O Apóstolo Mark E. Petersen fez um discurso sobre problemas raciais e a Igreja SUD para uma convenção de professores de religião do Sistema Educacional da Igreja em Provo, Utah, em agosto de 1954.

Mark E. Petersen, Apóstolo da Igreja SUD (1944-1984), a quem Thomas Monson chamou de “gigante entre homens”: “Aqui e ali, de vez em quando, Deus gera gigantes entre os homens”.
O Apóstolo Mark E. Petersen tentava explicar, com esse discurso, que a Igreja não era racista. O discurso, que rapidamente tornou-se famoso e foi publicado em formato de panfleto e distruibido pela Igreja por décadas, fora entitulado “Problemas Raciais – Como Afetam a Igreja”.
Eis uma tradução do discurso em sua íntegra (ênfases nossas):
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Problemas Raciais – Como Afetam a Igreja
Élder Mark E. Petersen
Convenção de Professores Universitários de Religião
Provo, Utah
27 de agosto de 1954
A discussão sobre os direitos civis, especialmente nos últimos vinte anos, traçou algumas linhas muito nítidas. Ela tem cegado o pensamento de alguns de nossos próprios irmãos, eu acredito. Eles permitiram que suas afiliações políticas influenciassem seu pensamento até certo ponto, e então, é claro, eles foram persuadidos, por alguns dos argumentos que vêm sendo apresentados.
É uma coisa boa entender exatamente o que o Negro tem em mente sobre este assunto, eu estarei falando de outras raças além de negros, é claro, mas é a questão dos negros que a marcou, então gostaria de falar primeiro de tudo sobre o Negro e seus direitos civis. Nós que ensinamos na Igreja certamente devemos ter os pés no chão e não sermos desviados pelas filosofias dos homens sobre este assunto, assim como com qualquer outro assunto.
Gostaria de começar citando uma entrevista conduzida pelo United States News com Adam Clayton Powell, Jr., um líder negro muito proeminente e membro do Congresso dos Estados Unidos. A United States News publicou esta entrevista em sua edição de setembro de 1952. Isso foi antes da decisão da Suprema Corte, como você deve se lembrar.¹
Ao Deputado Powell foi-lhe feita uma série de perguntas, e ele as respondeu. A primeira pergunta:
P: “A questão dos direitos civis em relação à segregação, Deputado Powell, abre o tema freqüentemente mencionado de igualdade social, e eu me pergunto: Qual é o ponto de vista dos líderes dos negros neste país hoje sobre o assunto amplo de igualdade social?”
R: “Naturalmente, a igualdade social é algo que cobre tantas coisas diferentes que teria que ser definido mais de perto”.
P: “Bem, você diria que, em princípio, o desejo é a igualdade social?”
R: “Não. Eu diria que existe uma exigência de igualdade social em todos os lugares públicos, qualquer lugar que esteja operando publicamente, não importa qual seja sua natureza, não deveria ter o direito de recusar ninguém. Para um clube ou uma instituição privada, isso seria outra questão. “
P: “Mas incluiria hotéis, restaurantes e, claro, todas as formas de transporte?”
R: “Isso mesmo.”
P: “Isso significaria o fim da segregação nas ferrovias do Sul?”
R: “Sim, isso seria.”
P: “Qual é o status dessa controvérsia? A segregação nas ferrovias agora é proibida por lei? “
R. “Não, isso não é proibido por lei, mas, de acordo com as decisões da Suprema Corte nos últimos anos, não há mais segregação permitida nos compartimentos de jantar, já não é permitido em ônibus no transporte interestadual -“
P: “O que aconteceu com o Pullman?”
A: “Esta é uma coisa opcional que a própria empresa Pullman tem instituido. No entanto, de vez em quando você vai encontrar um condutor Pullman individual que o interpreta em seus próprios termos de intolerância que, no entanto, está mudando rapidamente. O único lugar ainda restante é o chamado compartimento ‘Jim Crow’,² e até isso foi abolido em trens saindo de cidades do Norte.”
P: “Qual é a razão básica para a oposição ao fim da segregação?”
R: “Acho que é apenas a opinião pública herdada dos dias passados, quando o negro não era tão maduro e educado e avançado como ele é hoje – e nem o homem branco. Acho que uma enquete privada produziria estatísticas tremendas apoiando o fato que a grande maioria das pessoas no Sul está mudando, mas têm medo de que suas opiniões se tornem públicas.”
P: “Existe algum ponto de vista semelhante no Norte, onde há um grande número de negros? Há alguma oposição lá à não-segregação?”
R: “Sim. Na verdade, acho que o problema é um tipo de nivelamento que não é mais um problema estritamente seccional -“
Vou pular alguns trechos agora. Passemos agora ao assunto do casamento interracial com negros. Continuo a ler desta entrevista:
P: “Você acha que muitas das pessoas que se opõem à interrupção da segregação têm medo que quebrar as linhas sociais pode levar ao casamento interracial?”
R: “Esse é o grande bicho papão usado para assustá-los, quando a verdade é que quando duas pessoas estão apaixonadas – negros, brancos, judeus, gentios, protestantes, católicos – ninguém pode detê-los”.
P: “Qual é a atitude dos líderes negros em relação à questão dos casamentos mistos? Eles sentem que é a probabilidade ao longo do tempo?”
R: “Sim, sentem, mas não como uma coisa consciente pela qual sair e se fazer campanha”.
P: “Eles pensam que, em última instância, o casamento interracial será algo lugar comum neste país?”
A: “Pessoalmente, eu acho.”
P: “Quão distante disso você diria que estamos?”
