Dallin Oaks: Igreja Permanecerá Homofóbica, Transfóbica

O profeta mórmon e 1º conselheiro na Primeira Presidência  da Igreja SUD, Dallin Oaks, anunciou com clareza inequívoca, na reunião de ontem durante a sessão de liderança da 189ª Conferência Geral Semi-anual d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, as intenções da Igreja em não apenas insistir em sua política de discriminação contra homossexuais, mas também de discriminar contra transgêneros e interssexuais.

Durante o seu anúncio, Oaks deixou claro que a doutrina oficial da Igreja nega a existência de pessoas interssexuais, transgêneros e reforça discriminação eclesiástica sistêmica contra homossexuais.

Oaks afirma que Deus criou Seus filhos apenas “machos e fêmeas” e que essa “criação binária é essencial para o plano de salvação”, ignorando completamente a realidade biológica de interssexuais (como, por exemplo o cineasta Alec Butler) e transgêneros.

Oaks reforça o ponto ao determinar “o sentido entendido sobre gênero na Proclamação da Família (que ele aproveitou para declarar estabelecer “declarações doutrinais de longa data” e que “jamais mudarão”) e utilizado em demais declarações e publicações [oficiais da Igreja] desde então é sexo biológico ao nascimento”. Oaks deixou claro, assim ao repetir-se e ao se elaborar em detalhes, que ignorar completamente a realidade biológica de interssexuais e transgêneros é o sentido literal e oficial da Proclamação da Família e a política da Igreja SUD.

Sobre homossexuais (e possivelmente alguns tipos de transgêneros), Oaks proclamou que estes também devem ser discriminados, porém reconhecidos como existentes:

“Não sabemos por que a atração pelo mesmo sexo e a confusão sobre a identidade sexual ocorrem. Embora os mandamentos de Deus proíbam todo comportamento impuro e reafirmem a importância do casamento entre um homem e uma mulher, a igreja e seus membros fiéis devem alcançar com compreensão e respeito os indivíduos que são atraídos por pessoas do mesmo sexo ou cuja orientação sexual ou a identidade de gênero é inconsistente com o sexo ao nascer.”

Não obstante, Oaks repetiu claramente que a política da Igreja é a de aceitar apenas pessoas cisgêneros e heterossexuais:

“[A] vida eterna, o maior presente de Deus para seus filhos, só é possível através dos poderes criativos inerentes à combinação de homens e mulheres unidos em um casamento eterno. É por isso que a lei da castidade é tão importante.”

Evidentemente, a posição doutrinária atual da Igreja Mórmon é que seres imortais ressuscitados e divinos são incapazes de inseminação artificial, recombinação genética, barriga de aluguel, incubação artificial, e outras técnicas científicas possíveis ou em estudo hoje.

Abril de 2019 vs Novembro de 2015

O discurso retrógrado de Oaks ontem marca um interessante ponto histórico na evolução mórmon de sua relação com a realidade de pessoas LGBT+.

Em novembro de 2015 descobriu-se, em parte através de uma denúncia anônima, que a Igreja Mórmon, sob a liderança do Profeta Thomas S Monson, havia oficializado a discriminação institucional contra famílias LGBT.

Na época, o atual Profeta e Presidente da Igreja Russell M Nelson, então servindo como Presidente do Quórum dos Doze Apóstolos, assegurou os membros fiéis que tal política discriminatória, confirmada por nota oficial publicada pela própria Primeira Presidência, havia sido fruta de uma revelação divina:

“Cada um de nós durante esse momento sagrado sentiu uma confirmação espiritual … Foi o nosso privilégio como apóstolos sustentar o que havia sido revelado ao Presidente Monson.”

“A Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos aconselhou-se juntos e compartilhou tudo que o Senhor dirigiu-nos a compreender e sentir, individual e coletivamente … E então, vemos a inspiração do Senhor sobre o presidente da Igreja para proclamar a vontade do Senhor.”

