Mórmons Celebram Natal Com Reserva?

Presépios nos jardins de templos, festas natalinas em alas e ramos, campanhas publicitárias multimilionárias de Natal. Essas ações mostram que mórmons celebram o Natal com tanta ou maior dedicação do que as demais igrejas cristãs. Pelo menos, essa é a percepção de não mórmons e da maioria dos mórmons. No entanto, qual dos nossos leitores nunca escutou, numa aula ou conversa informal, que somente a Igreja SUD sabia a verdadeira data do nascimento de Cristo?

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A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias publicou em uma de suas revistas oficiais um artigo escrito por um de seus professores de Doutrina e História da Igreja respondendo à pergunta: “Se Cristo nasceu na primavera, por que nós celebramos o Natal em dezembro?”. Essa resposta publicada em 1974 talvez surpreenda nossos leitores. E muito provavelmente não é o tipo de conteúdo que estaria numa revista oficial da Igreja em 2016.

“Primeiro vamos rever como nós sabemos que o Salvador nasceu em abril. Como dirigido por revelação, a Igreja foi organizada em 6 de abril, 1830 (terça-feira), que era “mil e oitocentos e trinta anos desde a vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo na carne” (D & C 20:1). Assim, agendamos sessões da conferência geral em 6 de Abril de cada ano; não estamos apenas marcando o aniversário da organização da Igreja, mas estamos comemorando o nascimento do Senhor também.

O Livro de Mórmon dá testemunho semelhante. Os nefitas datavam seus calendários a partir do momento do nascimento de Cristo (Ver 3 Ne. 2: 8). Em seguida, o sinal da crucificação de Cristo foi dado “no trigésimo quarto ano, no primeiro mês, no quarto dia do mês” (3 Ne 8: 5). Este significava que a vida mortal de Jesus Cristo durou quase exatamente 33 anos e, portanto, seu nascimento e crucificação ocorreu aproximadamente na mesma época do ano. Este teria sido o início da primavera, porque o Novo Testamento indica que Cristo foi crucificado na época da Páscoa, que cai nessa parte do ano.

Os estudiosos da Bíblia geralmente concordam que Jesus não nasceu no inverno.

“Não poderia … ter caído em janeiro ou dezembro, uma vez que nesta época do ano, os rebanhos não são encontrados em campos abertos durante a noite. … Além disso, um censo que faria viajar necessário, não teria sido encomendado nesta temporada.”

Bem, então, por que nós celebramos o Natal em dezembro? A resposta está nos primeiros séculos, quando missionários primeiro levaram o cristianismo aos povos do norte da Europa. O Papa Gregório (590-604 AD) instruiu esses missionários: “Lembre-se de não interferir com qualquer crença ou prática religiosa tradicional que possa ser harmonizada com o cristianismo”. Tais instruções abríram a porta para muitas idéias e práticas pagãs foram introduzidos no cristianismo. A observância do Natal fornece vários exemplos.

25 de dezembro era o cerne do festival europeu de meados de inverno no norte. Havia uma superstição temerosa de que como dias de outono tornavam-se mais e mais curtos, que o sol poderia desaparecer em algum momento completamente abaixo do horizonte sul e nunca mais voltar. A cada ano, a vinda do solstício de inverno dissipava esse medo, e o povo se alegrava que o sol novamente voltava a aquecer as suas terras do norte. Os primeiros missionários cristãos escolheram associar esta celebração pagã importante com o nascimento de Cristo.

“A árvore de Natal foi um substituto para os carvalhos sagrados e outras árvores utilizadas em ritos pagãos … interpretando os pinhos como o símbolo do Cristo eterno, no lugar das árvores que desfoliavam de paganismo. As luzes verde, dourada e vermelha que os pagãos utilizavam nas respectivas árvores para persuadir o deus-sol para retornar, foram re-interpretadas para representar o incenso, ouro e a mirra que os magos levaram a Jesus.”

Assim, como a Enciclopédia Britânica conclui, a observância de Natal “é realizada com os costumes seculares, muitas vezes extraídas de fontes pagãs.”

Alguns podem perguntar se estamos errados em comemorar o Natal em dezembro. Na verdade, deveríamos pensar sobre o Senhor e Sua missão o ano todo, incluindo o 25 de dezembro.  Talvez nossa maior preocupação deva ser como, em vez de quando, comemoramos o nascimento do Salvador. Em uma mensagem de Natal, a Primeira Presidência aconselhou-nos:

“… Que o verdadeiro espírito de Natal repouse sobre cada um de nós nesta temporada. Que possamos ajudar a inverter a tendência para a comercialização bruta do Natal reunindo nossas famílias ao nosso redor e lendo e refletindo sobre a bela história de Seu nascimento. Que possamos demonstrar nosso amor pelos outros, não só com os presentes e mensagens consideradas, mas também com expressões de amor e bondade. Que possamos demonstrar nosso amor por Deus adorando-O em espírito e verdade e obedecendo Seus mandamentos “.

Membros da nossa família já tentaram se lembrar de forma mais adequada de Cristo compartilhando o verdadeiro espírito do Natal com os outros, recriando os eventos que cercaram o nascimento de Jesus, como descrito nos capítulos iniciais de Mateus e Lucas. Nós também temos desfrutado de uma noite especial em casa lendo a história do Natal na Bíblia e cantando canções.”

