Igreja Mórmon Modifica Garments

Maior mudança nas vestes sagradas do templo desde a década de 1920

Na semana passada, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias lançou novos modelos de garments, as vestimentas religiosas usadas por membros que receberam a cerimônia da investidura. Os lançamentos trazem tecidos mais elásticos e mangas menores para o público feminino.  Alguns modelos masculinos e femininos, antes disponíveis nos EUA, também foram descontinuados, como os garments de peça única. Porém, a maior e mais inusitada inovação nas vestes mórmons está na confecção das suas quatro marcas sagradas.

Ao invés de bordadas de forma visível no exterior da peça, as marcas são impressas no avesso, de forma a não serem visíveis de fora. Além disso, devido à impressão, os novos garments têm “validade” prevista de um ano. Na compra dos novos modelos, membros SUD recebem a seguinte explicação:

Foi aprovada uma aplicação atualizada das marcas sagradas. Elas são agora impressas no interior do garment, permitindo que sejam vistas por quem o veste enquanto reduz sua visibilidade externa e aumenta o conforto do seu usuário.

As marcas são usadas para durarem mais do que o garment em condições normais de lavagem e uso (aproximadamente 50 lavagens ou um ano de uso).

Cartão inserido na embalagem dos novos garments SUD, comercializados nos EUA, traz explicações em inglês e espanhol.

História dos garments

O uso de roupas com símbolos associados à investidura foi introduzido sob a direção do Profeta Joseph Smith em 1842 em Nauvoo, Illinois. Há evidências de que os primeiros modelos confeccionados fossem constituídos por uma camisa e uma calça. Posteriormente, os primeiros iniciados do Quórum dos Ungidos passaram a adotar uma peça única, como pode-se ver neste exposé publicado em 1879 pelo jornal The Salt Lake Tribune.

O modelo de peça única era similar ao chamado union suit, roupa íntima comum nos Estados Unidos à época. Muitos mórmons fundamentalistas hoje usam exclusivamente o garment longo de peça única.

As marcas sagradas, originalmente cortadas no tecido durante a investidura e posteriormente bordadas pelo iniciado, incluíam o esquadro e o compasso, tradicionais símbolos maçônicos.

A obtenção ou confecção de garments era originalmente uma responsabilidade individual para mórmons do século 19. Já no século 20, em Utah, surgiram empresas privadas que ofereciam garments, com ou sem as marcas sagradas, e competiam entre si no mercado santo dos últimos dias. As opções de escolha estavam nos tecidos (algodão, lã, seda, etc) e mesmo nas cores (branco, bege, pêssego, etc).

Anúncio da empresa The Reliable (“A Confiável”) publicado na década de 1920 em periódicos da Igreja SUD.

Em 1923, o então Presidente da Igreja SUD Heber J. Grant approvou mudanças nas vestimentas sagradas, possibilitando o uso de mangas e pernas curtas, ainda que mantendo a peça única. Foi somente na década de 1970 que a Igreja SUD passou a incentivar o uso dos garments de duas peças (camiseta e shorts) e desincentivar o estilo tradicional.

Monopólio eclesiástico

Na década de 1930, a Igreja adentrou o mercado de garments com sua empresa Beehive Clothing Mills, em Salt Lake City, gradualmente instituindo o monopólio da confeccção e comercialização.

A expansão mundial mórmon e a construção de templos em outros países também implicou na maior demanda de roupas sagradas. A logística e custos de exportação colocaram um fim na produção exclusiva de garments na capital de Utah.

Em 1980, afirma o historiador D. Michael Quinn em seu mais recente livro sobre as finanças SUD, a Beehive Clothing Mills já possuía “fábricas auxiliares em Hunter, Utah; Manchester, Inglaterra; Cidade do México, México; e São Paulo, Brasil”.

Cartão inserido na embalagem dos novos garments SUD, comercializados nos EUA, traz explicações em inglês e espanhol.

Ainda não sabemos quando os novos modelos com as marcas impressas estarão disponíveis aos membros SUD no Brasil.

 

18 comentários sobre “Igreja Mórmon Modifica Garments

  1. Uma coisa que acho interessante sobre a liderança da Igreja é como eles decidem o que deve ser feito sem ao menos analisar as situações e consultar as lideranças e membros de outros lugares que tem diferentes culturas ou sub-culturas e situações.

    Hoje eles anunciam essa mudança do garment, mas nem ao menos consultaram a opnião dos outros membros e lideranças para chegar a essa decisão. O garment é só um exemplo do que tange ao assunto decisão de liderança, mas outros exemplos.

    Aonde eu resido era comum os membros pagarem dízimo diretamente ao bispado, então eles temporariamente disseram aos membros para pagar o dízimo no correio. O que ocorre que nesse meio tempo houve um número consideravel de queixas de membros que isso expunha eles em uma situação de vergonha considerando o fato que não vivemos em um país “cristão”. Mesmo assim decidiram fazer isso sem ao menos ouvir os membros.

  2. Não há problema algum das pessoas saberem ou verem os garments , os propósitos deles continuam os mesmos , é só estudar mais um pouquinho

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