Raramente vê-se artigos decentes sobre o mormonismo na imprensa de língua portuguesa. Sendo assim, quando encontramos um, fazemos questão de chamar atenção a ele.

A Montanha de Granito é uma rocha maciça no cânion Little Cottonwood, na cadeia montanhosa de Wasatch em Utah, a poucos quilômetros de Salt Lake City, e onde a Igreja armazena bilhões de imagens em microfilmes.
O site dedicado à tecnologia e cultura digital Motherboard, do grupo canadense Vice Media, publicou um excelente artigo sobre os aspectos técnicos e culturais da prática mórmon de fotografar, digitalizar, e arquivar registros pessoais para a criação de um acervo ímpar genealógico.
O jornalista do Motherboard, Cláudio Rabin, explica o interessante e laborioso processo como a Igreja SUD negociou com o Arquivo Público de São Paulo para salvar décadas e décadas e centenas de milhares de livros cartorários em condições precárias e em variados estados de deterioração, a um impressionante custo não inferior a R$ 22 milhões. Reporta ainda que a Igreja avança a largo passos em projetos semelhantes em 17 dos 27 estados brasileiros.
Rabin discute inclusive, além das hábeis explicações técnicas e tecnológicas, a teologia mórmon que motiva tamanho esforço e justifica tanto investimento, elaborando nas questões de selamento e casamento eterno, e até mencionando as famosas controvérsias de batismos de celebridades e vítimas do Holocausto que já renderam pesadelos de relações públicas e obrigaram mudanças nas políticas internas da Igreja.
Além da competente, e bem informada, exposição dos esforços genealógicos mórmons, Rabin ainda cita, embora tangencialmente, a questão que nós levantamos em 2011 e 2012 da enorme discrepância entre os dados demográficos de membros divulgados pela Igreja e a realidade estatística analisada pelo IGBE (pelos censos de 2000 e 2010, respectivamente).
Tudo tido, é um excelente, bem pesquisado, e informativo artigo sobre um aspecto do mormonismo publicado recentemente na língua portuguesa. Recomendamos sua leitura integral [clicar aqui] a todos interessados no mormonismo e em genealogia.
Como Rabin menciona apenas brevemente, até porque vai além do foco brasileiro de sua pesquisa, todas as imagens que a Igreja digitaliza (ou microfilmava no passado) são arquivadas no famoso e gigantesco cofre das montanhas rochosas (além das cópias entregues para os detentores dos arquivos originais). De acordo com o site oficial da Igreja SUD:
“A maior coleção de registros genealógicos no mundo está alojada em um cofre seguro, localizado nas montanhas perto de Salt Lake City, Utah. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias construiu o Cofre de Registros da Montanha de Granito em 1965 para preservar e proteger registros de importância para a Igreja , incluindo a sua vasta coleção de microfilmes de história da família.”
Embora não haja visitações públicas ao sítio, a Igreja está digitalizando suas 3,5 bilhões de imagens em microfilme para disponibilizá-las no site FamilySearch.org.
Assista um tour virtual do cofre gigantesco aqui:
Assista um tutorial de como utilizar as ferramentas disponibilizadas no site aqui:
E, para concluir, é importante notar o contexto histórico da evolução da teologia mórmon que culminou na crença em “famílias eternas” que tanto motiva os presentes esforços genealógicos. Nada disso existiria se não fosse a introdução de poligamia no mormonismo [ver, por exemplo, aqui e aqui].
E volta no que a ABEM sempre questiona, gasta rios em genealogia e só 40 bilhões em caridade!
O apóstolo Paulo já deixou claro que longas genealogias é pecado.
Parabéns ao Site! Em outro post eu falei que o site só falava mal da igreja, e perguntei quando ia ter alguma matéria positiva e eis ai!
Também achei muito interessante a Série profetas Sud! Espero que continue!