R: “Bem, isso é difícil de dizer. Eu nunca pensei que a Índia seria livre na minha vida, mas hoje a Índia é livre. Eu não achava que a África teria um primeiro-ministro negro, mas o tem hoje na Costa do Ouro.”
P: “Você acha que há muito casamento interracial hoje entre brancos e negros neste país?”
R. “Não, muito pouco, mas é a velha idéia do polegar ferido – ele se destaca quando acontece.”
P: “Você acha que a presença de um bom número de soldados negros na Europa, onde já há casamento interracial, afetou o problema?
R: “Não, não acho, porque acabo de voltar de uma viagem oficial de cinco meses pela Europa e pelo Oriente Próximo, e não há problema lá”.
P: “Você quer dizer que o casamento interracial é aceito?”
P: “Sim. Eles não entendem nossos medos aqui na América.”
P: “Você acha que há muitos casamentos mistos na Europa?”
R: “Sim, muitos.”
P: “Você pode dizer em que países é mais frequente? Existe um país que você poderia nomear?”
R: “Não, não acho que eu poderia dizer, eu vi por toda Escandinávia, eu vi por todos os países da Benelux, e na Itália”.
P: “Mas não é uma pequena minoria?”
R: “Não, em comparação com o número de negros lá, era grande.”
P: “Em comparação com o número de casamentos mistos nos Estados Unidos, você diria que era igual ou maior ou menor em números?”
R: “Em termos de porcentagem, não há comparação, é mais frequente no exterior, de fato, o raro na Europa e na Inglaterra é encontrar um casal que não seja um casamento interracial. Eu vi muito poucos casamentos de duas pessoas negras.”
P: “Era principalmente negro e branco?”
R: “Isso mesmo.”
P: “Qual é a atitude do negro nos Estados Unidos sobre o tema do casamento interracial? É frequentemente discutido na imprensa?”
R: “Sim, mas com base objetiva. De fato, um número cada vez maior de líderes negros está casando com brancas de famílias extremamente estáveis e respeitadas.”
P: “Há muito mais fraternização nas cidades do Norte entre negros e brancos, especialmente nos grandes centros negros como Harlem, do que costumava haver?”
R: “Sim, muito mais.”
P: “Existe alguma tendência entre os negros de rejeitar isso, ou eles estão abraçando isto?”
R: “Eles estão definitivamente recebendo isso de braços abertos. Um número crescente de bons líderes de ambos os lados estão se casando.”
P: “Existe na cidade de Nova Iorque um maior número de casamentos interraciais do que tem havido?”
R: “Sim, mas curiosamente, o maior número de casamentos interraciais ocorre em Milwaukee e Los Angeles.”
P: “A que você atribui isso?”
A: “Eu não consigo entender, Milwaukee sempre foi uma cidade muito liberal, Los Angeles, no entanto, eu não consigo entender bem.”
P: “Qual é o argumento usado pelos líderes negros em resposta ao ponto que às vezes é levantado de que, se os casamentos interraciais continuarem nos próximos 25 ou 30 anos, então as raças serão adulteradas um pouco como são em Cuba ou no Brasil?”
R: “Eu ouvi esse argumento, mas não se trata de um argumento válido, do meu ponto de vista, porque se estamos lutando pela integração, bem, aí está. Quer dizer, você não pode lutar contra a segregação e querer separação, devemos ser consistentes.”
P: “Não tenho certeza de que tenha ficado claro …”
R: “Os líderes negros estão lutando contra a segregação e, portanto, não podem ter uma posição, por um lado, contra a segregação e, por outro lado, contra o casamento interracial.”
P: “O que eu quis dizer foi, você acredita que a qualidade da raça branca seria reduzida pelo casamento interracial?”
R: “Não. Antropólogos, como o Boas da [Universidade de] Columbia e o Malinowsky d[a Universidade d]e Yale e o Hooten d[a Universidade d]e Harvard, especialmente, mostraram que tal coisa seria um benefício: Isso é um fato científico.
P: “Eles alegam que isso não mudaria a qualidade de uma raça ou de outra?”
R: “Correto – ou não alteraria nada ou realmente melhoraria o estoque de ambos os grupos.”
Eu acho que já li o suficiente para lhes dar uma ideia do que o Negro está procurando. Ele não está apenas procurando a oportunidade de se sentar em um café onde os brancos se sentam. Ele não está apenas tentando andar no mesmo bonde ou no mesmo trem Pullman com as pessoas brancas. A partir desta e de outras entrevistas que li, parece que o Negro procura absorção com a raça branca. Ele não vai estar satisfeito até que ele consiga isso através do casamento interracial. Esse é o seu objetivo e devemos enfrentá-lo. Não devemos permitir que os nossos sentimentos nos carreguem, nem que sintamos tanta pena dos negros, que abramos nossos braços e os abracemos com tudo o que temos. Lembrem-se da pequena afirmação que eles costumavam dizer sobre o pecado: “Primeiro, temos piedade, depois suportamos, então abraçamos”.
Quão diferente é a atitude chinesa sobre casamentos mistos: a Irmã Belle S. Spafford, Presidente da Sociedade de Socorro, participou da conferência do Conselho Internacional de Mulheres na Europa, perguntei-lhe o que ela aprendeu lá sobre casamentos interraciais afetando outras raças além dos negros. Ela me disse que havia uma figura proeminente na conferência que expressou-se muito enfaticamente sobre este assunto. Ela era a representante chinesa, Matilda No, ela é presidente do conselho chinês e chefia a seção de bem-estar moral do C.I.M.. E isso foi o que ela disse:
“Em Hong Kong, há dois milhões e meio de pessoas que vivem em condições muito abarrotadas. A população tem mais do que duplicado nos últimos cinco anos, trazendo muitos sérios problemas sociais. A presença de tantos homens nas forças armadas também criou condições sociais extremamente difíceis de se manejar. Um grande número de filhos ilegítimos nasceram de meninas chinesas, geradas por homens de outras raças que estão nas forças armadas. Nem os chineses nem os brancos aceitarão essas crianças.
