dia seguinte, os dois irmãos receberam as mesmas cerimônias. Continuar lendo

Ordenanças do templo – parte 3

Vitral na Catedral de Saint-Julien de Mans, França

Vitral na Catedral de Saint-Julien de Mans, França

Simbolismo maçônico e o Ancião de Dias

Os rituais mórmons em Kirtland não teriam sido por si só suficientes para o desenvolvimento das cerimônias do templo em Nauvoo. Dois elementos ainda faltavam para formar a teologia e o ritual do templo: a posição de Adão e a maçonaria.

Muitas das revelações recebidas por Joseph Smith foram motivadas por algo que havia lhe chamado a atenção. Não foi diferente com os rituais maçônicos. O mormonismo surgiu em um contexto em que a maçonaria ainda era uma instituição relevante no acalorado debate político e religioso da época. A nova religião foi capaz de atrair a suas fileiras tanto maçons quanto antimaçons.

A denúncia de combinações secretas na narrativa do Livro de Mórmon – que tanto agradava aos mórmons de sentimentos antimaçônicos – não impediu que Joseph Smith viesse a acreditar na ideia de segredos antigos estavam sendo preservados pela maçonaria e que o segredo seria um elemento essencial para as inovações realizadas na década de 1840. De acordo com Benjamin F. Johnson, referindo-se a Joseph Smith:

Ele me disse que a Franco-Maçonaria, no presente, era as investiduras apóstatas, assim como a religião sectária era a religião apóstata. [1]

É fato inegável que Joseph Smith fez empréstimos do ritual maçônico para a investidura mórmon. Seria ingenuidade ou simplificação extrema, porém, considerá-la como uma mera cópia ou imitação.

Em sua celebrada biografia de Joseph Smith, o historiador Richard Bushman aponta as diferenças de objetivos nos rituais maçônicos e mórmons:

No difícil mundo do capitalismo emergente, as lojas [maçônicas] estabeleceram um universo alternativo de virtude e amizade contido em imagens e rituais antigos. Na superfície, o templo [mórmon] parece com o mundo fechado, fraternal das lojas. Mas o cerne espiritual da investidura de Nauvoo não era a ligação masculina. Em 1843, mulheres estavam sentadas nas salas de ordenanças e passando pelos rituais. Adão e Eva, um par homem-mulher, eram as figuras representativas, ao invés do herói maçônico Hiram Abiff. O objetivo da investidura não era fraternidade masculina, mas a exaltação de maridos e esposas. [2]

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Ordenanças do Templo – parte 1

O Templo Antes dos Templos e os Precedentes para os Círculos de Oração 

Unções e abluções, investiduras, selamentos e segundas unções constituem as mais sagradas cerimônias do mormonismo. Elas são geralmente chamadas pelos santos dos últimos dias de “ordenanças do templo”, uma vez que, para a imensa maioria dos mórmons que as praticam, são realizadas unicamente em templos, longe da esfera pública, onde a admissão não é livre sequer para qualquer membro. É importante lembrar, no entanto, que a prática de tais cerimônias “do templo” antecedeu a construção de qualquer templo mórmon, sendo realizadas ao ar livre ou em casas e outros prédios sem um uso exclusivamente religioso.

js_portraitFalando sobre a investidura, em 1 de maio de 1842, Joseph Smith fez questão de lembrar que as cerimônias do templo poderiam ser obtidas fora de prédios especiais:

Há certos sinais e palavras pelos quais falsos espíritos e personagens podem ser detectados dos verdadeiros, que não podem ser revelados aos élderes até que o templo esteja completo. O rico pode obtê-los apenas no templo. O pobre pode obtê-los no topo da montanha como fez Moisés. Há sinais no céu, terra e inferno e os élderes devem conhecer todos para ser investidos de poder, para terminar seu trabalho e evitar falsificação. O demônio conhece muitos sinais mas não conhece o sinal do Filho do Homem, ou Jesus. Ninguém pode dizer que conhece Deus até que tenha tocado algo, e isso só pode ser feito no Santo dos Santos. [1] Continuar lendo