W. Paul Reeve: Redescobrindo os Primeiros Conversos Negros do Mormonismo

“É impossível policiar as fronteiras raciais”, afirma o historiador W. Paul Reeve. Professor da Universidade de Utah, Reeve coordena desde 2018 o projeto Century of Black Mormons (Século dos Mórmons Negros), uma base de dados digital que busca documentar a história de mórmons negros durante o primeiro século de existência do movimento religioso fundado por Joseph Smith.

W. Paul Reeve, professor da Universidade de Utah | Imagem: Cortesia de Daily Utah Chronicle.

Nesta entrevista exclusiva ao Vozes Mórmons, Reeve fala sobre sua jornada acadêmica para entender o passado racial dos santos dos últimos dias e os principais desenvolvimentos da historiografia sobre o passado racial mórmon nas últimas quatro décadas. Segundo ele, houve “três fases” de politicas raciais na Igreja SUD, fato que, observa, muitos de seus membros infelizmente desconhecem.

Reeve também pondera sobre a influência dos ensinamentos raciais passados sobre o mormonismo atual: “a Igreja”, ele afirma, “passou mais de 130 anos ensinando doutrinas e políticas raciais, mas não investiu a mesma energia para corrigir esses ensinamentos”. O historiador ainda lista as seis justificativas mais comuns entre membros SUD que reforçam a ideia de “inocência branca” durante o período da segregação racial mórmon, entre 1852 e 1978. Continuar lendo

Estátua de Brigham Young Pichada na BYU

Na manhã de segunda-feira (15/06), seguranças da Universidade Brigham Young (BYU) encontraram pichada a estátua do profeta e colonizador mórmon que dá nome à universidade.

Estátua de Brigham Young, no campus que leva seu nome, em Provo, Utah (15/06/2020). | Imagem: cortesia da Polícia da BYU.

Duas pessoas vistas pelas câmeras de seguranca da instituição haviam jogado tinta látex vermelha sobre a estátua e escrito a palavra “Racista” no seu pedestal. Um spray e uma lata de tinta foram deixados no local pelos pichadores.

A placa do prédio administrativo da universidade foi pichada com um X. O prédio leva o nome de Abraham O. Smoot, líder político e eclesiástico mórmon no território de Utah. Smoot era proprietário de pelo menos proprietário de pelo menos um escravo em Utah.

A estátua de bronze e a placa foram limpas no mesmo dia. Em declaração ao jornal The Salt Lake Tribune, um funcionário da universidade estimou os gastos da restauração em torno de mil dólares.

A depredação ocorreu em meio aos protestos contra o racismo e a violência policial nos Estados Unidos, desencadeados pela morte de George Floyd em 25 de maio, na cidade de Minneapolis, e outras mortes de pessoas negras resultantes da brutalidade policial no país.

Protestos do movimento Black Lives Matter (Vidas Negras Importam) também ocorreram na capital de Utah, Salt Lake City. Alguns dos protestos nos EUA e em outros países têm denunciado ou buscado destruir monumentos públicos em homenagem a personagens históricos associados ao comércio de escravos e à supremacia branca.

Segundo presidente d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Brigham Young (1801-1877) introduziu publicamente no mormonismo a ideia de segregação racial. Em 1852, Young discursou sobre a escravidão diante da Assembleia Legislativa do Território de Utah, afirmando que “um homem que tem o sangue africano nele não pode portar nem um jota nem um til do sacerdócio“, ainda que pudesse ser admitido como membro através do batismo. Por serem descendentes do personagem bíblico Caim, pregava Young, negros eram amaldiçoados, e poderiam ser protegidos pelo restante da posteridade de Adão ao ser tomados como escravos.

Um artigo de opinião publicado pelo The Salt Lake Tribune em 12/06 pedia que a universidade mórmon mudasse seu nome, afirmando que Brigham Young havia sido um dos supremacistas brancos mais bem-sucedidos, dada a prolongada vida do banimento de negros do sacerdócio SUD.

