“Tive um sonho na noite de sexta de que havia sido demitido do meu cargo como Historiador da Igreja”, escreveu Leonard J. Arrington em 11 de setembro de 1972. “Isso pode ter sido provocado”, concluiu com humor, “por comer demais frango assado e/ou por um telefonema que recebi”.
Leonard J. Arrington (1917-1999) foi o primeiro não-Apóstolo, e até hoje o único não-Autoridade Geral, chamado para o ofício de Historiador da Igreja desde a instituição de tal chamado eclesiástico por Joseph Smith em 1842. Arrington ainda teve um trabalho fundamental na orientação de uma nova geração de historiadores mórmons até sua aposentadoria como Professor e Chefe de Departamento da Universidade Brigham Young (BYU).

Capa do primeiro volume de “Confissões de Um Historiador Mórmon”, editado por Gary Bergera. | Imagem: Cortesia de Signature Books.
A liberdade acadêmica e intelectual proposta por Arrington não passou, porém, incólume. Alguns Apóstolos, como Ezra Benson, Bruce McConkie, Mark Petersen, e Boyd Packer fizeram feroz oposição ao seu trabalho, até que em 1982, ele foi desobrigado em reunião privada e seu novo substituto anunciado em Conferência Geral alguns meses depois, sem quaisquer menções ou votos de agradecimento a Arrington.
Os diários de Arrington, recém-publicados em três volumes pela editora Signature Books, trazem ricos detalhes do exercício de sua função, bem como de seus sentimentos pessoais como Historiador da Igreja entre os anos de 1971 e 1982. Parte de suas memórias incluem as interações e tensões com as Autoridades Gerais da Igreja SUD.
Nesta entrada de seu diário, de setembro de 1976, Leonard J. Arrington escreve sobre seu dilema entre permanecer no cargo e submeter a narrativa de fatos históricos à correlação das Autoridades Gerais ou resignar e prosseguir na busca da história mórmon “real”. Arrignton ainda confessa seu temor acerca das ideias do então Apóstolo Sênior, e primeiro na linha de sucessão presidencial, Ezra Taft Benson (o qual assumiria a Primeira Presidência cerca de três anos após a desobrigação de Arrington):
É claro que o presidente [Ezra Taft] Benson não defenderá nossa história “real”. E como ele é o próximo na linha e o presidente dos Doze, estamos em uma posição impotente e ninguém quer considerar o nosso próprio raciocínio. Nós temos certos membros dos Doze que falarão a nosso favor, caso autorizados a fazê-lo: Elder Ashton, Elder Hunter, Elder Haight. Talvez outros. Existem outros (por exemplo, Elder Packer) cujos discursos no dois ou três anos passados sugerem que ele concordaria com a crítica. A pergunta comigo é: devo manter o trabalho [como Historiado da Igreja] (assumindo que não me desobriguem) e tentar escrever uma história que será aprovada pela correlação[?]. Ou devo renunciar e continuar escrevendo “história real”[?]. – Diário de Leonard J. Arrington, 06 de setembro de 1976.
Apesar de tais conflitos, e do medo de algumas Autoridades Gerais, não é possível subestimar o impacto de Arrington sob os estudos do mormonismo. Sob a égide do Apóstolo Howard W. Hunter, Arrington transformou o campo acadêmico para historiadores mórmons ao abrir os arquivos históricos da Igreja para pesquisa. Durante uma década, Arrington estimulou e fomentou uma verdadeira revolução nos estudos mórmons à era popularmente chamada de “era de ouro em historiografia mórmon” ou “nova história mórmon”.
Caro hein?!
Essa Igreja é muito burra. Libera acesso aos documentos que vão provar suas atrocidades. Se fossem espertos queimavam todos os documentos.
É triste ver que essa técnica de tentar esconder seu passado é usado o tempo todo desde os Mórmons até Governos.
Tivemos um caso recente em que noticiaram: um presidiário passou em primeiro lugar no vestibular. Porém, logo descobrimos que se tratava de um pedófilo branco que entrou pela cota para negros!
É bom ver a máscara cair com uma dose da verdade!
Resta saber quais “atrocidades” esse homem vai “confessar” em 2500 páginas.
Quem tiver a coragem de pagar quase 600 reais vai descobrir.