O Fim da Ordem de Extermínio Mórmon

Alguns mórmons conhecem a Ordem de Extermínio Mórmon, porém, o seu fim é desconhecido pela grande maioria. Hoje é uma data histórica, pois, há 40 anos essa ordem foi formalmente rescindida.

Christopher Samuel “Kit” Bond, nascido em 1939, serviu como Auditor Estadual de Missouri (1971-1973), Governador de Missouri (1973-1977, 1981-1985), e Senador Federal (1986-2010).

Contexto Histórico

Em 1831, mórmons migraram para o Missouri. Quando chegaram ao estado houve um sentimento de que finalmente encontraram a sua Sião. De fato, Sião a cidade deveria, e um dia segundo a crença SUD, será construída no condado de Jackson.

Em 1833, havia um clima de paz e felicidade entre os membros. Parley P. Pratt disse:

“Raramente, ou mesmo nunca, houve povo mais feliz sobre a face da Terra do que os santos da Igreja nestes dias”. [1]

Porém, alguns fatos fizeram do local um período de crises. Apesar da Guerra Mórmon ser durante o período de 1838, anos antes os membros viviam em guerra com os missourianos.

O estopim para uma verdadeira guerra se deu com essa declaração de Joseph Smith Jr:

“Existe muita agitação entre os moradores de Missouri, que estão procurando encontrar um motivo para nos atacar. Estão constantemente irritando-nos e tentando provocar-nos, com uma ameaça atrás da outra, mas não os tememos, pois o Senhor Deus, o Pai Eterno é nosso Deus, e Jesus(…) nossa força e esperança(…). O pai deles é o diabo, que os instiga a todo momento a agir dessa maneira, e eles, como filhos submissos e obedientes, não precisam ser mandados mais de uma vez. Mas em nome de Jesus Cristo (…) não toleraremos por mais tempo, se nosso grandioso Deus armar-nos com coragem, com força e com poder para resistir-lhes em suas perseguições. Não agiremos na ofensiva, mas sempre na defensiva”. [2]

Assim estava armado o palco para a guerra entre mórmons e o governo do Missouri. Após esse fato ocorreram alguns ataques no condado de DeWitt e a histórica batalha do rio Crooked, pois, nessa batalha foi assassinado o apóstolo David W. Patten.

“Ordem de Extermínio”

Em 27 de outubro de 1838, o governador Lilburn Williams Boggs assinou a Ordem Executiva Nº 44. Ela dizia para o general John B. Clark juntar 400 homens e em relação aos mórmons deu a seguinte declaração:

“Os mórmons devem ser tratados como inimigos e devem ser exterminados ou expulsos do estado, se necessário, para o bem da população. Os ultrajes por eles cometidos vão além do que possa ser descrito.”

Não poupando esforços, os comandantes da milícia buscaram cumprir essa ordem. Nos dias sequentes um cerco se fez em Far West, para se cumprir a ordem. Um grupo de membros tinha acabado de chegar em Haun’s Mill, e pararam para descansar antes de chegar em Far West que era sede da Igreja na época.

Um grupo de missourianos decidiu atacar os membros de Haun’s Mill para executar a ordem. Em 30 de outubro, aproximadamente 240 homens foram ao ataque. Alguns correram para o bosque e outros tentaram se defender, porém, algumas crianças foram mortas.

As milícias do governo em Far West superavam os membros em números sendo 5 vezes maiores. Apesar disso houve uma trégua e não assassinaram mais membros. Joseph e alguns líderes foram presos. O general John B. Clark chegando a Far West declarou o seguinte:

“Por esse ato de piedade vocês estão endividados para com minha clemência. Não lhes ordeno que partam agora, mas não devem fazer planos de ficar aqui por mais uma estação nem iniciar plantações. (…) Quanto a seus líderes, não pensem, por um minuto sequer, não deixem que entrem em sua mente a esperança de que eles serão libertados, pois não verão seus rostos novamente, pois seu destino está determinado, a morte é sua sina, seu futuro está selado”. [3]

Em 1839, os membros fugiram para Illinois, onde na cidade de Quincy foram ajudado por bondosos cristãos protestantes. Em partes a ordem foi cumprida e curiosamente ela estava em vigor por mais de 137 anos.

O Fim da Ordem de Extermínio

Em 25 de junho de 1976, o governador Christopher Samuel Bond mais conhecido como “Kit Bond”, rescindiu a Ordem Executiva Nº 44. No documento está escrito:

“Considerando que, em 27 de Outubro de 1838, o Governador do Estado do Missouri, Lilburn W. Boggs, assinou uma ordem chamando para o extermínio ou expulsão dos Mórmons do Estado de Missouri; e

Considerando que, o Governador Boggs ‘violou claramente os direitos à vida, à liberdade, à propriedade e à liberdade religiosa, garantidas pela Constituição dos Estados Unidos, bem como a Constituição do Estado de Missouri; e

Considerando que, neste ano do bicentenário [da independência dos EUA] para nós refletirmos sobre a herança de nossa nação, o exercício da liberdade religiosa é, sem dúvida, um dos princípios fundamentais da nossa República Democrática livre;

Agora, portanto, eu, Christopher S. Bond, o governador do Estado de Missouri, em virtude da autoridade investida em mim pela Constituição e as leis do Estado de Missouri, decido da seguinte forma:

Expressando em nome de todos missourianos nosso profundo pesar pela injustiça e sofrimento desnecessário que foi causado pelo fim de 1838, tenho a honra de rescindir a Ordem Executiva Nº 44, de 27 de Outubro de 1838, emitida pelo governador Lilburn W. Boggs.

Em testemunho do que eu assino o presente documento e coloco o grande selo do estado de Missouri, na cidade de Jefferson, neste 25 dias do mês de Junho de 1976.

(Assinado) Christopher S. Bond, Governador.”

O site do Secretario estadual do Missouri tem os documentos das ordem emitidas por Boggs e Bond. [4][5]

Passados 40 anos muitos mórmons se esqueceram, outros nem mesmo sabem que um advogado presbiteriano, colocou o fim de uma lei que beneficiou todos os mórmons de outras denominações no Missouri. Agora fica a questão: Essa data merece ser comemorada pelos mórmons?


Referências:
[1] The Evening and The Morning Star, junho de 1833, p. 102.
[2] History of the Church, 3:67–68.
[3] History of the Church, 3:203.
[4] “Ordem de Extermínio“.
[5] “Rescisão da Ordem de Extermínio“.

8 comentários sobre “O Fim da Ordem de Extermínio Mórmon

  1. Não resta a menor dúvida de que está data deve sim ser comemorada. Porém como pode ser comemorado algo que muitos ou mesmo a grande maioria dos membros não conhecem!!!! As vezes penso que somos um povo sem memoria histórica apesar de termos muitas histórias e fatos que merecem ser comemorados e lembrados com respeito e amor pelas pessoas envolvidas. Mas vejo que não é bem assim, infelizmente.
    Obrigado por ter o Vozes Mórmon sempre atentos e não nos deixam sem informações.

  2. Alguem saberia informar se os membros nos EUA, ou pelo menos em Utah, e até mesmo no Missouri, agem com a mesma passividade, em relação a esta data, como no Brasil?

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