Em ensaio publicado em inglês no seu site oficial em 2013 (e traduzido para o português em 2014), a Igreja SUD reconhece que as ideias raciais de Young foram ao longo do tempo sendo expandidas e acrescidas de outras justificações doutrinárias para o racismo na igreja, dentre elas a ideia de os negros serem espiritos que permaneceram neutros na chamada “Guerra nos Céus”:

A maldição de Caim, frequentemente, era apresentada como justificativa para as restrições do sacerdócio e do templo. Na virada do século [20], outra explicação tomou forma: foi dito que os membros [negros] foram menos valorosos na batalha pré-mortal contra Lúcifer e, como consequência, foram impedidos de bênçãos do sacerdócio e do templo.

Durante a vida do profeta mórmon fundador, Joseph Smith Jr. (1805-1844), homens negros como Walker Lewis e Elijah Able foram ordenados a ofícios do sacerdocio mórmon. Segundo o relato da conversa negra Jane Manning James, em Nauvoo, Joseph Smith ainda teria proposto, através de sua esposa Emma, que Jane fosse a eles adotada como filha. Na década de 1830, Smith chegou a defender a escravidão negra em bases bíblicas. Porém, passou a defender o fim da escravidão nos últimos anos da sua vida.

A segregação racial iniciada no mormonismo em 1852 apenas veio a ser revogada em 1978, sob a direção do então presidente da denominação, Spencer W. Kimball (1895–1985). À época, a Igreja Mórmon via suas políticas raciais engenhadas na América do Norte impedindo seu crescimento em países como Brasil, onde predominava uma população grandemente miscigenada. O próprio Kimball aconselhava seus seguidores a casar com pessoas “da mesma raça”, tema ensinado mesmo após 1978.

Apesar de a Igreja implicitamente refutar hoje tais explicações doutrinárias para seu passado de segregação racial, durante o qual baniu homens negros do sacerdócio e impediu o pleno acesso de homens e mulheres negras aos rituais dos seus templos, a discriminação contra mórmons negros persiste no cotidiano.

Na própria BYU, alguns professores ainda buscam justificar o segregação no passado mórmon evocando paralelos bíblicos, como neste relato de uma estudante:

Meu professor de “Fundações da Restauração” justificou a proibição do sacerdócio aos negros, dizendo: “Não vamos fingir que Deus não havia feito restrições raciais para o sacerdócio e o evangelho antes. Ele não queria que o evangelho fosse ensinado aos gentios em um ponto. Não sei por que Deus faz essas restrições, mas Ele deixou as duas continuarem por um longo tempo.”

Em 2012, outro professor da mesma universidade causou desconforto ao declarar ao jornal The Washington Post que a segregacão racial não se havia iniciado com Brigham Young, mas sim com Caim.

No início de junho, o atual profeta e presidente d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, Russel M. Nelson, condenou o racismo  e a violência em nota nas mídias sociais. Nelson não abordou as questões raciais no mormonismo.

A BYU anunciou na semana passada a formação de um comitê para examinar as questões relacionadas a raça e desigualdade na universidade da Igreja.

Alguns Mórmons Veem Mensagem na Trombeta Caída do Anjo Morôni

Em 18 de março de 2020, às 7:09 da manhã, moradores de Salt Lake City e condados vizinhos do norte de Utah acordaram com um terremoto de magnitude 5,7 que atingiu 16 km além da cidade. Felizmente, parece não ter havido perda de vidas, embora danos materiais ocorreram em toda a área. O icônico Templo de Salt Lake City d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias teve somente pequenos danos. O anjo de mais de três metros e meio, na torre mais alta do prédio, foi sacudido a tal ponto que a trombeta posicionada em seus lábios deslocou-se e despencou para a base da torre. Coincidentemente, o templo havia sido fechado em 29 de dezembro de 2019, para reforma e atualização sísmica.