Os chineses se opõem veementemente aos casamentos eurasianos ou a casamentos entre chineses e pessoas de qualquer outra raça, mesmo nas circunstâncias mais favoráveis, e as crianças nascidas fora do casamento de mães chinesas com pais brancos estão em uma posição muito difícil. Elas tem fortes instintos maternos e tradições e, por isso, a maioria delas faz um esforço determinado para manter seus filhos, frequentemente se voltando para a prostituição para sustentá-los.”
Qual deve ser a nossa atitude como Santos dos Últimos Dias em relação à raça negra e outras raças escuras? O Senhor nos dá alguma orientação? Existe alguma política da Igreja sobre esse assunto? A segregação é um princípio errado? Exatamente onde devemos nos posicionar? Antes de entrar nisso, há alguns fundamentos que eu gostaria de mencionar que, é claro, nos quais todos nós devemos concordar.
1. Deus é o Criador. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele não foi nada feito do que foi feito.
2. O propósito de Sua criação nesta terra era prover uma habitação para Seus filhos.
3. Deus é justo. Ele é correto. Ele não é um discriminador de pessoas.
4. Devemos aceitar o fato da pré-existência, e que em nossa pré-existência tínhamos livre arbítrio. Poderíamos ser preguiçosos lá ou poderíamos ser industriosos. Poderiámos ser obedientes ou descuidados. Poderíamos escolher seguir a Cristo ou seguir a Lúcifer.
5. O Evangelho é eterno. É tão eterno quanto Deus e Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Seu curso é um círculo eterno.
6. O Senhor tem um método definido de lidar com ambos pecadores e santos, baseado na maneira como vivemos pessoalmente. Seremos julgados de acordo com nossos próprios atos. Seremos punidos pelos nossos pecados e não pela transgressão de Adão, nem pela transgressão de ninguém.
Eu gosto muito de uma citação de Ezequiel. Encontra-se no capítulo 18, começando com o versículo 4:
“Pois todos me pertencem. Tanto o pai como o filho me pertencem. Aquele que pecar é que morrerá.
Suponhamos que haja um justo que faz o que é certo e direito. Ele não come nos santuários que há nos montes e nem olha para os ídolos da nação de Israel. Ele não contamina a mulher do próximo nem se deita com uma mulher durante os dias de sua menstruação. Ele não oprime a ninguém, antes, devolve o que tomou como garantia num empréstimo. Não comete roubos, antes dá a sua comida aos famintos e fornece roupas para os despidos. Ele não empresta visando lucro nem cobra juros. Ele retém a sua mão para não cometer erro e julga com justiça entre dois homens. Ele age segundo os meus decretos e obedece fielmente às minhas leis. Esse homem é justo; com certeza ele viverá.
Suponhamos que ele tenha um filho violento, que derrama sangue ou faz qualquer uma destas outras coisas, embora o pai não tenha feito nenhuma delas: Ele come nos santuários que há nos montes. Contamina a mulher do próximo. Oprime os pobres e os necessitados. Comete roubos. Não devolve o que tomou como garantia. Volta-se para os ídolos e comete práticas detestáveis. Empresta visando lucro e cobra juros. Deverá viver um homem desses? Não! Por todas essas práticas detestáveis, com certeza será morto, e ele será responsável por sua própria morte.
Mas suponhamos que esse filho tenha ele mesmo um filho que vê todos os pecados que seu pai comete e, embora os veja, não os comete. Ele não come nos santuários que há nos montes e nem olha para os ídolos da nação de Israel. Não contamina a mulher do próximo. Não oprime a ninguém, nem exige garantia para um empréstimo. Não comete roubos, mas dá a sua comida aos famintos e fornece roupas aos despidos. Ele retém a mão para não pecar e não empresta visando lucro nem cobra juros. Obedece às minhas leis e age segundo os meus decretos. Ele não morrerá por causa da iniquidade do seu pai; certamente viverá. Mas seu pai morrerá por causa de sua própria iniquidade, pois praticou extorsão, roubou seu compatriota e fez o que era errado no meio de seu povo.
Contudo, vocês perguntam: ‘Por que o filho não partilha da culpa de seu pai?’ Uma vez que o filho fez o que é justo e direito e teve o cuidado de obedecer a todos os meus decretos, com certeza ele viverá. Aquele que pecar é que morrerá. O filho não levará a culpa do pai, nem o pai levará a culpa do filho. A justiça do justo lhe será creditada, e a impiedade do ímpio lhe será cobrada.”
Eu acho que isso é uma maravilhosa declaração de política da parte do Senhor — um grande anúncio de doutrina. Agora, eu gostaria de voltar para os Dez Mandamentos por um instante:
“Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te tirou do Egito, da terra da escravidão. Não terás outros deuses além de mim. Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto, porque eu, o Senhor, o teu Deus, sou Deus zeloso, que castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me desprezam.”
