Novo Apóstolo Brasileiro?

Há 5 dias, nós publicamos um artigo sobre as três vagas no Quórum dos Doze Apóstolos que devem ser preenchidas amanhã.

Vários dos nossos leitores responderam com a esperança que o Cláudio Costa fosse chamado para uma das vagas.

Claudio Costa

A questão é que ele realmente pode ter uma chance boa de ser chamado.

Eis porquê:

Três fatores na seleção de novos Apóstolos parecem favorecer a candidatura de Cláudio Costa.

Em primeiro lugar, Costa tem a idade apropriada.

Dentre os Apóstolos vivos (excetuando-se, aqui, o Profeta), 73% tinha entre 57 e 67 anos de idade quando foram induzidos ao Quórum dos Doze. Contudo, na última década e, coincidentemente, dentre os últimos três Apóstolos chamados, 100% tinham entre 57 e 67 anos de idade. Estatisticamente, os líderes atuais, especialmente sob a liderança de Thomas Monson, favorecem Apóstolos idosos já na “terceira idade”. Costa tem 66 anos atualmente.

O fato inegável dessa preferência pela terceira idade pode ser justificado pela tendência natural dessa fase de vida. Idosos tendem a ser mais conservadores e moderados que jovens ou mesmo adultos em meia-idade, exibindo maior resistência a mudanças e maior propensão a manutenção e defesa do status quo.

Ademais, com relação a idade, Costa ainda tem a vantagem de poder servir de símbolo de diversidade étnica e internacional sem ameaçar ocupar o ofício de Presidente da Igreja com um não-Americano (sendo mais velho que o David Bednar, que obviamente foi escolhido para eventualmente ocupar a Presidência).

Em segundo lugar, Costa tem uma carreira eclesiástica apropriada.

Dentre os Apóstolos vivos (excetuando-se, aqui, o Profeta), 90% subiu pela hierarquia eclesiástica progressivamente, servindo em chamados religiosos ou trabalhando em carreiras no Sistema Educacional da Igreja (SEI). Costa não apenas fez carreira profissional no SEI, como evoluiu gradativamente galgando a escada da carreira eclesiástica: Conselheiro de Bispo, Bispo, Presidência de Estaca, Presidente de Missão, Representante Regional (antigo Setenta Autoridade de Área), Segundo Quórum dos Setenta (Autoridade Geral com mandato de 5 anos), e Primeiro Quórum dos Setenta (com mandato até os 70 anos de idade).

O fato inegável dessa preferência pelo cursus honorum e pelo carreirismo eclesiástico  pode ser justificado pela possibilidade que tal currículo de vida favorece a promoção de homens que demonstram dedicação ímpar à instituição acima de quaisquer outras considerações. Havendo dedicado décadas e décadas (nesse caso, 4 a 6 décadas) de uma vida pessoal à uma instituição, qualquer indivíduo é estimulado a uma devoção fanática à ela, assegurando a supressão de dissonâncias cognitivas e despersonalizando ambições ou interesses idiossincráticas não-institucionais ao longo do tempo.

Novamente, carreiristas tendem a ser mais conservadores e moderados que líderes eclesiásticos com outros interesses ou devoções pessoais ou profissionais, especialmente aqueles que não herdaram suas posições na Igreja como herança familiar e tiveram que provar sua lealdade institucional por décadas, exibindo assim ainda maior resistência a mudanças e maior propensão a manutenção e defesa do status quo.

Em terceiro lugar, Costa exibe um conservadorismo inquestionável.

O fato inegável da preferência por homens que, por natureza de suas idades e suas carreiras institucionais, tendem a ser mais conservadores e reacionais, sugere que essas são características desejáveis, se não pré-requisitas, para o chamado de Apóstolo no século XXI. Considerando isso, Costa já provou seus credenciais clara e inequivocamente. Dado a oportunidade para discursar em Conferência Geral, Costa não perdeu tempo para demonstrar sua lealdade e devoção à instituição, exultando o princípio de obediência cega e inquestionável aos líderes, especialmente ao Profeta, da Igreja.