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Morôni sem a trombeta. | Imagem: Beneathtimp, Wikimedia Commons

Um porta-voz da Igreja SUD observou: “Este evento enfatiza por que este projeto é tão necessário para preservar este edifício histórico e criar um ambiente mais seguro a todos os nossos frequentadores e visitantes.” Membros individuais da Igreja, no entanto, procuraram um significado profético maior do que o oferecido na declaração sobre a segurança do edifício.  Continuar lendo

Dallin Oaks: Igreja Permanecerá Homofóbica, Transfóbica

O profeta mórmon e 1º conselheiro na Primeira Presidência  da Igreja SUD, Dallin Oaks, anunciou com clareza inequívoca, na reunião de ontem durante a sessão de liderança da 189ª Conferência Geral Semi-anual d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, as intenções da Igreja em não apenas insistir em sua política de discriminação contra homossexuais, mas também de discriminar contra transgêneros e interssexuais.

Durante o seu anúncio, Oaks deixou claro que a doutrina oficial da Igreja nega a existência de pessoas interssexuais, transgêneros e reforça discriminação eclesiástica sistêmica contra homossexuais. Continuar lendo

Igreja Mórmon Reverte Revelação Sobre Famílias LGBT

Cinco de Novembro é uma data histórica, ainda que em infâmia, para membros d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Crianças num lar estável com pais dedicados e amorosos: Dependendo da família, a Igreja Mórmon não as quer.

Crianças num lar estável com pais dedicados e amorosos: Dependendo da família, a Igreja Mórmon não as queria, e ainda se propunha a destruir esses lares. Aparentemente, não mais?

Foi nessa data em 2015 que descobriu-se, em parte através de uma denúncia anônima, que a Igreja Mórmon, sob a liderança do Profeta Thomas S Monson, havia oficializado a discriminação institucional contra famílias LGBT.

Na época, o atual Profeta e Presidente da Igreja Russell M Nelson, então servindo como Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos, assegurou os membros fiéis que tal política discriminatória, confirmada por nota oficial publicada pela própria Primeira Presidência, havia sido fruta de uma revelação divina:

“Cada um de nós durante esse momento sagrado sentiu uma confirmação espiritual … Foi o nosso privilégio como apóstolos sustentar o que havia sido revelado ao Presidente Monson.”

“A Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos aconselhou-se juntos e compartilhou tudo que o Senhor dirigiu-nos a compreender e sentir, individual e coletivamente … E então, vemos a inspiração do Senhor sobre o presidente da Igreja para proclamar a vontade do Senhor.”

Agora, após 3 anos e meio insistindo que essa política era uma ordem direta e inquestionável de Deus, a Igreja sob a liderança de Nelson volta atrás e a rescinde. Continuar lendo

Filha de Profeta Monson: Sou Mórmon. Sei disso.

Filha do Profeta Thomas Monson, serviu como Segunda Conselheira na Presidência Geral das Moças entre 2008 e 2013. Nesta posição, ela proferiu um discurso na Conferência Geral de outubro de 2012 onde ela prestou seu testemunho de que membros da Igreja SUD devem ter orgulho e coragem para assumir que são mórmons.

Ann Monson Dibb em discurso para a Conferência Geral da Igreja SUD em outubro de 2012

Para Dibb, não há nada mais nobre e corajoso do que prestar testemunho em público para qualquer pessoa: “Sou mórmon”! Continuar lendo

Igreja Mórmon Muda Nome Online

A Igreja Mórmon anunciou uma nova e ampla medida de relações públicas ao mudar seu nome fantasia nas plataformas digitais, tanto nas redes sociais, como em seus sites oficiais.

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Russell M. Nelson (centro) e seus dois conselheiros na Primeira Presidência, Dallin H. Oaks (esquerda) e Henry B. Eyring (à direita), em janeiro de 2018. | Imagem: Cortesia de Intellectual Reserve.