Chamo a sua atenção para o fato de que muitas pessoas ao lerem esta escritura param antes da frase terminar. Eles pensam em termos de visitar a iniquidade dos pais sobre os filhos até a terceira e quarta geração – ponto final, e eles esquecem que o Senhor continua e diz, “daqueles que me odeiam, e mostrando misericórdia a milhares daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.” Esta escritura indica claramente que Ele mostra misericórdia para aqueles que o amam e guardam os Seus mandamentos, mas que visita a iniqüidade dos pais sobre os filhos daqueles “que me odeiam”. Em outras palavras, colhemos o que semeamos. A alma que pecar morrerá. Seremos punidos pelos nossos próprios pecados, mas não por ninguém mais. Devemos aceitar isso como uma política junto com o pensamento de que Deus é justo com todos, e que o evangelho é o mesmo ontem, hoje e
para sempre.
7. Visto que o evangelho é eterno e Deus é o mesmo ontem, hoje e eternamente, e já que Ele está lidando com o mesmo grupo de espíritos, significando você e eu e o resto de nós na terra, tanto no estado pré-existente, como aqui, há alguma razão por que o método do Senhor de lidar com pecadores e santos na pré-existência deva ser diferente do seu método de lidar com eles aqui?
8. Pelos pecados que cometemos aqui, seremos dados lugares no mundo eterno, nos reinos celestiais, terrestriais, e telestiais, e como uma estrela se diferencia umas das outras em glória, assim também é a ressurreição dos mortos. Haverá grandes variações de classificações no futuro, todas baseadas em nosso desempenho aqui nesta vida.
9. Há alguma razão para pensar que o mesmo princípio de recompensas e punições não se aplica a nós e nossas ações no mundo pré-existente, como será aplicado a partir de agora em diante? Há razão, então, por que o tipo de nascimento que recebemos nesta vida não seja um reflexo de nossa dignidade ou falta dela na vida pré-existente? Devemos aceitar a justiça de Deus. Ele é justo com todos. Ele não faz acepção de pessoas. Ele nos recompensará de acordo com o que merecemos.
Com isso em mente, não podemos considerar de outra maneira o nascimento de alguns dos filhos de Deus na África mais escura, ou na China cheia de inundações, ou entre as hordas famintas da Índia, enquanto alguns outros nascem nos Estados Unidos? Não podemos escapar à conclusão de que, por causa do desempenho em nossa pré-existência, alguns de nós nascem como chineses, alguns como japoneses, alguns como indianos, outros como negros, outros como americanos e outros como Santos dos Últimos Dias. Há recompensas e castigos, totalmente em harmonia com Sua política estabelecida em lidar com pecadores e santos, considerando todos de acordo com suas ações.
Gostaria de ler a vocês agora do Caminho para a Perfeição, pelo Presidente Joseph Fielding Smith. Creio que os capítulos deste livro, três deles principalmente, fornecem a melhor declaração de nossa posição interracial de tudo o que eu conheço, e eu certa e enfaticamente recomendo-os para vocês. Vou começar a ler de uma seção: “Preatribuição à nação ou tribo:”
“Nosso lugar entre as tribos e nações evidentemente nos foi atribuído pelo Senhor. Que havia uma atribuição deste tipo antes da vida terrena começar é uma declaração das escrituras. Alguns espíritos foram escolhidos para vir através da linhagem de Abraão, e esta escolha foi tomada desde o início. Outras seleções também foram feitas, e as nações determinadas pelos conselhos dos céus. Quando Paulo falava na colina de Marte, disse aos atenienses: “Homens de Atenas! Vejo que em todos os aspectos vocês são muito religiosos, pois, andando pela cidade, observei cuidadosamente seus objetos de culto e encontrei até um altar com esta inscrição: Ao Deus Desconhecido. Ora, o que vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor dos céus e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas. Ele não é servido por mãos de homens, como se necessitasse de algo, porque ele mesmo dá a todos a vida, o fôlego e as demais coisas. De um só fez ele todos os povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar.”
Se o Senhor designou para as nações os lugares exatos em que deveriam habitar, então deve ter havido uma seleção de espíritos para formar essas nações. E acho que devemos reconhecer isso. Eis que deve ter havido uma seleção de espíritos para formar essas nações. Em maior clareza, Moisés declarou a mesma coisa. O Presidente Smith cita de Deuteronômio em seguida:
“Lembrem-se dos dias do passado; considerem as gerações há muito passadas. Perguntem aos seus pais, e estes lhes contarão, aos seus líderes, e eles lhes explicarão. Quando o Altíssimo deu às nações a sua herança, quando dividiu toda a humanidade,
estabeleceu fronteiras para os povos de acordo com o número dos filhos de Israel. Pois o povo preferido do Senhor é este povo, Jacó é a herança que lhe coube.”
Isso está em Deuteronômio 32.
Se os limites foram estabelecidos de acordo com o número dos filhos de Israel, e eles foram a porção do Senhor – isto é, aqueles com quem Ele fez aliança, quando o Senhor dividiu os filhos de Adão, deve ter sido feito antes de iniciar esta vida terrena, pois nestes dias de antigamente, quando essa divisão foi feita -, a nação de Israel não havia sido criada na Terra.
“Não é uma crença razoável que o Senhor selecionaria os espíritos mais escolhidos para chegar aos melhores graus das nações? Não é razoável acreditar que espíritos menos dignos viriam por linhagens menos favorecidas? Isso não explicaria os vários graus de cor e graus de inteligência que encontramos na terra? Não está o Senhor fazendo o melhor que pode ser feito de acordo com as leis da justiça e misericórdia para os povos da terra? Em Sua misericórdia Ele tem uma salvação com algum grau de exaltação até mesmo para os pagãos e para aqueles que morrem sem lei. No entanto, não devemos esquecer o fato de que essas condições mundanas também foram provocadas em grande medida pela rebelião e desrespeito das leis de Deus nesta vida. O retrocesso veio sobre a humanidade porque eles rejeitaram os conselhos e os mandamentos do Todo-Poderoso. O avanço veio em grande parte porque o homem tem estado disposto a andar, em parte pelo menos, à luz da inspiração divina.”