Você acha que existe ainda hoje essa reserva em relação ao Natal? Quão difundida é a crença de que Jesus tenha nascido no dia 06 de abril? Qunto debate há sobre a natureza sagrada ou mundana do Natal?


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33 comentários sobre “Mórmons Celebram Natal Com Reserva?

  1. Gosto dessa explicação em um post passsado que diz:

    Essa afirmação sobre o dia 06 de abril se origina numa leitura “forçada” de D&C 20:1, onde se fala de 1830 anos “depois da vinda de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo na carne”. A referência a 1830 anos após o nascimento de Cristo foi provavelmente uma opção estilística de Joseph Smith e/ou do indivíduo que redigiu o texto da revelação, algo muito próprio da época, tal como “no ano de nosso Senhor” ou a antiga expressão latina “anno domini”. Ou seja, mesmo que o redator acreditasse que o nascimento de Cristo havia ocorrido no ano I, a introdução da seção 20 apenas relembra de que se trata do ano 1830 da era cristã. E de acordo com Orson Pratt: “Se eu fosse celebrar o Natal ou o aniversário de Cristo, deveria voltar um pouco menos de trinta e três anos a partir de sua crucificação, e isso levaria à quinta-feira, dia 11 de abril, como o primeiro dia do primeiro ano da verdadeira era cristã.” (Journal of Discourses 15:262)

  2. Penso que os cristãos deveriam banir tal festividade de seus calendários e a consequente pratica. Primeiro pelos motivos já destacados na matéria acima ou seja, sua origem totalmente pagã e o simples fato do relatos dos pastores estarem ao ar livre à noite em dezembro, o que não corresponde. Uma pesquisa mais aprofundada sobre a origem dessa celebração, acrescentaria mais dados que faria um cristão sincero se envergonhar por todos os anos que comemorou o natal. Outro fator histórico é que os cristão primitivos ignoravam o dia do nascimento de Jesus dando mais relevância a ordem de Jesus de celebrar sua morte por meio do que muitos chamam de santa ceia,sacramento etc .O nascimento de Jesus passou a ser comemorado depois do século IV e sacramentado pelo que os mórmons chamam de “a grande e abominável igreja”. Interessante que a data da morte de Jesus é muito fácil se indentificar na Bíblia, o dia 14 de nisã do antigo calendário judaico ou seja, Jesus morreu no dia da Páscoa judaica. Esse calendário era baseado nas fases da lua e o mês correspondente à Páscoa no nosso calendário atual corresponde entre março e abril, daí é só ver a fase da lua corresponde a páscoa e temos o dia da morte de Jesus. Outra coisa importante é que os judeus pelo menos até um tempo depois da destruição de Jerusalém em 70 dc, consideravam a pratica de comemorar aniversário natalicio, como uma pratica pagã, reservada a deuses falsos e depois adotada por reis e imperadores pagãos. E não é coincidência que 25 de dezembro era o dia do nascimento do deus romano, o Sol Invictus. E uma última coisa que reforça sobre a tradição pagã de comemorar aniversários é que os dois únicos aniversários registrados na Bíblia são de duas pessoas que não adoravam ao Deus verdadeiro, que são o faraó do Egito de Gênesis capítulo 40, e do rei Herodes em Mateus 14 e Marcos 6. Em ambos os casos houve muita festa,bebida e comilança e mortes decretadas pelos aniversariantes, uma do padeiro de faraó e a outra de João Batista. Pensemos no livro de Atos dos apóstolos de Jesus, quantos anos após a morte e ressurreição de Jesus estão contidos nesse relato e em nenhuma vez se fez referência a uma comemoração do nascimento de Jesus ou a data do seu nascimento. Sempre foi destacado a morte de Jesus com de real importância para os cristãos.
    Podemos comparar o natal com toda sua boa intenção mas recheado de paganismo, com o israelitas que fizeram um bezerro de ouro para adorar e até fizeram uma festa grande por isso. Neste dia Arão disse que era uma festa para o Senhor e o povo declarava que ali estava o Senhor( Jeová ou Javé) que os tirou da terra do Egito. Em fim, esses israelitas foram condenados por Deus por adorarem a Ele de uma forma pagã. – Êxodo capítulo 32.

    • Não vi na sua exposição nenhum motivo de ordem racional para se deixar de comemorar natalícios.

      A origem pagã do natal pode ser comparada a origem pagã de várias festas judaicas, dos sacrifícios de animais, da circuncisão, do sábado, etc.

      Com todo respeito, imaginar uma religião que venha do nada, sem sincretismos, é exibir completa ignorância do vem a ser o fenômeno religioso.

      • Ainda bem que temos forte influência pagã no natal. Por isso se fala tanto na “magia” do natal:

        [Vídeo]

        Há quem veja no natal um “insulto” a Deus.

        Deus, dai-me paciência com esses fundamentalistas, porque se me deres força…

      • Quintinomelo, respeito sua opinião. No entanto, não estamos falando sobre as origens dessa ou aquela religião,algo que poderíamos discutir em outra oportunidade. Aqui se discuti a incompatibilidade ou não de dita celebração com o cristianismo descrito nas escrituras. O que fiz foi mostrar o contraste dos elementos que fazem parte do natal com o que a Bíblia relata desses mesmos elementos. O que eu não vejo racional é a sua atitude debochada e arrogante como que querendo mostrar que é uma pessoa inteligente e racional. Pelo que me parece você é um espiritualista. No entanto está muito longe dos espíritos evoluídos que você supostamente crê .

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