Não obstantes tais afirmações proféticas, em abril de 2019, após 3 anos e meio insistindo que essa política era uma ordem direta e inquestionável de Deus, a Igreja sob a liderança de Nelson volta atrás e a rescindiu.

Com essas duas mudanças administrativas de 2015, uma anunciada publicamente e outra efetivada em relativo sigilo, a Igreja SUD apresentou uma nova política oficial de discriminação contra famílias LGBT onde crianças em lares LGBT não poderiam mais ser abençoadas ou batizadas. Essa proibição valeria para crianças adotivas ou mesmo biológicas, e valeria para casais que coabitem ou mesmo que sejam legalmente casados. Ademais, a Igreja SUD passara a exigir, para que tais crianças possam eventualmente ser batizadas, que elas tenham cumprido seus 18 anos de idade, e renunciem e repudiem suas famílias, e ainda abandonem seus lares.

Imediatamente após o vazamento dessa mudança oficial, líderes da Igreja SUD saíram à caça da fonte do vazamento e em defesa da nova política, tentando inclusive suaviza-la para mitigar seus efeitos negativos de relações públicas. Milhares de membros da Igreja saíram às mídias sociais e às ruas para protestar a nova postura da Igreja, e milhares abandonaram a Igreja pedindo resignação, entre eles até famosos apologistas SUD, apologistas SUD menos famosos, e famílias de jovens afetados pela mudança. Subsequentemente, a taxa de suicídio entre jovens SUD aumentou drasticamente no ano seguinte à mudança, levando a grupos de mães mórmons dedicadas a proteger seus filhos da Igreja e as consequências de suas políticas de discriminação antigay a se organizarem em oposição à Igreja.

A reversão súbita desse mandato profético após menos de 4 anos, e o recrudescimento visto ontem por Dallin Oaks, não pode ser bem compreendido sem uma ponderação dos fatos históricos das últimas 4 décadas.

Relembrando a História da Cruzada Mórmon Anti-Gay

Um colunista do site de notícias The Huffington Post delineou em excelente artigo um resumo da evolução histórica do envolvimento d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias com a cruzada anti-gay no movimento da chamada “direita religiosa” nos EUA.

O ímpeto para lançar-se nessa cruzada que já dura décadas veio dos sucessos das campanhas furtivas da Igreja Mórmon para derrotar a Emenda Constitucional dos Direitos Iguais, que garantiria proteção para mulheres contra discriminação por gênero.

Havendo participado de maneira decisiva desse sucesso coletivo em conjunto com outras forças conservadoras norte-americanas (e.g., as igrejas Católica, Adventista, Batista, e as coalisões em tôrno do Partido Republicano) e ganhado uma medida de prestígio nesses meios, a Igreja SUD começou a se preparar legal, jurídica, e financeiramente para campanhas similares, desta vez contra outro grupo minoritário.

Ativistas a favor de direitos civis para LGBT começavam lentamente a fazer-se ouvir e a promover leis que os protegessem contra discriminação. O primeiro estado onde tais leis, incluindo a legalização de matrimônio, protegendo homossexuais estava sendo sériamente consideradas era o Havaí.

A Igreja Mórmon preparou-se adequadamente e, logo antes de formalmente iniciar a cruzada para a qual já se preparava há mais de uma década, publicou um novo documento oficial que serviria de embasamento religioso e filosófico, além de estandarte de guerra.

Declaração A Proclamação da Família

Escrevendo sobre esse documento, analisou o historiador Fred Karger:

A Igreja Mórmon recentemente “celebrou” o 20° aniversário de seu odioso “A Família: Uma Proclamação Ao Mundo.” A proclamação foi lida pelo então Presidente da Igreja Gordon B. Hinckey na Conferência Geral da Sociedade de Socorro em 23 de setembro de 1995, na Cidade de Lago Salgado, Utah. A ocasião marcou o dia em que a Igreja Mórmon declarou guerra contra o casamento gay. A Igreja ordenou que seus membros enquadrassem suas cópias da Proclamação para pendurá-las em seus lares. A maioria das famílias Mórmons fizeram isso.