Agora, sempre me interessei pela própria declaração de Jeremias, que está citando o Senhor, é claro, porque o Senhor diz a Jeremias que antes que Ele o formasse no ventre Ele o conhecia e o escolhera para ser um profeta para as nações. Por que Jeremias foi escolhido antes de nascer? Porque, juntamente com todos nós, na vida pré-existente, ele tinha seu livre arbítrio. Ele tinha o direito de ir com Lúcifer se quisesse. Ele tinha o direito de ser preguiçoso ou trabalhador ou tinha o direito de estudar o evangelho e vir com total fidelidade ao estandarte do Salvador. Porque ele veio com total fidelidade ao estandarte do Salvador e foi leal, e porque ele se desenvolveu tanto na fé e de outra forma na vida pré-existente, ele chegou a um ponto de desenvolvimento onde o Senhor estava contente de tê-lo como um de Seus líderes, e assim Ele o escolheu como um de Seus profetas, mesmo antes que ele viesse ao mundo.
Lembrem-se da visão de Abraão quando lhe foram mostrados os espíritos de alguns grandes, e o Senhor lhe disse: “Abraão, tu és um deles”. Por que esses espíritos foram escolhidos acima de quaisquer outros? O Senhor é um discriminador de pessoas? Novamente foi uma recompensa baseada no desempenho na vida pré-existente, e as pessoas que entraram na linhagem de Abraão receberam sua bênção por causa de seu desempenho na vida pré-existente, e por causa de seu desempenho na vida pré-existente outros obviamente receberam algum outro nascimento. Acho que essa declaração do irmão Smith aqui é maravilhosa.
Outro parágrafo no capítulo seguinte, sob “Traços desenvolvidos no mundo dos espíritos”, diz:
“Na parábola dos talentos, o Senhor faz uso desta expressão muito significativa, pois o Reino dos céus é como um homem viajando para um país distante que chamou seus próprios servos e entregou-lhes o seu bem, e a um ele deu cinco talentos, para outro dois e para outro um. Para cada homem de acordo com suas várias habilidades´. Sem dúvida, estas características nasceram conosco, ou seja, desenvolvemos certos traços de caráter no mundo dos espíritos antes que a vida terrena começasse. Nessa vida, alguns eram mais diligentes no cumprimento do dever, alguns eram mais obedientes e mais fiéis em guardar os mandamentos. Alguns eram mais intelectuais e outros manifestavam traços mais fortes de liderança do que outros. Alguns mostraram maior fé e disponibilidade para servir ao Senhor, e dentre estes os líderes foram escolhidos. Devido a esta condição, o Senhor disse a Abraão: ´Destes eu farei os meus líderes, pois Ele estava entre os que eram espíritos e Ele viu que eles eram bons e Ele me disse: Abraão, tu és um deles. Foste escolhido antes de nascer´. “
Deve haver líderes, oficiais presidentes, e aqueles que são dignos e capazes de assumir o comando.
“Durante as eras nas quais habitamos no estado pré-mortal, não só desenvolvemos nossas diversas características e mostramos nossa dignidade e capacidade ou a falta dela, mas também fora onde esse progresso pode ser observado. É razoável acreditar que havia uma organização da Igreja lá. Os Seres Celestiais estavam vivendo em uma sociedade perfeitamente organizada. Todas as pessoas conheciam o seu lugar. O sacerdócio, sem dúvida, tinha sido conferido e os líderes foram escolhidos para oficiar. As ordenanças relativas a essa pré-existência foram necessárias e o amor de Deus prevaleceu e, em tais condições, era natural que o nosso Pai discernisse e escolhesse os mais dignos e avaliasse os talentos de cada um. Ele sabia não só o que cada um de nós podia fazer, mas também o que cada um de nós faria quando submetido à prova e quando a responsabilidade nos fora dada. Então, quando chegou o tempo para nossa habitação na terra mortal, todas as coisas foram preparadas e os servos do Senhor escolhidos e ordenados para suas respectivas missões.”
E então ele continua e mostra como alguns foram designados para missões maiores que outros. Gostaria de recomendar os capítulos 7 e 8 e os capítulos 15 e 16 – quatro capítulos neste livro muito maravilhoso. Agora vamos falar sobre segregação novamente por alguns minutos. A segregação era um princípio errado? Quando o Senhor escolheu as nações para as quais os espíritos viriam, determinando que alguns seriam japoneses e alguns seriam chineses e alguns negros e alguns americanos, Ele se envolveu em um ato de segregação. Quando Ele permitiu o banimento de Agar e Ismael de novo Ele permitiu a segregação. No caso de Jacó e Esaú, ele se engajou em segregação. Quando Ele preservou seu povo Israel no Egito por 400 anos, Ele se envolveu em um ato de segregação, e quando Ele os fez sair do Egito e lhes deu sua própria terra, Ele se envolveu em um ato de segregação. Falamos do milagre da preservação dos judeus como um povo separado ao longo de todos esses anos. Não foi nada mais nem menos do que um ato de segregação. Tenho certeza de que o Senhor teve Sua mão nisso porque os judeus ainda têm uma grande missão a desempenhar. Ao colocar uma maldição sobre Lamã e Lemuel, Ele envolveu-se com segregação. Quando Ele colocou a marca em Caim, Ele se engajou em segregação. Quando ele disse a Enoque que não pregasse o evangelho aos descendentes de Caim que eram negros, o Senhor envolveu-se em segregação. Quando Ele amaldiçoou os descendentes de Caim quanto ao Sacerdócio, Ele se envolveu com segregação. Quando Ele proibiu os casamentos mistos como Ele faz em Deuteronômio, capítulo 7, Ele estabeleceu a segregação.
