Como alguém pode receber o Espírito Santo? Algumas ideias aleatórias sobre o dom do Espírito Santo
Um quórum de deuses
Um quórum de três deuses preside sobre esta terra. Nesse quórum do sacerdócio, cada membro está em um diferente estágio de deidade e atua em uma missão ou dispensação para conosco, deuses mortais:
Convênio eterno foi feito entre três personagens antes da organização desta terra, e se relaciona com sua dispensação de coisas aos homens na terra; esses personagens, de acordo com o registro de Abraão, são chamados Deus, o primeiro, o Criador; Deus o segundo, o Redentor; e Deus o terceiro, a testemunha ou Testador. (Teachings of the Prophet Joseph Smith, p. 190)
O Espírito Santo como um deus
Como o terceiro membro desse quórum, o Espírito Santo também é um deus. Ele será reconhecido por muitos neste mundo, porém, como o Deus supremo. Em várias culturas, pessoas acreditam que Deus é um espírito, sem um corpo físico, o qual inspira a humanidade a fazer o bem e a buscar a paz; que se comunica conosco através de impressões e sentimentos. Isso soa como uma descrição dos frutos do Espírito Santo. Talvez não seja coincidência que o Espírito santo seja o deus que preside sobre o reino telestial, onde a maioria de nós parece se encaixar.¹
Aqueles que entendem a sua relação com o Pai e o Filho e buscam por mais luz também precisam conhecer as operações do Espírito Santo e buscar a sua influência, como o primeiro Consolador.
As ordenanças do sacerdócio e a deidade
Ao nos tornarmos conscientes de nossa origem e potencial divinos, e nos esforçarmos para viver a verdade, passamos a desenvolver uma relação mais pessoal com os membros da deidade. Oramos ao Pai em nome do nosso irmão mais velho, recebemos inspiração através do Espírito Santo; somos batizados em nome dos três deuses; administramos e recebemos ordenanças por sua autoridade; simbolicamente aprendemos como entrar no lar de nosso Pai e ser por Ele abraçados.
O recebimento das ordenanças é parte de desenvolvermos uma relação pessoal com a deidade. Sem um esforço sincero de viver os princípios do evangelho e receber suas respectivas ordenanças, não conseguimos experimentar totalmente “o poder da divindade” em nossas vidas, ter acesso aos “mistérios da divindade” e “o conhecimento de Deus” ou entrar na presença do “Pai e viver” (D&C 86:19-22).
Os dois batismos
Algumas escrituras chamam as duas primeiras ordenanças do evangelho de “batismos” – batismo de água e batismo de fogo.² Acho essas expressões significativas ao evocarem duas partes de um mesmo processo purificador, assim como uma “imersão” nos princípios simbolizados nas duas ordenanças. Entender a beleza e profundidade dessas ordenanças nos impedirá de reduzi-las a uma mera questão de filiação à Igreja.
Joseph Smith ensina que os dois “batismos” estão relacionado se tinham o objetivo de trazer ao indivíduo a influência do Espírito Santo. Ao invés declarar o recebimento do dom do Espírito Santo como um complemento do batismo na água, ele vê o batismo na água como um passo preparatório para receber o Espírito Santo:
Batismo é uma santa ordenança preparatória para a recepção do Espírito Santo. É o canal e chave pela qual o Espírito Santo será administrado. (Words of Joseph Smith, p. 03)
Um mandamento
Nenhum de nós tem a autoridade para designar um deus a uma tarefa; tampouco podemos “transferir” o Espírito Santo a alguém – ele não é nossa propriedade e não temos poder sobre ele. Ao impôr as mãos sobre a cabeça de outra pessoa, um portador do sacerdócio dirá “recebe o Espírito Santo”. O modo imperativo da frase nos comunica que estamos recebendo um mandamento.
Ao fazermos convênios com Deus, não esperamos que Ele venha a nós sem o nosso esforço de nos aproximarmos Dele. De forma semelhante, não podemos esperar “receber o Espírito Santo” sem buscar a sua influência na nossa vida.
Achegai-vos a mim e achegar-me-ei a vós; procurai-me diligentemente e achar-me-eis; pedi e recebereis; batei e ser-vos-á aberto. (D&C 88:63)
Há uma forma de saber com certeza se temos ou não a influência do Espírito em nossas vidas:
Nenhum homem pode receber o Espírito Santo sem receber revelações. O Espírito Santo é um revelador. (Words of Joseph Smith, p. 256.)
Se o Espírito Santo é um revelador e somos ordenados a receber o Espírito Santo, estamos sermos instruídos a receber revelações. Receber revelações verdadeiras para su aprópria vida é receber o Espírito Santo. Para tanto, a ordenança em si não é suficiente. A ordenança externa é um passo necessário para abrir as portas à ordenança interna, ao longo de toda a vida. Parafraseando o que disse Joseph, se um homem ou uma mulher recebe o Espírito Santo, ele ou ela receberá revelações do céu. Se isso não acontecer, é porque o Espírito Santo não está sendo bem-vindo, recebido.
Mas se não sois levados por revelação como podeis escapar da danação do inferno?(Words of Joseph Smith, p. 345.)
NOTAS
¹ D&C 76: 81-86.
² Por exemplo, Mat. 3:11, 2 Né. 31:13, D&C 39:6, Moisés 6:66.
Gostei muito, principalmente pela identificação do Espírito Santo como “primeiro Consolador”, o que me parece condizente com a percepção de Joseph Smith, visto que o mesmo acredita que o segundo Consolador é o próprio Cristo glorificado que ministrará pessoalmente aos seus. Sempre vi o Espírito Santo como um papel e não um personagem – papel que, na minha opinião foi desempenhado por vários personagens na esfera pré-mortal, incluindo o próprio Jesus Cristo.
Leonel, também penso no Espírito Santo como um ofício. Acho que a primeira citação de Joseph Smith sobre um convênio entre três homens aponta para essa perspectiva também.
Parabéns Antonio. Confesso não me lembrar de ter lido meu próprio conhecimento tão bem organizado num único texto! rsrs Falando sério, me identifiquei tanto com o texto que me maravilhei com sua eloquente abordagem, tão inteligente e sólida! Parabéns amigo!
Se eu posso acrescentar algo, a meu ver, o “recebe o espírito santo” dissertado como “palavra revelada” pelo oficiante digno, dá o direito ao indivíduo de gozar da “companhia constante” do espírito santo (constante influência do Mesmo) e os subsequentes dons do espírito se faz gradualmente presentes de acordo com a necessidade e busca do recipientário… A meu ver, são raras as vezes que um indivíduo tem uma experiência espiritual na ocasião da ordenança, alguns vão conquistando com o tempo o privilegiado dom, outros oscilam neste privilégio proporcional á sua retidão e atenção, no entanto, no meu humilde ponto-de-vista, penso que a maioria dos membros da Igreja estão aquém desta privilégio, vivendo ás sombras das mesmices, frequência “mecãnica” às reuniões, e um modo de vida que os colocam abaixo das expectativas e merecimento da ministração de anjos e da influência do espírito tão bem descrito em seu texto.
Talvez corramos o risco de estar substituindo o princípio de revelação por um conjunto fechado de crenças que nos impede de receber mais luz e conhecimento. Isso me remete à palavras de Joseph Smith: “os Santos dos Últimos Dias não têm um credo, mas estão prontos para acreditarem em todos os princípios verdadeiros que existem, à medida que são manifestos de tempos em tempos.”