Projeto imobiliário bilionário d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias sofre críticas de ambientalistas e da comunidade local.
A Igreja SUD planeja desenvolver um de seus latifúndios na Flórida em cidades para 500 mil habitantes numa área entre um terço a metade da área de São Paulo.
A Deseret Ranches, empresa de fins lucrativos subsidiária da Corporação do Presidente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, possui uma área aproximada de 730 mil hectares na região central da Flórida, entre os condados de Brevard, Orange e Osceola. O projeto é usar metade dessa extensão, em Osceola, para construir uma metrópole. De acordo com o gerente geral da empresa, Erik Jacobsen, a Deseret Ranches continuará operando na área restante.
O projeto transformará grande parte da região metropolitana da grande Orlando, no Condado de Osceola (próximo aos famosos parques da Disney, Hollywood Studios, Universal, e Sea World), onde há fazendas e assentamentos de imigrantes portorriquenhos.
Críticos queixam-se que:
- O projeto destruirá milhares de hectares de habitats naturais próximos aos rios St. Johns River e Kissimmee;
- Políticos do condado estão se desdobrando para favorecer um dos maiores poderes financeiros na região (i.e., a Igreja SUD), facilitando aprovação de projetos sem maior transparência ou escrutínio;
- Faltam no projeto 19 mil hectares de terra destinados a preservação natural;
- A inclusão da represa de dois riachos para reservatórios desfavorece o suprimento de água da comunidade e o controle desta pelo Estado a favor de um monopólio do controle aquífero pela Igreja;
- Deseret Ranches já se encontra numa batalha jurídica há 6 anos com fiscais estaduais sobre a cobrança financeira indevida por parte da Igreja pelo consumo de água em regiões centrais da Flórida, o que certamente se agravaria com essas novas represas.
Defensores do projeto (i.e., representantes da Igreja, políticos aprovando-o, et al.) citam concessões conservacionistas já realizadas pela Igreja ao projeto inicial e os benefícios econômicos e de geração de empregos que o projeto trará para a região.
Fins Lucrativos
Deseret Ranches é administrada pela Deseret Cattle and Citrus, uma das empresas com fins lucrativos de propriedade da Igreja SUD. A primeira fazenda na Flórida foi iniciada em 1950 por Henry Moyle. Seu foco principal é a pecuária de corte. Segundo o site da empresa, a fazenda possui mais de 42 mil vacas, que produzem 36 mil novilhos por ano. A produção anual de carne passa de 8 mil toneladas, o que lhe dá a reputação de maior fazenda de corte do mundo. Na agricultura, há destaque para citros, com 200 mil pés de laranjeiras. A fazenda ainda tem outras culturas, com destaque para a batata.
O interesse da Deseret Ranches em um projeto de urbanização foi noticiado pela primeira vez em 1991, em reportagem do jornal The Arizona Republic e reproduzida em parte no Deseret News, de propriedade da Igreja.
Agronegócio
A Igreja SUD é considerada uma das maiores proprietárias de terras para agropecuária nos Estados Unidos. De acordo com reportagem da revista Bloomberg Businessweek, outras empresas de agronegócio da Igreja SUD incluem a Sooner Cattle Co., em Oklahoma, com vendas anuais estimadas em US$ 760 mil; a Agrinorthwest, com vendas estimadas em US$ 68 milhões anuais, sediada no estado de Washington; a Deseret Land and Livestock, que atua em Utah e Wyoming, possuindo cerca de 8500 cabeças de gado, além de uma reserva de caça e pesca; e a AgReserves, com fazendas no Canadá, Austrália, Grã-Bretanha e América Latina – incluindo Argentina, Chile e Brasil.
Brasil
A AgReserves atua no país como AgroReservas do Brasil Ltda. O escritório da empresa está localizado no município de Formosa, em Goiás. Em 2005, sua fazenda em Unaí, noroeste de Minas Gerais, foi invadida por integrantes do MST, depois condenados a indenizar a empresa. Estima-se que a empresa “possui cerca de 4,3 mil hectares de pastagem para 7,6 mil cabeças de gado e que ainda produz nos outros 100 mil hectares, cerca de 170 mil toneladas de laranja a cada ano”. Perfis de funcionários no site LinkedIn também mencionam plantações de soja, feijão, sorgo, milho e batata.
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Com a essa aquisição, qual proporção de terras em posse da igreja em relação ao estado?
Estive olhando o site deles e dizem ter algo em torno de 740 km2. Só dessa empresa, creio eu.
O estado da Flótima parece ter algo em torno de 170.000 km2, se pesquisei direito. Não tenho noção de tamanhos, mas creio que construir uma cidade para 500000 pessoas não seja algo muito pequeno.
A AgReserves é bem reservada, inclusive, achando se muito pouco ou quase nada sobre ela no Google.
Parabéns à liderança da Igreja pelo projeto, com certeza vai trazer mais desenvolvimento e emprego para os moradores da região e ainda trazer retorno financeiro à Igreja, cumprindo o mandamento da autossuficiência.