Vocês se lembram quando os israelitas estavam prestes a entrar na Palestina e havia nações malignas lá, o Senhor estava ansioso para preservar seu povo através de um ato de segregação. Ele ordenou ao seu povo Israel: “Nem se casarás com eles, nem darás tua filha ao filho deles, nem a filha deles tomarás para teu filho”. Era uma lei para a preservação de Israel e certamente era um ato de segregação.
Quem colocou os negros originalmente na África mais escura? Foi algum homem, ou foi Deus? E quando Ele os colocou ali, Ele os segregou. Quem colocou os chineses na China? O Senhor o fez. Foi um ato de segregação. Quando Ele colocou apenas alguns dos Seus escolhidos na tribo de Judá, a tribo real, não era um ato de segregação? E quando Ele deu a primogenitura somente a Efraim, não foi isso um ato de segregação?
O Senhor segregou o povo tanto através de sangue quanto de lugar de residência, pelo menos nas bases dos lamanitas e dos negros, temos a palavra definitiva do próprio Senhor de que Ele colocou uma pele escura sobre eles: Como uma maldição – como um sinal para todos os outros. Ele proibiu casamentos interraciais sob ameaça de extender a maldição. (2 Néfi 5:21) E Ele seguramente segregou os descendentes de Caim quando Ele amaldiçoou o Negro quanto ao Sacerdócio, e desenhou uma linha absoluta. Você pode até dizer que Ele deixou cair uma cortina de ferro lá. O Negro foi amaldiçoado quanto ao Sacerdócio e, portanto, foi amaldiçoado quanto às bênçãos do Sacerdócio. Certamente Deus criou uma segregação ali.
E vocês se lembram da Seção 76 onde o Senhor está falando sobre o reino terrestrial e aqueles que irão para lá? Ele menciona aqueles que estavam sem lei. Eu suponho que Ele quer dizer que durante toda a mortalidade, as pessoas a que se referia não tinham permissão para ter a lei do evangelho e Ele as atribuiu diretamente ao Reino Terrestrial. Isso não é segregação?
Vamos olhar de outra maneira. No mundo vindouro, alguns de nós irão para a glória celestial, alguns para a terrestrial, e outros para a telestial, e nos dizem que como uma estrela difere de outra estrela em glória, assim também é a ressurreição dos mortos. Portanto, haverá uma grande variação lá. Mas não é isso segregação? E você se lembra que Ele, Ele mesmo, disse com respeito a alguns deles: “Onde Deus e Cristo moram, eles não podem vir, mundos sem fim”. Isso é segregação.
Então, os Santos dos Últimos Dias acreditam na segregação por princípio? Consideremos a grande misericórdia de Deus por um momento. Um chinês, nascido na China com pele escura e com todas as desvantagens daquela raça, parece ter pouca oportunidade, agora pense na misericórdia de Deus para os chineses que estão dispostos a aceitar o Evangelho. Apesar de tudo o que eles devem ter feito na pré-existência para justificar o fato de nascerem lá como chineses, se eles agora, nesta vida, aceitarem o evangelho e viverem-no o resto de suas vidas, eles poderão ter o Sacerdócio, ir ao templo e receber investiduras e selamentos, e isso significa que eles podem ter a exaltação. A misericórdia de Deus não é maravilhosa?
Pense no Negro, amaldiçoado quanto ao Sacerdócio. Somos preconceituosos contra ele? Injustamente, às vezes somos acusados de ter tal preconceito. Mas o que a misericórdia de Deus tem para ele? Este Negro, que na vida da pré-existência viveu o tipo de vida que justificou ao Senhor enviá-lo para a terra na linhagem de Caim com uma pele preta e, possivelmente, nascer na África mais escura – se esse Negro está disposto quando ele ouve o evangelho a aceitá-lo, ele pode ter muitas das bênçãos do evangelho. Apesar de tudo o que fez na vida pré-existente, o Senhor está disposto, se o Negro aceitar o evangelho com fé real e sincera e realmente se converter, a lhe dar as bênçãos do batismo e do dom do Espírito Santo. Se esse Negro for fiel todos os seus dias, ele pode e entrará no Reino Celestial. Ele irá para lá como um servo, mas receberá uma ressurreição Celestial. Ele terá um lugar na glória celestial. Ele não irá, então, nem mesmo com os homens honrados da terra para a glória Terrestrial, nem com os descritos como sem lei.
Na grande misericórdia de Deus, Ele permite que todos os homens se elevem acima de si mesmos. Não é isso um grande testemunho do princípio do arrependimento, que se um homem faz o melhor que pode para elevar-se acima das condições e se ele for fiel e devoto, o Senhor o reconhece e o levanta, eu acho que é uma das grandes evidências da misericórdia de Deus.