Não coincidentemente, também em 1995, a Igreja Mórmon iniciou sua luta [política] contra o casamento gay no Havaí. [Os líderes da Igreja] traçaram planos elaborados para bloqueá-lo no primeiro estado onde estava sendo considerado. Quando a liberdade para [bloquear] casamento [gay pelo estado] finalmente chegou a voto no Havaí após três anos, ela foi aprovada. Após essa vitória em 1998, a Igreja Mórmon deu seguimento à sua campanha furtiva para proibir casamento gay por todos os Estados Unidos.

Relembrando as Campanhas Políticas da Igreja Mórmon

A Igreja Mórmon contribuiu diretamente com USD 400 mil no Havaí, e ainda angariou muito mais de seus membros e aliados, contratou um exército de advogados, consultores políticos, e lobistas em 30 estados, e criou grupos fantoches para esconder seu envolvimento nessas campanhas. Ela gastou diretamente milhões de dólares e mobilizou milhares de membros pelos próximos 13 anos até a campanha da Proposição 8 em 2008.

A Igreja Mórmon foi pega de surpresa ao ter sua participação central em todas aquelas campanhas estaduais por quase duas décadas denunciada em público em 2008, num desastre de relações públicas que a forçou a gastar dezenas de milhões de dólares em campanhas publicitárias para desfazer o branding negativo.

A Emenda Mórmon: Proposição 8

Em 20 de junho de 2008, apenas três dias após o casamento gay haver sido legalizado pela Suprema Corte da Califórnia, o novo Presidente da Igreja Thomas Monson anunciou através de carta lida em todas as unidades no estado que todos os membros deveriam “doar seu tempo e seus meios” para a campanha para passar a Proposição 8 [que ilegalizaria o casamento gay]. Na carta, o Presidente Monson ameaça os membros que “suas almas estariam em perigo” se não doassem dinheiro [para a campanha]”.

A Igreja Mórmon coagiu membros a doarem mais de USD 30 milhões durante os 4 meses de campanha, 77% de todo o dinheiro arrecadado para essa votação, constituindo a principal força responsável pela vitória da Proposição 8, que passou com a pequeníssima margem de 52-48.

A Igreja Mórmon não apenas financiou, mas também controlou, a administração da campanha política ‘Yes on 8’, montando uma verdadeira campanha de guerra em Utah e Idaho para telemarketing de eleitores na Califórnia. Ela transportou milhares de membros da Igreja para fazer campanha política, enviou material impresso para milhões de eleitores, organizou 25 000 voluntários membros da Igreja para bater portas durante 9 fins-de-semana por todo estado, financiou e administrou treinamentos para seus representantes, distribuiu centenas de milhares da placas de publicidade, além de panfletos, mobilizou 100 000 membros como voluntários para trabalhar no dia da eleição, construiu e manteve vários sites na internet para o ‘Yes on 8’, criou 4 eventos televisivos e 9 comerciais, e conduziu 2 transmissões ao vivo para 5 estados em preparação à mobilização de voluntários.

A Igreja Mórmon Mente Sobre A Proposição 8

A Igreja Mórmon registrou gastos de apenas USD 2 078 por toda sua operação de guerra como contribuições para o ‘Yes on 8’. A Comissão de Práticas Políticas Honestas da Califórnia (California Fair Political Practices Commission ou FPPC) investigou a Igreja SUD por 18 meses, condenando-a em 13 casos de fraude eleitoral. A Igreja Mórmon confessou-se culpada e pagou uma multa não publicada.

Vazam Documentos Mórmons Secretos

Em fevereiro de 2009 um informante vazou documentos secretos da Igreja Mórmon, delineando toda campanha política contra casamento gay pelos últimos 13 anos, que o repórter publicou no site mormongate.com.

