Em 07 de abril de 1844, Joseph Smith proferiu um de seus discursos públicos mais emblemáticos, conhecido como o “sermão King Follet“. Nele, o profeta pregou, entre outros temas, a natureza humana de Deus e a pluralidade de deuses. O trecho abaixo é de uma das várias anotações disponíveis feitas pela audiência:
Devem conhecer o único Deus vivo e verdadeiro e Jesus Cristo. Deus: um homem como um de nós, mesmo como Adão. Não [foi] Deus desde toda a eternidade. Uma vez [Deus viveu] sobre um planeta com carne e sangue, como Cristo [viveu]. Como o pai tem vida em si mesmo, etc. Para conhecer Deus[,] aprendam a tornarem-se Deuses. [Deus é] Exaltado pela adição de sujeitos à sua família ou reino. [1]
O conceito de Deus como um ser humano que evoluiu até que se tornasse Deus faz do mormonismo um dos raros exemplos de antropomorfismo no mundo religioso contemporâneo. Essa “teologia materialista” herdada de Joseph Smith poderia – na opinião de alguns – favorecer a aceitação da evolução orgânica por mórmons.
Por outro lado, desde o século 20, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ensina que Jesus Cristo antes de nascer – e, portanto, antes de possuir um corpo – foi o criador da Terra. Essa doutrina, ainda que indiretamente, enfraquece o conceito de um deus corpóreo, ao retratar o Criador como um espírito sem corpo.
Na sua opinião, quais as implicações da ideia de um Deus com corpo humano? Você acha que a moderna Igreja SUD enfatiza tal ensinamento?
Referência
1. Registro de Samuel W. Richards. Words of Joseph Smith, p. 361. Comentários editoriais nossos entre [colchetes] para maior clareza.
Interessante. Nunca tinha percebido essa ambiguidade aparente entre Deus ter um corpo e ao criar a Terra Cristo não o tê-lo.
O que noto atualmente é que embora isso seja com frequência citado em materiais e aulas da igreja, pouco se aprofunda atualmente nas implicações do que isso poderia representar na prática litúrgica e nas ações cotidianas de um SUD.
Tão pouco sabia dessa contemporaneidade dos ensinamentos do Cristo Criador, pelas referências conhecidas, inclusive uma citada num dos links do texto desta postagem, dá-se a ideia de que isso já era entendido e ensinado pela Igreja desde o surgimento do Livro de Mórmon.
Bem, já tinha notado isso. Na realidade é complicado o próprio Espírito Santo ser cotado como um Deus(apesar que o tenho particularmente independente do que a Igreja diz seja). Sobre a segunda pergunta creio que não. Isso dá um impacto nas pessoas e poucos entendem sobre isso. Até mesmo uma mãe celestial é algo desconhecido pelos membros.