A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, conhecida popular e informalmente como “Igreja SUD” ou “Igreja Mórmon” há mais de 180 anos, e reconhecida assim oficialmente em público por ela mesma até a semana passada, anunciou que a partir das próximas semanas deixará de aceitar que sua presença digital responda pelos termos populares “mórmon” ou “SUD”.

Enquanto estratégia de marketing, não há absolutamente nada de novo ou errado em se alterar estratégias de branding em um mundo digital constantemente em fluxo. Infelizmente, porém, o anúncio e a mudança de estratégia convenientemente ignora (ou intencionalmente distorce) alguns fatos históricos, além de outros fatos contemporâneos. Continuar lendo

Dallin Oaks: Evite Pesquisar a História da Igreja

O Presidente Dallin H Oaks ofereceu conselho a jovens casados em Chicago sobre como lidar com perguntas que ameaçam a fé.

Dallin Oaks

Dallin Harris Oaks, Primeiro Conselheiro da Primeira Presidência e Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos da Igreja SUD, ao lado de Russell Nelson (à direita)

Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência e Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos da Igreja SUD, Oaks afirmou em devocional nesse 2 de fevereiro p.p. que a melhor estratégia para se manter a fé intacta na era das “informações” é se esforçar para permanecer ignorante dos fatos.

Oaks, de acordo com o relatório publicado pelo jornal da Igreja SUD The Church News, sugere que a melhor maneira para evitar “dúvidas” e manter “a fé” é nunca estudar os fatos históricos, evitar pesquisas, simplesmente acreditar no que os líderes da Igreja falam ou publicam no site oficial da Igreja, e dedicar-se com afinco às atividades da Igreja (ênfases nossas):

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Lembrai, Lembrai o Cinco de Novembro Mórmon

Cinco de Novembro é uma data histórica, ainda que em infâmia, para membros d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

Crianças num lar estável com pais dedicados e amorosos: Dependendo da família, a Igreja Mórmon não as quer.

Crianças num lar estável com pais dedicados e amorosos: Dependendo da família, a Igreja Mórmon não as quer, e ainda propõe-se a destruir esses lares.

Foi nessa data que descobriu-se, em parte através de uma denúncia anônima, que a Igreja Mórmon havia oficializado a discriminação institucional contra famílias LGBT.

Lindsay Hansen Park, Diretora da famosa e influente Fundação Educacional Sunstone, autora no blog Feminist Mormon Housewives, e apresentadora do podcast Year of Polygamy,  publicou uma comovente nota hoje para lembrar o custo emocional e psicológico das políticas oficiais da Igreja SUD contra seus membros LGBT em pessoas reais e em suas famílias.
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Igreja Retoma Luta Contra “Mórmon”

“Mórmon”, “Mormonismo” e “SUD” são termos a serem evitados, de acordo com o presidente e profeta d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Em anúncio feito em 16 de julho, pela Sala de Imprensa Mórmon, Russell M. Nelson retoma inesperadamente uma tendência compartilhada por algumas Autoridades Gerais na Igreja SUD e exposta pelo próprio Nelson na década de 1990.

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Russell M. Nelson (centro) e seus dois conselheiros na Primeira Presidência, Dallin H. Oaks (esquerda) e Henry B. Eyring (à direita), em janeiro de 2018. | Imagem: Cortesia de Intellectual Reserve.

A nova diretriz de Nelson soa gratuita e contrasta com o uso publicitário da palavra “mórmon” durante a administração de seu antecessor, Thomas S. Monson. A Igreja fez marketing do termo com a campanha multi-milionária “Eu Sou Mórmon” entre 2011 e 2014, e o documentário “Meet the Mormons” de 2014. Em anos recentes, a Igreja SUD processou legalmente empresasorganizações pelo uso do termo “mórmon” por suposta violação de direitos de propriedade intelectual. Continuar lendo

Primeiros Cristãos Criam que Maria Era Adolescente?

