O mórmon Mitt Romney está sendo cotado como futuro Secretário de Estado do governo de Donald Trump. Caso seja nomeado, Romney passará a ser o mórmon a ocupar o mais alto cargo político dos EUA.

Após seu segundo encontro com o presidente eleito, ontem à noite (29/11), Romney não poupou elogios: “tive uma noite maravilhosa com o presidente eleito Trump”, disse aos repórteres. “Tivemos outra discussão sobre assuntos ao redor do mundo e essas discussões que tenho tido com ele têm sido esclarecedoras, interessantes e envolventes”, declarou. Romney ainda se disse “muito impressionado” com o discurso de vitória de Trump.

O ex-governador de Massachusetts, e ex-candidato derrotado à presidência em 2012, teceu elogios à equipe de transição de Trump e às pessoas selecionadas para o gabinete ministerial. Romney disse que todos esses fatores lhe dão “uma esperança crescente de que o presidente eleito Trump é o homem que pode nos levar a esse futuro melhor”.

Oito meses atrás, no entanto, Romney tinha uma opinião muito diferente sobre o futuro sob a liderança de Trump: 

Se nós republicanos escolhermos Donald Trump como nosso candidato, as perspectivas para um futuro seguro e próspero estarão grandemente diminuídas.

Romney foi um dos primeiros republicanos a publicamente denunciar Trump e urgir seus correligionários a derrotá-lo. Romney teve papel fundamental na criação do “Problema Mórmon de Trump”, como a imprensa chamou a forte rejeição inicial do milionário em Utah.

“A desonestidade é a marca registrada de Donald Trump”,  dizia Romney em março, apontando para suas práticas características de “bullying, ganância, exibição, misoginia, [e] a absurda teatralidade de terceira série”.  Discursando no Instituto Hinckley, da Universidade de Utah, Romney disse que o candidato republicano estava criando “bodes expiatórios de muçulmanos e imigrantes mexicanos”. Romney também critiou as falências de empresas de Trump, dizendo que “empresário genial é que ele não é”. Comparando as promessas feitas por Trump a um diploma da universidade do milionário, Romney declarou: “Isto é o que eu sei: Donald Trump é um falso, uma fraude”.

Em junho, Romney concedeu entrevista em que declarou o potencial perigo de Trump para a cultura e relações sociais nos Estados Unidos:

Não quero ver um presidente dos Estados Unidos dizendo coisas que mudam o caráter das gerações de americanos que estão por vir. Presidentes têm um impacto sobre a natureza da nossa nação, e racismo multiplicado, intolerância multiplicada, misoginia multiplicada, todas essas coisas são extraordinariamente perigosas para o coração e o caráter da América.

Essa repentina transição de adversário a possível peça-chave no governo Trump faz com que muitos aliados do presidente eleito sejam hostis ao político mórmon. A necessidade de pacificar o Partido Republicano e o perfil de Romney, porém, acarretam apoios para sua nomeação. Outros candidatos em consideração para chefiar a diplomacia norte-americana incluem o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, o general David Petraeus e o senador republicano Bob Corker, do Tennessee.

Não seria a primeira vez que Mitt Romney muda de ideia. O político é famoso por adaptar suas opiniões sobre temas como aborto e casamento gay conforme sua audiência, além de haver mentido publicamente em diversos ocasiões. Talvez seja o momento de Romney questionar se seu comportamento e seu apoio a Trump não são também “extraordinariamente perigosos para o coração e o caráter da América”.