A Igreja Mórmon recusou-se a confirmar ou a negar a autenticidade desses documentos.

Outros documentos adicionais foram publicados no Mother Jones e no Frontiers Magazine.

Os documentos provam que a declaração de guerra da Igreja Mórmon contra o casamento gay e a comunidade LGBT em 1995 foi deliberada e planejada por mais de uma década, e que a entrou em coluio com a Igreja Católica para a cruzada anti-gay.

Ademais, a Igreja Mórmon foi a extremos para ocultar sua participação nessa cruzada política, inclusive criando o último grupo fantoche Organização Nacional pelo Casamento (National Organization for Marriage ou NOM) em 2007 para conseguir qualificar-se para elaborar e passar a Proposição 8.

Conflitos Entre Membros

A Igreja Mórmon causou enorme fissão entre membros por causa de seu apoio à campanha da Proposição 8 na Califórnia para suspender a legalização do casamento homossexual no estado. (Ver “Mormon Power Grab: It’s Tearing Families Apart”).

O consultor de marketing da Igreja Gary Lawrence confessou ao Washington Post que os danos na imagem pública por causa da Proposição 8 foram muito maiores que teriam antecipado.

Informantes dentro da Igreja indicam que ela perdeu até 1 milhão de membros ativos e fiéis nos últimos 7 anos por causa da cruzada anti-gay. Esses membros, ativos e voluntários dentro da Igreja (em chamados) optaram sair da Igreja em demonstração de apoio a seus familiares e amigos dentro da comunidade LGBT.

O prestigioso centro de pesquisas demográficas Pew Research Center publicou estudo demonstrando que mórmons estão mudando de opinião e cada vez mais aceitando a homossexualidade como uma expressão normal da sexualidade humana, crescendo 50% a aceitação entre membros da Igreja quando comparado com o mesmo estudo de 2007, antes do fiasco da Proposição 8.

Após mais de uma década de preparações e investimentos, e após uma década de vitórias políticas e jurídicas, a Igreja SUD encontrou-se na defensiva após 2008, tanto com o público em geral, quanto com os seus próprios membros. A Igreja abrandou sua postura e até passou a apoiar algumas leis anti-discriminatórias. Não obstante, continuou lutando contra alguns direitos civis básicos, bandeando com outras igrejas e grupos conservadores, inclusive incentivando e apoiando notórios grupos de ódio pregando discriminação contra pessoas e famílias LGBT. Como consequência, a Igreja vem perdendo membros e parece estar até perdendo a “pureza” ideológica deles.

Um Novo Profeta e Uma Nova Revelação?

Russell Nelson assumiu o papel de Profeta e Presidente da Igreja SUD em janeiro de 2018 após o falecimento de Thomas Monson, e em 14 meses à frente da fé mórmon, nada havia proposto em termos de mudanças para com o tratamento dos membros LGBT.

O que não deveria ter surpreendido a nenhum observador e estudioso do mormonismo.

Em discurso de Conferência Geral em outubro de 1992, Nelson explicara como a epidemia de HIV e AIDS, que já havia ceifado as vidas de mais de 34 milhões de pessoas desde a década de 1980, dentre os quais desproporcionalmente mais gays e transsexuais, fora causada (em parte) pela luta por direitos civis para negros.

Em discurso na BYU-Havaí, meros 2 meses após o anúncio e a descoberta citadas acima, Nelson explicara como e porquê Deus teria revelado à Igreja SUD a importância de discriminar contra crianças em famílias LGBT. Na mesma ocasião, sua esposa Wendy Nelson, explicara para os jovens mórmons que através do poder da prece e da fé, homossexuais podem ser curados de sua homossexualidade.

Tudo isso parecia ter mudado com um súbito anúncio público da Primeira Presidência em abril p.p., lido pelo próprio Oaks citado acima.