Alguns anos atrás, em 1936, para ser exato, conheci uma família negra em Cincinnati, Ohio. Eu estava lá por três meses em conexão com uma atribuição do jornal. Fui à Igreja lá e conheci a família de um Negro chamado Ben Hope. Acidentalmente, ele havia encontrado alguns de nossos folhetos quando morava no Mississipi. Ele os leu e ficou interessado. Ele escreveu para a sede da missão pedindo um Livro de Mórmon, e por seu próprio estudo, converteu-se. Mais tarde, ele se encontrou com os élderes e se juntou à Igreja. Então se alistou ao exército na Primeira Guerra Mundial. Quando ele voltou, tendo levado um Livro de Mórmon consigo durante toda a guerra e estudado cuidadosamente, ele converteu sua namorada negra com quem se casou e ela foi batizada. Então eles se mudaram para Cincinnati para escapar da lei “Jim Crow”.²
Em Cincinnati, alguns membros da Igreja se tornaram extremamente preconceituosos contra essa família negra. Eles se reuniram em um grupo, decidiram o que fazer e foram até o Presidente do Ramo, e disseram-lhe que a família Hope deveria sair ou todos iriam embora. O Presidente do Ramo decidiu que o irmão Hope e sua família não poderiam frequentar as reuniões da Igreja. Isso partiu seus corações. Mas, os missionários iam até a casa da família Hope e lá dirigiam a Escola Dominical todos os domingos e serviam-lhes o Sacramento. Eu tive o privilégio de visitar a família Hope. Eu estive em sua casa. Eu vi como seu livro de canções estava literalmente desgastado e da mesma forma sua Doutrina e Convênios e seu Livro de Mórmon. Assim que cheguei ao meu hotel naquela tarde de domingo, escrevi para casa para minha esposa e mandei-lhes enviar a eles uma remessa de livros.
Eram pessoas muito fiéis. O irmão Hope morreu há pouco. Ele era um homem que estava tão completamente convertido ao evangelho como qualquer um que eu conheço. Ele foi um pagador de dízimo integral durante toda a depressão. Ganhava a vida mais pobre, mas nunca deixava de pagar o dízimo. O presidente do ramo mostrou-me os registros de dízimo, e durante toda a depressão o irmão Hope pagou USD 1,50 por semana. Era um dízimo completo. Às vezes, o irmão Hope nem sequer tinha isso, então ele ia para as colinas e colhia bagas e vendia-as nas ruas de Cincinnati para conseguir dinheiro suficiente para pagar esse dízimo de USD 1,50.
E então o irmão Hope me disse, como um testemunho, que na área negra de Cincinnati onde ele morava, durante a depressão ele não sabia de um homem que tinha um emprego. Mas ele disse: “Eu tinha um emprego, paguei o dízimo e durante toda essa depressão, não perdi um dia de trabalho. Às vezes não ganhava muito dinheiro naquele dia e eu tinha que ir às colinas e obter bagas, mas eu sempre tive uma renda.”
O irmão Hope me perguntou se seria possível para ele ter batismos pelos mortos feitos no templo em nome de membros de sua família que haviam falecido. Eu fui até o Presidente Smith, “Sim, você pegue seus registros e vamos levá-los para o templo e ter os batismos feitos por eles.” Eu fiz, e fizemos batismos vicários por esses negros. Apenas os batismos e confirmações – nada mais, mas fizemos muito. Mais uma vez pensei na grande misericórdia do Deus Todo-Poderoso, e como Ele está disposto a levantar as pessoas se elas fizerem a sua parte.
Bem, e sobre a remoção da maldição? Sabemos o que o Senhor disse no Livro de Mórmon em relação aos lamanitas – eles se tornarão um povo branco e deleitoso. Não sei de nenhuma escritura que tenha a ver com a remoção da maldição do Negro. Eu acho que não devemos especular muito sobre isso. Enquanto as escrituras são silenciosas sobre o assunto, não devemos especular muito sobre isso. Enquanto as escrituras são silenciosas sobre o assunto, não devemos tentar determinar por nós mesmos qual o fim último do Negro vai ser. Eu não acho que temos o direito de fazer isso, não é? É especulação.
Nós temos algumas sugestões dos primeiros líderes sobre suas próprias opiniões, mas eu suponho que essas sejam suas próprias idéias privadas – não sei se estou errado nisso, Presidente Smith, mas é minha suposição que quando os líderes falaram sobre a remoção da maldição do Negro, eles estavam expressando suas próprias opiniões. Mas não há nenhuma escritura sobre isso, e, portanto, não acho que qualquer um de nós, como professores do evangelho, deve especular sobre isso.
Vocês se lembram do que Brigham Young disse:
“Caim conversava diariamente com o Seu Deus e sabia tudo sobre o plano de criar esta terra, porque seu pai lhe contou, mas por falta de humildade e por ciúmes e ansiedade de possuir o reino e tê-lo todo sob seu próprio controle, e não permitir a ninguém mais o direito para dizer uma palavra, o que ele fez? Ele matou seu irmão. Então o Senhor pôs uma marca nele. Quando todos os outros filhos de Adão já tiveram o privilégio de receber o Sacerdócio e de entrar no Reino de Deus e de serem redimidos dos quatro cantos da terra e terem recebido a ressurreição dos mortos, então será o tempo certo para remover a maldição de sua posteridade. Ele privou seu irmão do privilégio de prosseguir sua jornada pela vida e de estender seu reino multiplicando-se sobre a terra, e porque ele fez isso, ele será o último a compartilhar das alegrias do Reino de Deus.”
O Presidente Woodruff acrescentou:
“O Senhor disse: ´Eu não vou matar Caim, mas eu vou colocar uma marca nele, e essa marca será visto em cada rosto de cada negro sobre a face da terra´, e é o decreto de Deus que essa marca permanecerá sobre a semente de Caim, até que a semente de Abel seja resgatada, e Caim não receba seu sacerdócio até o tempo dessa redenção. Qualquer homem que tiver uma gota do sangue de Caim nele não pode receber o Sacerdócio. Mas chegará o dia em que toda aquela raça será redimida e possuirá todas as bênçãos que agora temos.”