É complicado.

Em 13 de novembro, uma quinta mulher no Alabama se apresentou para acusar Roy Moore, ex-juiz e atual candidato do Senado pelo Partido republicano, de agressão sexual quando tinha 16 anos. A condenação a Moore tem sido generalizada, mas o próprio Moore negou veementemente essas alegações. Ele conta com o apoio de muitos no Alabama.

“A Virgem e Criança”, pintura de William Dyce, 1844.

Uma das mais controversas declarações de apoio veio do Auditor do Estado do Alabama, Jim Ziegler, que declarou: “Não há nada imoral ou ilegal aqui … Talvez seja um pouco incomum”. Ziegler passou a apelar para a história cristã de Maria e José: Continuar lendo

Bênçãos Patriarcais Aos Mortos

“Teu filho, William[,] terá poder sobre as igrejas, ele é pai em Israel sobre os patriarcas, e toda a Igreja; ele é o último da linhagem que é levantado nestes últimos dias”, afirmava a visão recebida por Lucy Mack Smith, acerca de seu filho William Smith.¹

Patriarca da Igreja William Smith bênção patriarcal

William Smith, circa 1862. | L. Tom Perry Special Collections, BYU; Joseph Smith Papers Project.

William Smith (1811-1893 ) foi terceiro Patriarca d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.² Apesar da grandiosidade do seu ofício, reiterada na revelação de sua mãe, William Smith teve sua autoridade por demais limitada por parte dos Apóstolos. Ainda tentando recuperar-se do trauma do assassinato de Joseph e Hyrum Smith, e sem uma Primeira Presidência, os apóstolos liderados por Brigham Young não apreciavam a percepção de Lucy Mack ou muitas das opiniões do novo Patriarca, com quem desenvolveram uma relação atribulada. Continuar lendo

Cadê os Livros? Parte 2: O Período Inglês

A publicação de livros mórmons e o desenvolvimento da cultura mórmon fora dos EUA

literatura mórmon

Imagem: Jessica Ruscello

Esta apresentação examina o desenvolvimento cultural mórmon fora dos Estados Unidos, através da lente da produção e distribuição de livros. Para compreender melhor a situação atual, apresentarei uma visão geral da história da publicação de livros por e para mórmons, prestando atenção especial à publicação de livros não escritos em inglês e publicados fora dos Estados Unidos. Depois, vou examinar o ambiente atual para a publicação de livros mórmons e finalizar com alguns caminhos possíveis para o desenvolvimento da publicação mórmon fora do idioma inglês. Continuar lendo

Historiadora Lança Novo Livro Sobre Poligamia Mórmon

Por que mulheres mórmons no século 19 aceitavam e defendiam a prática da poligamia, tida pela sociedade ocidental como uma perversão? Como essa sujeição se harmonizava com suas ideais de sufrágio universal e autonomia feminina?

Essas são algumas das questões abordadas pela historidora Laurel Thatcher Ulrich em seu novo livro, A House Full of Females: Plural Marriage and Women’s Rights in Early Mormonism, 1835-1870 (Uma Casa Cheia de Mulheres: Casamento Plural e Direitos das Mulheres nos Primórdios do Mormonismo, 1835-1870).

historiadora poligamia mórmon

Laurel Thatcher Ulrich examina uma colcha antiga. Foto: Erik Jacobs | Universidade de Utah

O título Uma Casa Cheia de Mulheres faz referência a uma entrada do diário de Wilford Woodruff, durante uma visita à Igreja, quando ele vê a Sociedade de Socorro local, presidida por sua esposa, costurando e fazendo colchas. A observação chamou a atenção da autora por sugerir o contraste entre a submissão das mulheres à ordem patriarcal e o ativismo feminino mórmon. Em 1870, Utah foi o segundo estado americano a garantir o direito de voto das mulheres, meio século antes do voto feminino ser garantido por uma emenda constitucional. Continuar lendo