Completaram-se, no último sábado, 171 anos do martírio de Joseph e Hyrum Smith, assassinados por milicianos que invadiram a cadeia de Carthage. Ao contrário do almejado, as mortes dos irmãos Smith não destruíram o mormonismo. No entanto, mudariam para sempre a história daquele jovem e radical movimento religioso.
Assim como o próprio Joseph Smith desejava viver e liderar o êxodo mórmon, tampouco os membros da Igreja contavam com a morte repentina de seu Profeta e Patriarca. A nova religião americana ficou dividida entre diferentes alternativas de sucessão.
Para mim, há muito que lamentar na morte abrupta de Joseph e Hyrum. Mas também celebro a coragem e persistência dos seus contemporâneos que levaram adiante o que consideravam ser o seu legado. Esse legado, obviamente, foi sendo reinterpretado, de forma que na maior denominação mórmon, tanto as escrituras, quanto as ordenanças e a hierarquia foram mudadas em maior ou menor grau.
Enquanto muitos ensinamentos de Joseph são desconhecidos dos membros da Igreja SUD, o ofício do Patriarca Hyrum (D&C 124:124) – que deveria continuar sempre entre seus descendentes – nem sequer existe mais na Igreja.
Iniciativas como o Joseph Smith Papers e os ensaios sobre temas históricos no site lds.org são excelentes e seus frutos deveriam chegar à realidade cotidiana de membros ao redor do mundo, em suas alas e ramos, ou na revista Liahona.
A adulteração, em anos recentes, de textos de Joseph Smith em português mostra que a situação local é ainda mais preocupante.
Não pretendo adorar o passado. O que defendo é um cuidado maior com a ideia de uma continuidade da restauração. E, claro, mais informação sendo disponibilizada e uma maior sinceridade na maneira como lidamos com a história, mesmo num contexto devocional.
Vozes Mórmons 
Oportuno, irmão Trevisan, o seu post sobre os legados de Joseph e Hyrum. Pois, como sabemos, um conjunto de peças escriturísticas e outros documentos — além de propriedades — permaneceram com os seguidores de outros líderes que decidiram não acompanhar Brigham Young naquilo que chamo de “Grande Cisma” e acabaram organizando outras igrejas. Essas peças não são utilizadas na formação doutrinária da IJCSUD, o que me parece muito grave para os fundamentos daquilo que acreditamos como correto e “perfeito”. Em outras palavras, a IJCSUD é um reflexo histórico dessa luta pelo poder e, por todas as razões possíveis e imagináveis, o fato dela ser hoje a maior entre aquelas que se reivindicam da tradição mórmon não aconselha juízos de valor negativos sobre as demais. Para mim, denominações como a Igreja Reorganizada de JC dos SUD (Comunidade de Cristo) e a Igreja Fundamentalista de JC dos SUD são como membros de uma mesma família que espero um dia ver reintegrada quando isto for possível. Por enquanto, torçamos para que pelo menos nos sejam revelados os conteúdos verdadeiros daquilo que Joseph e outros desejaram nos transmitir.
Concordo, Friederick. Judeus de diferentes origens étnicas e diferentes visões religiosas não disputam a judaicidade um dos outros. Talvez nós devêssemos aprender a reconhecer o mormonismo um dos outros.
Acredito que as igrejas SUD, FSUD, e Comunidade de Cristo são três recortes diferentes da obra de Joseph Smith e, como tais, incompletas. Talvez o mesmo possa ser dito das outras dezenas de denominações mórmons. Mas todos – especulo – talvez façam parte de uma posteridade espiritual de Joseph Smith.
Ótimo artigo sobre o profeta e seu irmão. É interessante mesmo que Joseph havia planejado um sucessor e que a morte dos dois mudou para sempre a história da Igreja e da pequena cidade de Carthage-Illinois