Eu não poderia acrescentar a isso porque eu não sei nada mais do que isso e vou deixá-lo estar. Não devemos ir para os mistérios do que vai acontecer com o Negro nas eternidades vindouras, porque o Senhor tem mantido silêncio sobre esse assunto.
Agora, qual é a nossa política no que diz respeito ao casamento interracial? Quanto ao Negro, é claro, só há uma resposta possível. Não devemos casar com o Negro.
Por quê? Se eu me casasse com uma mulher negra e tivesse filhos por ela, meus filhos seriam todos amaldiçoados quanto ao sacerdócio. Eu quero meus filhos amaldiçoados quanto ao sacerdócio? Se há uma gota de sangue negro em meus filhos, como eu li para vocês, eles recebem a maldição. Não há, portanto, qualquer argumento sobre o casamento com o Negro, não é? Há 50 milhões de negros nos Estados Unidos. Se eles conseguissem a total absorção com a raça branca, pense no que isso faria. Com 50 milhões de negros casados entre nós, onde estaria o sacerdócio? Quem poderia portá-lo, em toda a América? Pense o que isso faria para a obra da Igreja!
Agora, nós somos generosos com o Negro. Estamos dispostos a que os negros tenham o mais alto grau de educação. Eu estaria disposto a deixar cada negro dirigir um Cadillac se eles pudessem pagar. Eu estaria disposto que eles tivessem todas as vantagens que pudessem tirar da vida no mundo. Mas que eles desfrutem estas coisas entre si. Eu acho que o Senhor segregou o Negro e quem é o homem para mudar essa segregação? Isso me lembra a escritura sobre o casamento, “o que Deus uniu que o homem não separe”. Somente aqui temos o inverso da coisa – o que Deus separou, não deixe o homem reunir novamente.
Qual é o nosso conselho no que diz respeito ao casamento com chineses, japoneses, havaianos e assim por diante? Vou lhes dizer que conselho eu dou pessoalmente. Se um menino ou uma menina vier a mim alegando estar apaixonado por um chinês ou japonês ou um havaiano ou uma pessoa de qualquer outra raça escura, eu faço o máximo que posso para convence-los a desistir deles. Digo-lhes que acho que os havaianos devem se casar com os havaianos, os japoneses devem se casar com os japoneses, e os chineses devem casar-se com chineses, e os caucasianos devem se casar com os caucasianos, exatamente como eu lhes digo que os Santos dos Últimos Dias devem casar-se com Santos dos Últimos Dias. E eu lhes cito com satisfação o capítulo 7 de Deuteronômio. Eu prego contra casamentos interraciais de todos os tipos.
NOTAS
[1] A Suprema Corte dos Estados Unidos decidiu, em 17 de maio de 1954, por unanimidade, que segregação racial em escolas públicas é inconstitucional. O caso conhecido como Brown v. Board of Education of Topeka é um marco, e considerado seu estopim, do movimento de direitos civis nos EUA.
[2] Leis “Jim Crow” eram leis municipais e estaduais em vigência entre 1890 e 1965 na região sul dos Estados Unidos que estabeleciam segregação racial. Elas foram removidas pela decisão supracitada da Suprema Corte em 1954 e pelas leis Ato de Direitos Civis de 1964 e Ato de Direitos Eleitorais de 1965.
FONTES
[1] Archives West, Special Collections and Archives, Merrill Cazier Library, Utah State University, Logan, UT, 84322-3000; John William Fitzgerald papers, 1876-1985, Box 39, Folder 3
[2] J. Willard Marriott Library, University of Utah Manuscripts Division, Mark E. Petersen papers
[3] Cópias escaneadas online aqui ou aqui.
LEIA TAMBÉM
Pronunciamento da Primeira Presidência sobre casamento interracial (1947).
Pronunciamento da Primeira Presidência sobre casamento interracial (1969).
Pronunciamento do Presidente da Igreja SUD sobre casamento interracial (1863).
“o Negro procura absorção com a raça branca. Ele não vai estar satisfeito até que ele consiga isso através do casamento interracial.”
O apóstolo não aponta qual o IMPEDIMENTO MORAL para o casamento interracial. Essa é uma posição racista por excelência.
“Há razão, então, por que o tipo de nascimento que recebemos nesta vida não seja um reflexo de nossa dignidade ou falta dela na vida pré-existente? Devemos aceitar a justiça de Deus. Ele é justo com todos. Ele não faz acepção de pessoas. Ele nos recompensará de acordo com o que merecemos.”
Aqui é um ponto em comum com a doutrina do carma. Mas sem considerar que, numa perspectiva evolucionista, todos teremos que passar pelas mais variadas situações para podermos amadurecer e evoluir.
“não podemos considerar de outra maneira o nascimento de alguns dos filhos de Deus na África mais escura, ou na China cheia de inundações, ou entre as hordas famintas da Índia, enquanto alguns outros nascem nos Estados Unidos?”
Aqui o apóstolo não inclui o livre arbítrio como fator responsável pelas injustas estruturas políticas e econômicas, debitando todo o mal na conta do seu deus racista.
O mais triste é ver que este pensamento ainda permeia a cultura Norte Americana.
Nos debates da eleição, tanto Hillary quanto Trump, se referiam aos “Afroamericanos” como um grupo a parte tolerado na América Branca. Eles vivem aqui, são tolerados, mas são um grupo a parte. Muito parecida como nós brasileiros tratamos os índios por aqui.