“Filhos de pais que se identificam como lésbicas, gays, bissexuais e transexuais agora podem ser abençoados quando bebês e mais tarde batizados como membros da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, de acordo com as atualizações anunciadas nesta quinta-feira às políticas da Igreja de novembro de 2015, intencionadas na época em manter a harmonia familiar, mas percebidas como dolorosas entre alguns defensores da comunidade LGBT.

A igreja também atualizará seu manual de instruções para que líderes removam o rótulo de apostasia por comportamento homossexual, que também havia sido aplicado em novembro de 2015, disse o presidente Dallin H. Oaks, primeiro conselheiro na Primeira Presidência, que anunciou as mudanças em nome da Primeira Presidência na manhã de quinta-feira durante a sessão de liderança da 189ª Conferência Geral Anual da Igreja.” (ênfases nossas)

Além de admitir que as novas mudanças foram anunciadas por causa da reações negativas de membros e da mídia, Oaks demonstra surpreendente franqueza ao confessar que a revelação anunciada pelo Profeta Thomas Monson causara ódio e contenção, e promovera redução em compreensão, compaixão, e amor:

“Além disso, os esforços de nossos membros para mostrar mais compreensão, compaixão, e amor devem aumentar o respeito e o entendimento entre todas as pessoas de boa vontade. Queremos reduzir o ódio e a contenção tão comuns hoje em dia. Estamos otimistas de que a maioria das pessoas – quaisquer que sejam suas crenças e orientações – anseiam por uma melhor compreensão e por comunicações menos controversas. Esse é certamente o nosso desejo, e procuramos a ajuda de nossos membros e outros para alcançá-lo.”(ênfases nossas)

O próprio jornal oficial da Igreja SUD, Deseret News, pausara em sua cobertura do anúncio para notar que o atual Profeta havia identificado a política de seu antecessor como revelação divina:

“O Presidente Russell M. Nelson, que sucedeu o Presidente Monson como presidente da igreja, era o presidente do Quórum dos Doze Apóstolos em 2015. Ele disse no início de 2016 que as políticas de novembro de 2015 eram resultado de revelação. Os santos dos últimos dias acreditam que Deus dirige a igreja através da revelação contínua por meio de um profeta vivo, o presidente da igreja. O Presidente Nelson, que se tornou o presidente da Igreja em janeiro de 2018, disse às autoridades gerais e da área de todo o mundo durante a reunião da manhã de quinta-feira que uma onda de mudanças políticas no ano passado foi inspirada pela revelação. (ênfases nossas)

Em suma, Nelson e Oaks afirmaram há meros 6 meses, de maneira simples, honesta, e inequívoca que Thomas Monson recebera uma revelação divina em 2015 que foi diretamente contrariada por uma revelação divina em 2019 a seu sucessor profético.

A Primeira Presidência, assim como o editorial do Deseret News, admitiram que a nova revelação veio apenas após imensa pressão da opinião pública. Como mencionamos acima, imediatamente após o vazamento dessa mudança oficial, líderes da Igreja SUD saíram à caça da fonte do vazamento e em defesa da nova política, tentando inclusive suaviza-la para mitigar seus efeitos negativos de relações públicas. Milhares de membros da Igreja saíram às mídias sociais e às ruas para protestar a nova postura da Igreja, e milhares abandonaram a Igreja pedindo resignação, entre eles até famosos apologistas SUD, apologistas SUD menos famosos, e famílias de jovens afetados pela mudança. Subsequentemente, a taxa de suicídio entre jovens SUD aumentou drasticamente no ano seguinte à mudança, levando a grupos de mães mórmons dedicadas a proteger seus filhos da Igreja e as consequências de suas políticas de discriminação antigay a se organizarem em oposição à Igreja. Até jornais de alcance internacional, como o The New York Times, abertamente criticaram a Igreja por sua postura.

Reconhecendo essa pressão, a Primeira Presidência admitiu:

“O Presidente Henry B. Eyring, segundo conselheiro na Primeira Presidência, disse que a igreja precisa da direção de Deus para atender às mudanças nas circunstâncias e guiar mudanças nas práticas e políticas da Igreja ao longo de sua história.