Em 2003 e 2004, eu frequentei a mesma Ala que o Cláudio Costa. Assistíamos as mesmas aulas de Escola Dominical toda semana, e frequentemente, as mesmas aulas de Sacerdócio. Ele não era o tipo de pessoa que tentava controlar ou monopolizar a atenção ou o tempo das aulas, mas quando expressava suas opiniões, elas invariavelmente demonstravam essa propensão ao conservadorismo e à lealdade cega e invariável à Igreja institucionalmente. Uma anedota pessoal entre nós dois ilustra isso comicamente.

Eu nunca frequentava as reuniões dominicais de terno, apesar de morarmos numa cidade onde o clima perene é sereno. Camisa, gravata, e calça social sport, coberto por uma jaqueta de couro nos dias mais frios. Em várias ocasiões, durante aulas do Sacerdócio, Costa havia feito comentários indiretos sobre vestuário dominical apropriado para “portadores do Sacerdócio”, mas nada que me movesse ou me incomodasse. Certo Domingo, após as reuniões, enquanto eu conversava no corredor com sua simpática esposa, Costa me puxou de lado e me perguntou o meu tamanho de roupa. Percebendo o meu olhar curioso e, francamente surpreso, Costa me informou que ele tinha dois ternos novos que não lhe serviam mais e que ele achava que me serviriam bem. Eu lhe respondi com agradecimentos pela gentileza, mas informando-lhe que não precisava de mais ternos naquele momento e que talvez outra pessoa menos abastada os apreciariam mais. Costa, então, insistiu dizendo que pessoalmente gostaria me-los dar e se eu não os, ao menos, provaria. Concordei, e no Domingo seguinte ele me presenteou com 2 ternos de excelente qualidade e em excelente estado. Os ternos me serviram bem, apesar dele ser menor e mais “encorpado” que eu, e eu lhe agradeci a gentileza e levei os ternos pra casa.

Existe uma regra eclesiástica de vestuário para portadores do Sacerdócio. Ela deve ser obedecida sem ser questionada, seguida sem ser contestada ou violada. Contrariá-la ou não aderir a ela fielmente, por mais inconsequente que possa parecer, é uma questão de relevância e importância suprema. Costa foi gentil e generoso, sem dúvida, mas a lição de moral não poderia ter sido menos óbvia.

Considerando o perfil histórico recente dos Apóstolos, Costa parece ser um bom candidato.


ATUALIZAÇÃO #1 (04/10/15): Não chamaram um Apóstolo brasileiro.

ATUALIZAÇÃO #2 (04/10/15): Já há resumos e impressões de sessões da 185a Conferência Geral Semi-anual no ar. Confira aqui

48 comentários sobre “Novo Apóstolo Brasileiro?

  1. Você foi muitíssimo educado, mas aposto que não usou os ternos só para agradá-lo. Eu repudio esse tipo de conduta, eu já me senti meio perseguida na capela por uma mulher que da mesma forma queria me moldar. Eu fui super cuidadosa e também gentil com ela. Honestamente eu expliquei dizendo que comigo as coisas tinham que ser mais devagar e que eu era meio arredia e que ela não levasse a mal. Ela apareceu na minha casa sem avisar porque naquele horário eu não estava trabalhando o que ela havia sondado antes. Eu não gostei. Eu gostava dela e admirava porque ela tem uma família bonita, harmônica, são bastante disciplinados. Como nas propagandas de margarina, mas depois disso ela ficou bem brava me olhava de cara feia e com certeza fez fofoca para as outras mulheres porque ocorriam umas piadinhas e também me olhavam de cara meio torta. Foi até bom que tenha sido assim. Os filhos dela, uma menina e um rapazinho também me olhavam feio, só o marido que não. Eu acho que ele era um cara legal, mas ela conclui que uma dessas mulheres mandonas e dominadoras que se você não faz o que ela quer, não segue as leis dela você não existe. Afinal como ela vai exercer o grande poder dela se o outra não permite? Quero distância de pessoas assim.

    • Gente falar de religião,futebol ate hoje acho difícil cada um com seus conceitos.O que espero é que toda esta confusão venha a ser esclarecida

  2. Quando fui batizada na Igreja, ele era o presidente da missão Manaus, foi ele que me deu minha primeira recomendação para o templo, eu gosto dele, talvez por esses motivos os quais citei. Mas não fico pensando em quem serão os próximos apóstolos, nem mesmo imagino que possa ser ele, sinceramente, pra mim não há diferença, mas seria interessante um brasileiro num cargo mais alto na Igreja, até agora só tivemos Setentas.

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