O Historiador da Igreja entre 1972 e 1982, Leonard J. Arrington, anotou em seu diário algumas observações pessoais sobre como ele enxergava os bastidores da administração eclesiástica da Igreja SUD, o exercício de poder entre Autoridades Gerais e os medos que regiam as reações da liderança da Igreja.
Arrington foi o primeiro não-Apóstolo, e até hoje o único não-Autoridade Geral, a ser chamado para o ofício de Historiador da Igreja desde quando Joseph Smith chamou Willard Richards em 1842 para a posição.
Sob a égide do Apóstolo Howard Hunter, Arrington transformou o campo acadêmico para historiadores mórmons ao abrir os arquivos históricos da Igreja para pesquisadores. Durante uma década, Arrington estimulou e fomentou uma verdadeira revolução nos estudos mórmons à era popularmente chamada de “era de ouro em historiografia mórmon” ou “nova história mórmon”.
Essa liberdade acadêmica e abertura intelectual não passou, porém, incólume. Alguns Apóstolos, como Ezra Benson, Bruce McConkie, Mark Petersen, e Boyd Packer fizeram feroz oposição ao trabalho de Arrington, até que em 1982, ele foi desobrigado em uma reunião secreta privada e seu novo substituto anunciado em Conferência Geral alguns meses depois, sem quaisquer menções a Arrington. Inclusive, ele foi o único Historiador da Igreja a ser desobrigado sem votos de gratidão pela Igreja em conferência.
Arrington, contudo, permaneceu inabalavalmente fiel e ativo na Igreja pelo resto da vida, e ainda mais importante, produzindo e orientando uma nova geração de historiadores até sua aposentadoria como Professor e Chefe de Departamento da BYU.
Entre esses o autor da melhor biografia de David O. McKay, historiador Gregory Prince, que publicou esse ano uma biografia de Leornard Arrington: Leonard Arrington and the Writing of Mormon History. É desta biografia, por exemplo, que descobrimos uma página do diário de Arrington, onde ele lista mudanças que julgava serem necessárias e cruciais para alterar aspectos nocivos e perniciosos dentro da instituição da Igreja SUD.

Diário de Leonard Arrington, com seu retrato ao fundo. (Foto: Scott Sommerdorf l The Salt Lake Tribune)
O diário está sendo preparado para publicação, com previsão para março de 2017. A editora Signature Books lançou um teaser com o trecho mencionado no topo do artigo, de observações anotadas em julho de 1972:
“A Igreja se move como um iceberg em seus processos de tomada de decisões. Tão vagarosa, tão cuidadosa, tão cautelosamente. Nenhuma decisão é tomada a menos que tenha que ser tomada. Eles não respondem perguntas a menos que o tenham que fazer imediatamente. As Autoridades Gerais cortam as asas de homens ambiciosos ([e.g., Apóstolo Alvin R.] Dyer); e pensadores destemidos ([e.g., Apóstolo e ex-Conselheiro na Primeira Presidência Hugh B.] Brown). As Autoridades têm, na verdade, muito pouco poder. Eles são, em essência, meros rapazes mensageiros. As decisões verdadeiras são tomadas por apenas três ou quatro pessoas — os membros da Primeira Presidência que estão dispostos a exercer [poder] ([e.g., Presidente Harold B.] Lee), e talvez um ou dois dos Apóstolos que estejam dispostos a exercer [poder] ([e.g., Apóstolo Marion G.] Romney).
A Igreja sofre com o efeito bumerangue de críticas. Ela não tolera críticas dentro da Igreja, então é ele anormalmente sensível a críticas que vem de fora da Igreja. Ela não permite votos diretos aos cargos oficiais da Igreja, sejam locais ou gerais; Ela não permite uma imprensa livre; Ela se esforça para suprimir uma imprensa livre; Então as poucas críticas que surgem a atingem com um efeito ampliador; Portanto, ela é extremamente cautelosa.”

Trecho do diário de Leonard J. Arrington, em preparação para publicação pela Signature Books
Precisamos conhecer mais sobre Leonard, seus escritos e seus pensamentos. Um membro fiel da IJCSUD, extremamente corajoso, e principalmente, um pesquisador da verdade. É uma pena que o acesso à biografia dele por parte de nós, membros, ficará limitada devido a barreira do idioma.
Ótimo conteúdo. Hoje percebo que foi a melhor decisão sair desse ilusionismo Mórmon.
Tem razão. Pode ser que os bastidores de outra igrejas não devam ter problemas, devam ter homens honestos, humildes , sinceros, e toda sorte de qualidade que se conheça no ser humano. Me indica a igreja que estou ja pronto pra frequenta-la.
Tô nessa também quero ir…mudo de igreja num piscar de olho.Sempre estou buscando uma fé maior e melhor com riquezas de luz e verdade.