(…)

Essas mudanças de política ocorrem depois de um longo período de aconselhamento com nossos irmãos no Quórum dos Doze Apóstolos e depois de fervorosa e unida oração para entender a vontade do Senhor nestes assuntos”, disse a Primeira Presidência no comunicado à imprensa.

(…)

Na época em que anunciaram as políticas de novembro de 2015, os líderes da igreja mantiveram sua posição de longa data de que os membros da igreja não deveriam excluir ou ser desrespeitosos com aqueles que escolhem um estilo de vida diferente. Eles também disseram que os membros da igreja poderiam expressar apoio político para o casamento entre pessoas do mesmo sexo sem consequências para a membresia da igreja.

Ainda assim, alguns disseram que as políticas foram dolorosas para eles e os críticos lançaram petições pedindo aos artistas convidados que cancelassem as aparições com o Coro do Tabernáculo na Praça do Templo e boicotassem os jogos contra a Universidade Brigham Young, a principal escola da igreja.” (ênfases nossas)

Em resumo, as mudanças anunciadas há 6 meses e que foram efetivadas no oficioso Manual de Instruções da Igreja, volume 1, são:

Todos os pais, incluindo os que não são da igreja ou que são LGBT, podem solicitar uma bênção para um bebê por um portador do sacerdócio digno e autorizado[.] Os líderes da igreja local devem instruir o pai ou pais que a bênção, uma ordenança que coloca o nome da criança em registros formais da igreja e desencadeia uma série de contato vitalício na igreja, significa que os membros da congregação entrarão em contato com eles periodicamente e proporão batismo quando a criança completar oito anos de idade.

• Começando imediatamente, crianças de oito anos ou mais cujos pais se identifiquem como LGBT podem ser batizadas sem a aprovação da Primeira Presidência[. O]s líderes da igreja local devem obter permissão dos pais para o batismo de uma criança e garantir que eles entendam a doutrina que membros da igreja ensinarão a criança e que ele ou ela está fazendo um convênio para viver os princípios do evangelho conforme ensinado pela igreja.

• Embora o casamento entre pessoas do mesmo sexo por um membro da igreja ainda seja considerado uma transgressão séria[,] ele não será mais tratado como apostasia para propósitos de disciplina da igreja. O esclarecimento alinha a resposta da igreja às violações da doutrina da lei da castidade da igreja – as relações sexuais são adequadas apenas entre um homem e uma mulher que são legal e legitimamente casados ​​como marido e mulher – quer ocorram em relacionamentos heterossexuais ou homossexuais. (ênfases nossas)

Curiosamente, o jornal da Igreja SUD cita como exemplos históricos de políticas eclesiásticas que foram alteradas, além de mudanças nos nomes oficial e extra-oficial da Igreja (como se viu recentemente mais uma vez), e de mudanças na duração de missões de tempo integral (veremos mudança em breve?), mas também na mudança da política de discriminação contra negros e segregação racial.

Progresso e Retrogresso?

Nelson e Oaks indicaram há 6 meses um alívio na política de discriminação contra membros LGBT+. Ontem, Oaks emitiu pronunciamentos proféticos de que o atual padrão de discriminação é um dito divino e imutável. Pode-se ler nisso uma tentativa dogmática para evitar maiores mudanças no futuro?


Leia mais sobre a Proposição 8.

Leia mais sobre associação de Igreja com essas organizações.

Leia mais sobre reações da Igreja com controversias legais.

5 comentários sobre “Dallin Oaks: Igreja Permanecerá Homofóbica, Transfóbica

  1. Diferentemente das questões relacionadas à poligamia e sacerdócio para negros, não há nenhum versículo sequer nas obras padrão que endosse o homossexualismo, pelo contrário, há registros de reprovação de tal prática. É por esse motivo que não é possível comparar as mudanças que houveram em relação àqueles questões em comparação a esta.

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